São Nuno de Santa Maria

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. (…) Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;

Nascido em 1360, Nuno Álvares Pereira foi educado nos ideais nobres da Cavalaria medieval, no ambiente das ordens militares e depois na corte real. Tal ambiente marcou a sua juventude. As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em D. Nuno o exímio chefe militar, estratégia das batalhas dos Atoleiros, de Aljubarrota e Valverde, vencidas mais por mérito das suas virtudes pessoais e da sua táctica militar do que pelo poder bélico dos meios humanos e dos recursos materiais.

Casou com D. Leonor Alvim de quem teve três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz, que viria a casar com D. Afonso, dando origem à Casa de Bragança. Tendo ficado viúvo muito cedo e estando consolidada a paz, decidiu aprofundar os ideais da Cavalaria e dedicar-se mais intensamente aos valores do Evangelho, sobretudo à prática da oração e ao auxílio dos pobres. Assim, pediu para ser admitido como membro da Ordem do Carmo, que conhecera em Moura e apreciara pela sua vida de intensa oração, tomando o profeta Elias e Nossa Senhora como modelos no seguimento de Cristo.

De Moura, no Alentejo, vieram alguns membros da comunidade carmelita, para o novo convento que ele mesmo mandara construir em Lisboa. Em 1422, entra nesta comunidade e, a 15 de agosto de 1423, professa como simples irmão, encarregado de atender a portaria e ajudar os pobres. Passou então a ser Frei Nuno de Santa Maria. Depois de uma intensa vida de oração e de bem-fazer, numa conduta de grande humildade, simplicidade e amor à Virgem Maria e aos pobres, faleceu no convento do Carmo, onde foi sepultado.

Logo após a sua morte começou a ser venerado como santo pela piedade popular. As suas virtudes heroicas foram oficialmente reconhecidas pelo Papa Bento XV, que o proclamou beato, em 1918, passando a ter celebração litúrgica a 6 de novembro.

Virtudes e valores afirmados na vida de Nuno Álvares Pereira

D. Nuno Álvares Pereira não é apenas o herói nacional, homem corajoso, austero, coerente, amigo da Pátria e dos pobres, que os cronistas e historiadores nos apresentam. Ele é também um homem santo. A sua coragem heroica em defender a identidade nacional, o seu desprendimento dos bens e amor aos mais necessitados brotavam, como água da fonte, do amor a Cristo e à Igreja. A sua beatificação, nos começos do século XX, apresentou-o ao povo de Deus como modelo de santidade e intercessor junto de Deus, a quem se pode recorrer nas tribulações e alegrias da vida.

Conscientes de que todos os santos são filhos do seu tempo e devem ser vistos e interpretados com os critérios próprios da sua época, desejamos propor alguns valores evangélicos que pautaram a sua vida e nos parecem de maior relevância e atualidade.

Os ideais da Cavalaria, nos quais se formou D. Nuno, podem agrupar-se em três arcos de ação: no plano militar, sobressaem a coragem, a lealdade e a generosidade; no campo religioso, evidenciam-se a fidelidade à Igreja, a obediência e a castidade; a nível social, propõem-se a cortesia, a humildade e a beneficência. Foram estes valores que impregnaram a personalidade de Nuno Álvares Pereira, em todas as vicissitudes da sua vida, como documentam os seus feitos militares, familiares, sociais e conventuais.

Fazia também parte dos ideais da Cavalaria a proteção das viúvas e dos órfãos, assim como o auxílio aos pobres. Em D. Nuno, estes ideais tornaram-se virtudes intensamente vividas, tanto no tempo das lides guerreiras como principalmente quando se desprendeu de tudo e professou na Ordem do Carmo. Como porteiro e esmoler da comunidade, acolhia os pobres de Lisboa, que batiam às portas do convento e atendia-os com grande humildade e generosidade. Diz-se que teve aqui origem a «sopa dos pobres».

Levado pela sua invulgar humildade, iluminada pela fé, desprendeu-se de todos os seus bens – que eram muitos, pois o Rei o tinha recompensado com numerosas comendas – e repartiu-os por instituições religiosas e sociais em benefício dos necessitados. Desejoso de seguir radicalmente a Jesus Cristo, optou por uma vida simples e pobre no Convento do Carmo e disponibilizou-se totalmente para acolher e servir os mais desfavorecidos. Esta foi a última batalha da sua vida. Para ela se preparou com as armas espirituais de que falam a carta aos Efésios (cf. Ef 6, 10-20) e a Regra do Carmo: a couraça da justiça, a espada do Espírito (isto é, a Palavra de Deus), o escudo da fé, a oração, o espírito de serviço para anunciar o Evangelho da paz, a perseverança na prática do bem.

Precisamos de figuras como Nuno Álvares Pereira: íntegras, coerentes, santas, ou seja, amigas de Deus e das suas criaturas, sobretudo das mais débeis. São pessoas como estas que despertam a confiança e o dinamismo da sociedade, que fazem superar e vencer as crises.

São Simão Stock

“Conduzi-lo-ei à solidão e falar-lhe-ei ao coração.”

Segundo a tradição, a Virgem Maria entregou o escapulário a Simão Stock no dia 16 de julho de 1251. Os documentos sobre a vida do santo carmelita são escassos e pouco rigorosos, mas sabe-se que nasceu na Inglaterra e conheceu os carmelitas, quando os frades deixaram o Monte Carmelo ocupado pelos muçulmanos e procuraram refúgio na Europa. Foi atraído pela espiritualidade carmelita, entrando na Ordem do Carmo que funda na Inglaterra.

Passados alguns anos, Frei Simão Stock teria sido eleito Prior Geral, favorecendo então a expansão da Ordem. Mas com dissabores derivados justamente desta rápida expansão, que gerou inimizades na Igreja. É neste contexto que Frei Simão Stock pediu a toda a Ordem que rezasse pela resolução dos problemas. Acudiram ao Céu e ao Papa. Nesse dia em que rezava a oração do «Flos Carmeli», apareceu-lhe a Virgem Maria que lhe entregou o Escapulário, dizendo que era o sinal da sua proteção para com os carmelitas e para quem o usasse. Pouco tempo depois, o Papa tomou a defesa dos carmelitas e concedeu-lhes uma vida adaptada à Europa, com a fundação de conventos junto de cidades e universidades. A tradição refere que Frei Simão Stock morreu em Bordéus, França, no 16 de maio de 1265.

No 750º aniversário da entrega do escapulário em 2001, S. João Paulo II escrevia estas palavras à Ordem Carmelita e à OCD: “Com o sinal do Escapulário, manifesta-se uma síntese eficaz de espiritualidade mariana, que alimenta a devoção dos crentes, fazendo-os sensíveis à presença amorosa da Virgem Maria na sua vida. O Escapulário é essencialmente um «hábito»… Quem se reveste do Escapulário introduz-se na terra do Carmelo, para «comer os seus frutos e saboreá-los» (Jr 2,7), e experimenta a presença doce e materna de Maria no seu compromisso diário de revestir-se interiormente de Jesus Cristo e de manifestá-lO vivo em si para o bem da Igreja e de toda a humanidade.”

Santo Elias

“Que fazes aqui, Elias?” Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo Senhor, Deus todo-poderoso” (IRs, 19, 14a)

Eliah ou Elias, cujo nome significa “o Senhor é o meu Deus”, é uma personagem emblemática que surge do nada a partir do livro bíblico de I Reis (17,1): não se sabe quem foram seus pais, como foi sua infância, sua vida, até vir à tona publicamente. Existiram no Reino de Israel, nos séculos IX e VIII a.C., grupos de profetas, e Elias teria sido uma de suas respeitáveis figuras. Após seu desaparecimento, tais profetas, influenciados por Elias, começaram a narrar seus feitos. As histórias do Profeta do fogo conservaram-se e difundiram-se, sobretudo, durante o Exílio. O povo estava sem esperança e se sentindo abandonado, e tais histórias ajudaram-no a entender o que ocorria, devolvendo-lhe a esperança naquele momento difícil. Sabe-se muito pouco sobre a pessoa do profeta e a base das histórias a seu respeito está em alguma fonte que contém sua vida e obras, mas o redator final do Livro de Reis não quis utilizá-la, somente relatou o que ali está descrito, ao qual a exegese bíblica chama de ciclo de Elias (I Re 17 – II Re 2,14).

Elias manteve a religião israelita viva, e as duas características principais do Profeta são fidelidade e criatividade. Foi totalmente fiel às tradições religiosas e à aliança que Deus fez com seu povo. Foi criativo nas questões religiosas, tornando Adonai presente na vida do povo e combatendo a Baal – deus reverenciado pelas chuvas e a fertilidade da terra. Depois de Moisés, Abraão e Davi, Elias é a figura do Antigo Testamento mais mencionada no Novo Testamento. Para os judeus, até os dias atuais, o profeta é uma figura viva; para os muçulmanos, é reverenciado com respeito; para os cristãos, um exemplo ao chamado de fidelidade e criatividade frente aos desafios atuais; para os carmelitas, ele é pai e modelo.

O profeta Elias, pai e inspirador da Ordem do Carmelo, tem grande importância para esta. Ele é invocado como Santo Elias Profeta e é celebrado em seu calendário santoral no dia 20 de julho. Os Carmelitas têm sua origem no Oriente, mais exatamente no Monte Carmelo, ao lado da gruta de Elias, na Terra Santa. Ao redor dela, entregaram-se à oração e ao silêncio e passaram por muitas vicissitudes; contudo, permaneceram à sombra desse seu pai espiritual, força inspiradora e dinâmica do Carmelo. Quando os carmelitas deixaram o Monte Carmelo, no século XIII, indo à Europa, foram construídas várias histórias míticas em torno deles. Uma dessas é a de Felip Ribot do século XIV: “Carmelitas, lembrem-se e, de algum modo, revivam a experiência do Profeta. Ele se escondeu no deserto em tempos de aridez e enfrentou o desafio dos falsos profetas de um ídolo morto, incapaz de dar a vida. Ele voltou ao Monte Horeb pelo deserto, para encontrar o Senhor de maneiras novas e inesperadas e para compreender que Deus está presente mesmo onde parece estar ausente. Os carmelitas compartilham da sede de justiça de Elias e sabem que são, como Eliseu, herdeiros do manto que caiu do céu, do carro envolto em chamas” (CHALMERS, p. 11).

Elias é o modelo de vida para todos aqueles que se sentem chamados à oração e à intimidade com Deus, com transbordamento no amor ao próximo: “Vive Deus em cuja presença estou!” (I Re 17,1) e “Eu me consumo de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos” (I Re 19,10). Na última citação bíblica, Zelo zelatus sum pro Domino Deo Exercitum, está o lema do Carmelo; tal lema, presente em seu atual brasão, demonstra a íntima relação dos Carmelitas com o grande Profeta Elias.

– Frei Washington Luís Barbosa da Silva, ocd

São Rafael de São José

“O mundo pode privar-me de tudo, mas sempre permanecerá um esconderijo inacessível: a oração.”

No dia 1 de setembro de 1835, em Vilna, Polônia, nasceu um menino a quem puseram o nome de José e o apelido de Kalinowski. Perdeu a mãe, com apenas dois meses de idade, vindo a conhecer ainda mais duas, pois seu pai casou três vezes. Às três chamou a mãe e amou-as com grande amor.

A sua vida e a sua fé desabrocharam à sombra do santuário carmelitano de Nossa Senhora de Ostra-Brama. Nos estudos, foi sempre aluno brilhante e de excelentes notas. Durante a sua juventude alastrou a perseguição czarista, assistindo então o jovem José a inúmeras execuções públicas e a deportações para a Sibéria. Aos 17 anos, aluno brilhante e bem considerado socialmente, José mergulha numa crise vocacional: deveria ter entrado para o seminário, mas não teve coragem. Especializou-se em Agronomia, Zoologia, Química, Apicultura, Línguas estrangeiras e entrou na Academia Militar, donde saiu graduado em tenente. Tenente e engenheiro. A vida sorria-lhe. Aos 24 anos. Voltou-se para Deus experimentando a intimidade profunda com Deus através da oração. Foi professor de matemática e Reitor do Colégio onde se tinha formado. E, com apenas 25 anos, foi promovido a Capitão do Estado Maior. Kalinowski dedicava-se, nesta altura, à adolescência e à juventude, orientando grupos de jovens que o admiravam.

Em 1863, a Polônia insurge-se contra a Rússia, e Kalinowski foi nomeado Ministro da Defesa da Lituânia, o que aceitou com a contrapartida de não haver condenações à morte. Estabeleceu o fim da insurreição, mas mesmo assim foi preso e condenado à morte, pena que acabaria por ser comutada para prisão perpétua, na Sibéria.

Tinha andado afastado de Deus nos últimos tempos, e esta amargura atraiu-o, de novo, para os braços do Pai. Ao confessar-se, mesmo sabendo-se prisioneiro condenado à deportação, sentiu uma paz profunda. Foi então que se deu a sua conversão, como mais tarde viria a reconhecer. No dia 29 de junho de 1864, depois de se ter despedido dos seus e do Santuário de Nossa Senhora, parte para o desterro com os seus companheiros de infortúnio, consagrando-se então à Virgem Maria. Não se podem descrever os sofrimentos daqueles homens. Muitos ficaram sepultados na neve… Kalinowski era para todos tão bom amigo que lhe chamavam Anjo de Deus, Consolador de todos. Nunca se queixava, por maiores que fossem os tormentos, e estava sempre pronto a esquecer-se de si para ajudar os outros. Os seus companheiros de martírio tinham-no como santo, por isso, rezavam a Deus pedindo no fim das orações, dizendo: “Pela oração de José Kalinowski, livrai-nos, Senhor”.

Comutaram-lhe a pena, pela segunda vez, para dez anos de degredo. Quando completou os nove, libertaram-no. Tinha aprendido o gosto e o hábito de rezar sempre e em todos os momentos, e de em Deus descansar o seu coração. Dizia então: “Mesmo que o mundo tudo me roube, deixar-me-á sempre um lugar de refúgio: a oração”.

Aos 39 anos de idade foi escolhido para preceptor do príncipe Augusto Czartoryski. Mas, José Kalinowski continuava tão insatisfeito como aos 17 anos.

Um dia, encontrou-se com a princesa Witoldowa, que se tinha feito carmelita. Ela convidou-o a fazer-se carmelita, a fim de ser ele o restaurador da Ordem na Polônia. Foi o acender duma luz divina que trouxe a felicidade e a paz ao coração inquieto daquele homem de 42 anos. Tomou o hábito do Carmo no dia 16 de julho de 1877, festa da Rainha do Carmo. Passou a chamar-se Frei Rafael de S. José. Nunca sentira maior felicidade, pelo que escreveu: «Bendito seja Deus que me trouxe a habitar debaixo do tecto hospitaleiro dos filhos da Senhora do Carmo». Foi ordenado sacerdote aos 47 anos. Fez tudo para difundir entre os polacos a espiritualidade da Ordem do Carmo: dizia: «Os carmelitas são os filhos primogênitos de Maria». Através dele a Ordem dos Carmelitas Descalços começou a florescer em inúmeras vocações que pediam o hábito. Mais uma vez, frei Rafael de S. José atraía os jovens, como na sua juventude. Em 1907, as suas doenças aumentam assustadoramente, como espelham as suas palavras: “Reze por mim, escreve numa carta, que pareço outro Lázaro”.

No dia 13 de novembro, recebeu os últimos sacramentos e deu a benção aos seus irmãos carmelitas que o rodeavam, enquanto rezava: “Senhor, ficarei saciado quando aparecer a vossa glória”. No dia 15, dia da Comemoração dos Defuntos da Ordem, adormeceu no Senhor dizendo: “Muito bem, agora vou descansar!” Tinha 70 anos, trinta como carmelita. Na guerra, no exílio, no convento, quando jovem, quando adulto e homem maduro, a vida de S. Rafael é claro farol que ilumina os nossos dias.

O seu túmulo tornou-se lugar de peregrinação onde o papa João Paulo II, seu compatriota que o canonizou, rezou muitas vezes.

Leitura das Exortações de S. Rafael de S. José

“Nada se recomenda tanto na Sagrada Escritura como a vida perfeita e santa. Já no Antigo Testamento, Deus nosso Senhor mandou ao seu povo: sede santos, porque eu sou santo”.

Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos foi dado pelo Pai eterno como formador, mestre e guia propôs-nos a imitação da santidade do mesmo Pai: «portanto, sede perfeito como o vosso Pai celeste é perfeito».

Pois bem, o que é preciso para chegar a ser santo e perfeito?

A isto respondem os doutores da Igreja, guias das almas e mestres do espírito: “se queres ser perfeito e santo cumpre os teus deveres com fidelidade”.

Certo dia, um padre do deserto respondeu a um jovem que lhe perguntava quais os livros que era preciso ler no caminho da santidade, o seguinte: «eu só conheço dois livros: o Evangelho que leio pela manhã e a Regra que leio à tarde. O Evangelho ensina-me a converter-me em discípulo de nosso Senhor Jesus Cristo; a Regra ensina-me a ser bom religioso. Isto me basta».

Apliquemo-nos à leitura das leis de Deus, para ajustarmos a elas a nossa vida. “Quando caminhes, guiar-te-ão; quando descanses, guardar-te-ão; ao acordares, falar-te-ão”. Essas leis acompanham-nos e orientam os nossos passos. Que elas estejam ao nosso lado durante o sono e nos ocupem o pensamento quando acordamos. A sua voz. Reconfortante ressoa convidando-nos a levantarmo-nos. Com elas triunfaremos das nossas indecisões e sacudiremos as resistências da natureza, sempre inimiga do esforço e do sacrifício e escravo do prazer. A ‘Lei da Vida’ nos ajudará a superar o medo diante dos perigos e a seguir o caminho da obediência com alegre disponibilidade. Que essa lei nos assista sempre com o seu conselho, para que possamos dar a Deus uma resposta leal com magnanimidade e decisão”.

ORAÇÃO

Ó Deus que destes a S. Rafael de S. José o espírito de fortaleza nas contrariedades da vida e lhe concedestes um extraordinário zelo apostólico e uma caridade profunda, fazendo-o promotor da unidade da Igreja, concedei-nos, por sua intercessão, sermos fortes na fé e constantes no amor fraterno, para assim colaborarmos generosamente na união de todos os fiéis em Cristo.

São Rafael Kalinosvik, rogai por nós!

São Luis e Zélia

“Sinto-me sempre muito feliz com Luis; ele me torna a vida bem suave. Meu marido é um santo homem; desejo um como ele para todas a mulheres (…)      Não me arrependo de me ter casado” Santa Zélia

Luís nasceu em 22 de agosto de 1823, em Bordeaux (França), e Zélia chegou ao mundo oito anos depois. Ambos cresceram em famílias militares e católicas.

Segundo a biografia publicada pela Santa Sé, o pai de Luís, Pierre-François Martin, era capitão do exército francês. Por isso, o futuro santo e seus quatro irmãos desfrutaram dos benefícios daqueles que eram filhos dos militares.

Depois que o pai se aposentou, a família se mudou para Alençon, em 1831. Lá, Luís estudou com os Irmãos das Escolas Cristãs. Ao completar sua formação, aprendeu o ofício de relojoeiro em várias cidades da França.

Os pais de Zélia Guérin eram exigentes, autoritários e rigorosos. Em uma de suas cartas a seu irmão Isidore, descreveu que sua mãe era “severa demais; era muito boa, mas não sabia como me dar carinho, então, eu sofri muito”. Também afirmou que sua infância e juventude foram “tristes como uma mortalha”.

Em sua biografia, a Santa Sé assinalou que Zélia era “inteligente e comunicativa por natureza” e que sua irmã Marie Louise era como uma segunda mãe.

A família de Zélia também se mudou para Alençon após a aposentadoria do pai, em 1844. Os Guérin passaram por muitas dificuldades econômicas, especialmente porque o caráter temperamental da mãe afetava o desenvolvimento de seus negócios.

A santa entrou no internato das irmãs da Adoração Perpétua, onde aprendeu a confeccionar o ponto de Alençon, uma das rendas mais famosas da época, e para se especializar entrou na “Ecole dentellière”. Com o seu trabalho, Zélia contribuiu para a economia familiar.

Tanto Luís como Zélia sentiram durante a juventude o desejo de se consagrar a Deus através da vida religiosa.

Quando tinha 22 anos, ele pediu para ser admitido no mosteiro do Grande São Bernardo, mas foi rejeitado porque não sabia latim. Zélia, por sua vez, queria fazer parte da Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, mas também não foi aceita. Deus tinha outros planos para eles.

Anos depois, Luís abriu uma relojoaria e Zélia abriu uma fábrica de rendas.

A Santa Sé indica que Luís gostava de pescar e jogar bilhar com seus amigos. Era muito reconhecido por “suas qualidades incomuns” e, até mesmo, lhe ofereceram a oportunidade de se casar com uma jovem da alta sociedade, mas ele recusou.

Luís e Zélia se encontraram pela primeira vez em abril de 1858 na ponte São Leonardo. Ela ficou impressionada com este “jovem de nobre fisionomia, semblante reservado e modos dignos”, e sentiu que uma voz interior lhe dizia que ele seria seu futuro marido.

Eles se apaixonaram e se casaram na noite entre 12 e 13 de julho do mesmo ano. O casamento civil foi realizado no município de Alençon, às 22h do dia 12, e o matrimônio religioso, à meia-noite, como era costume naquela época, na igreja de Nossa Senhora.

As cartas de Zélia refletem o amor que ela sentia por Luís: “Sua esposa que te ama mais do que a sua vida” e “Te abraço tanto quanto eu te amo”.

Ambos levaram uma intensa vida espiritual composta por Missa diária, oração pessoal e comunitária, confissão frequente e participação em atividades paroquiais.

Tiveram nove filhos, dos quais sobreviveram cinco meninas: Paulina, Maria, Leônia, Celina e Teresa. Transmitiram a todas o amor a Deus e ao próximo. Além disso, seus negócios não foram um impedimento para gastar tempo de qualidade com elas.

“Amo crianças com loucura, eu nasci para tê-las”, expressou Zélia em uma de suas cartas.

Em seu livro “História de uma alma”, Santa Teresa do Menino Jesus escreveu o seguinte sobre os momentos que compartilhavam juntos: “Quão alegres eram aquelas festas familiares!”.

No entanto, quando tinha 45 anos, Zélia descobriu que tinha um tumor no seio. “Se Deus quiser me curar, ficarei muito contente porque, no fundo do meu coração, desejo viver; o que me custa é deixar meu marido e minhas filhas. Mas, por outro lado, digo a mim mesma: se eu não me curar, é porque, talvez, seja mais útil que eu parta”, escreveu em uma carta.

A santa viveu esta doença com firme esperança cristã até a morte ocorrida em 28 de agosto de 1877, rodeada pelo seu marido e seu irmão Isidore.

Luís se mudou para Lisieux, onde Isidore morava, e a tia Celina o ajudou a cuidar de suas 5 filhas. Anos depois, todas se tornaram religiosas, quatro no Carmelo e uma na Visitação.

Seu maior sacrifício foi se separar de Teresa, a quem chamava de “sua pequena rainha”, e que entrou na vida religiosa aos 15 anos.

Luís contraiu uma doença que o debilitou até a perda de suas faculdades mentais. Foi internado no sanatório do Bom Salvador, em Caen.

Durante os períodos de alívio, ofereceu-se como vítima de holocausto a Deus, até sua morte, em 29 de julho de 1894.

Sua filha Teresa foi proclamada santa em 17 de maio de 1925, pelo Papa Pio XI. Luís e Zélia foram canonizados em 18 de outubro de 2015, pelo Papa Francisco, durante o Sínodo da Família.

Santa Zélia e São Luiz Martin, rogai por nós!

Santa Myriam de Jesus Crucificado

“Onde está a caridade, ali está Deus. Se pensais em fazer o bem ao vosso irmão, Deus pensará em vós. Se cavais um poço para o vosso irmão, caíreis nele; o poço será para vós. Mas, se fazeis um céu para o vosso irmão, esse céu será para vós…”

Mariam Baouardy nasceu em Abellin, (Cheffa – Amar, Galileia), entre Nazareth e Haifa, dia 5 de janeiro de 1846, em uma família pobre, muito piedosa, de rito Greco-católico. Com o irmão Paulo permanece órfã com três anos de idade e é criada pelo tio paterno. Este transferiu-se para Alexandria (Egito) alguns anos depois; aqui Myriam fez sua primeira comunhão, mas não recebeu nenhuma instrução escolar. Aos 13 anos de idade, pelo desejo de pertencer somente a Deus, recusou o matrimônio que lhe fora arranjado pelo tio. Por causa disso sofreu maus tratos. Confiando seus sofrimentos a um servo do tio, que era muçulmano, este queria que ela abandonasse o cristianismo e se fizesse muçulmana. Como ela recusou, num ímpeto de cólera, a golpeou com a espada no pescoço; depois, pensando que estivesse morta, abandonou o corpo num local fora da cidade. Quando desperta em uma gruta, está sendo cuidada por uma “senhora vestida de azul” por 4 semanas, até que estivesse curada e depois a conduziu a uma igreja. Mais tarde Myriam reconhecerá nela a Virgem Maria, de quem era devotíssima.

Myriam trabalhou depois como doméstica em Alexandria, Jerusalém, Beirute e Marselha. O que ganhava com seu trabalho doava a maior parte aos pobres.

Em Marselha, entrou nas Irmãs de S. José da Aparição, mas teve que sair por motivos de saúde. Em junho de 1867 entrou no Carmelo de Pau, na França. Como noviça foi enviada com outras irmãs para fundar o Carmelo de Bangalore, Índia, onde dia 21 de novembro de 1871 emitiu os primeiros votos. No ano seguinte foi mandada novamente a Pau, por causa de suas graças extraordinárias, então tidas sob suspeita.

De Pau, partiu novamente com outras monjas para a fundação do primeiro mosteiro, o de Belém, na Palestina, em agosto de 1875, graças a ajuda de Berthe d’Artignoux. O projeto do Carmelo foi inspiração de Myriam, que também acompanhava os trabalhos de construção. Falece aqui dia 26 de agosto de 1878, por causa de uma gangrena contraída em consequência de uma queda. Neste tempo já havia posto também as bases para a fundação do Carmelo de Nazaré, o qual foi inaugurado somente em 1910.

Sua breve vida foi povoada de muitos fenômenos místicos, tais como êxtases, levitação, estigmas, profecias, bi locação, possessões, etc.

Mas tudo isso não a tirava de sua humildade e gastava-se nos trabalhos humildes do convento e no serviço aos trabalhadores da construção do Carmelo de Belém, que já a reconheciam como santa. Definia-se a si mesma como o “pequeno nada” diante do Absoluto de Deus.

Instruída pelo Espírito Santo, compreende as palavras: “Se quiser buscar-me, conhecer-me, seguir-me, invoca a luz, o Espírito Santo que iluminou os meus discípulos e ilumina todos os povos que o invocam. Eu te digo em verdade: quem invocará o Espírito Santo, buscar-me-á e encontrar-me-á; a sua consciência será delicada como a flor-do-campo”.

Na homilia de sua canonização dia 17 de maio de 2015, Papa Francisco resumiu muito bem a mensagem de Myriam: “Deste amor eterno entre o Pai e o Filho, que se infunde em nós por intermédio do Espírito Santo (cf. Rm 5, 5), adquirem vigor a nossa missão é a nossa comunhão fraternal; é dele que brota sempre de novo a alegria de seguir o Senhor pelo caminho da sua pobreza, da sua castidade e da sua obediência; é aquele mesmo amor que nos chama a cultivar a oração contemplativa. Foi quando experimentou de maneira iminente a irmã Maria Baouardy que, humilde e iletrada, soube dar conselhos e explicações teológicas com extrema clarividência, fruto do diálogo incessante que mantinha com o Espírito Santo. A docilidade ao Espírito Santo fez dela também um instrumento de encontro e de comunhão com o mundo muçulmano”.

Santa Myriam, rogai por nós!

Beata Ana de São Bartolomeu

“Ó feliz silêncio! Nele, Senhor, vossa voz ressoa alto, convidando todas as pessoas a sabedoria que está espalhada sobre toda a terra. Por ele, os que vos amam atingem a sabedoria melhor que nos livros e no estudo.”

Beata Ana de São Bartolomeu foi uma das primeiras carmelitas descalças, grande amiga de Santa Teresa, e sua enfermeira até à morte.

Nasceu em Almendral, aldeia de Ávila, no ano 1549. Quando tinha apenas dez anos, morreram seus pais, ficando ao cuidado dos irmãos que lhe deram o ofício de pastora, confiando-lhe o rebanho para guardar.

Não se preocuparam os irmãos em ensiná-la a ler e escrever. Porém, na sua Autobiografia, está bem-aventurada Carmelita conta-nos que nas longas horas que passava na guarda do rebanho, vinha o Menino Jesus ensiná-la a compreender os mistérios da vida e da fé.

Ana sentiu-se, na sua juventude, atacada por uma doença que quase a vitimou. Encomendou-se a S. Bartolomeu e recobrou a saúde. Entrou no convento de S. José de Ávila e tomou o nome de Ana de S. Bartolomeu. Aqui conheceu nosso pai S. João da Cruz que, juntamente com Santa Teresa de Jesus, lhe ensinaram o espírito carmelita.

Na noite de Natal de 1577, partiu Santa Teresa um braço. A partir de então, a Irmã Ana foi presença constante e companheira inseparável da Santa Madre, nos braços de quem Santa Teresa viria a morrer. Foi neste período, com vinte e oito anos, que a Irmã Ana aprendeu a ler e a escrever, imitando a letra da Santa, a fim de se tornar na secretária particular da Madre Fundadora e também sua confidente, sendo, por isso, a pessoa que melhor conheceu Santa Teresa.

Foi escolhida para integrar a primeira comunidade que fundou o Carmelo em França, no ano de 1604. Foi seu grande sofrimento, desde o primeiro dia, não poder ter junto de si os carmelitas. Quando estes, anos mais tarde, chegaram a França elegeram-na como fundadora do Carmelo na Bélgica, onde chegou no ano de 1612, fundando em Antuérpia.

Os príncipes e os senhores belgas estimavam a Irmã Ana como santa. A infanta Dª Isabel afirmava: «Antuérpia nada deve recear, pois a Irmã Ana de S. Bartolomeu é a nossa defesa, melhor que qualquer exército».

Assim era. Por três vezes, Maurício de Nassau tentou tomar a cidade sem o ter conseguido. Por isso, o povo, reconhecido, chamava à Irmã Ana “Defensora de Antuérpia”.

Morreu em Antuérpia, no dia 7 de junho de 1626, Solenidade da Santíssima Trindade. A cidade ainda hoje mantém viva a memória desta grande Carmelita.

Oração:

Senhor, grandeza dos humildes, que quisestes fazer brilhar a bem-aventurada Ana de S. Bartolomeu pela sua caridade e paciência, concedei-nos, por sua intercessão, seguir a Cristo e amar os irmãos para podermos viver segundo os vossos desígnios.

Beata Ana de São Bartolomeu, rogai por nós

Santa Maravilhas de Jesus

María de las Maravillas Pidal e Chico de Guzmán, TOC (1891-1974).

Nasceu em Madrid em 4 de novembro de 1891 em uma família profundamente católica, a dos Marqueses de Pidal. Depois de uma infância e juventude típicas de sua condição social, abandonou tudo para ingressar no Carmelo del Escorial em 1919.

Em 1924, por inspiração divina, fundou o Carmelo do Cerro de los Ángeles junto ao monumento do Coração de Jesus.

Em 1933 fundou um Carmelo em Kottayam (Índia).

De 1936 a 1939, a perseguição contra a Igreja espanhola intensificou-se e os Carmelitas Descalços do Cerro empreenderam uma arriscada peregrinação que culminaria no Deserto Carmelita de Batuecas (Salamanca).

Em 1939, M. Maravillas regressou ao Cerro e empreendeu numerosas fundações com o espírito de Santa Teresa de Jesus: em 1944 Mancera de Abajo, (Salamanca), em 1947 Duruelo, em 1950 Cabrera, (Salamanca), em 1954 Arenas de San Pedro, (Ávila), em 1956 San Calixto (Córdoba), em 1958 Aravaca, (Madrid), em 1961 La Aldehuela, (Madrid), onde viveu até à sua morte.

Mais tarde, fundou a Montemar, (Málaga), em 1964.

No dia 11 de dezembro de 1974 adormeceu no Senhor no seu convento de La Aldehuela, deixando para trás uma explosão de luz e de amor depois de colocar todos os seus dons e vocação, toda a sua vida, ao serviço de Deus e do Carmelo Descalço. Na igreja do convento o seu túmulo recebe milhares de peregrinos todos os anos.

Santa Teresa Margarida

“Vim ao Carmelo para vencer na corrida do amor”.
(Santa Teresa Margarida)

Ana María Redi nasceu em Arezzo, Itália, em 15 de julho de 1747, da nobre e católica família Redi. Foi a segunda de treze irmãos, todos consagrados a Deus, exceto o primogênito e os cinco que morreram ainda crianças. Teve uma infância muito feliz, destacando-se pela sua inclinação para a piedade, desejo de santidade e compaixão pelos pobres.

Entrou para o Carmelo de Florença no dia 1º de setembro de 1764. Desde a sua entrada no Carmelo, a relação com o pai – de ajuda espiritual mútua – atingiu maior profundidade. 

Teve uma particular experiência contemplativa fundada na palavra do Apóstolo e Evangelista São João: “Deus é amor”.

Viveu no amor e na imolação de si mesma e atingiu rapidamente a perfeição no serviço constante e heroico a suas irmãs.

Morreu no dia 7 de março 1770 com apenas 23 anos de idade.
Foi canonizada pelo Papa Pio XI em 12 de março de 1934.

Santa Teresa dos Andes

“Só Jesus é belo, só Ele pode alegrar-me… Há algo de bom, de belo, de verdadeiro que possamos pensar e que não exista em Jesus?
Ele é minha riqueza infinita, a minha beatitude, o meu céu.”
(Santa Teresa de Los Andes)

Joana Fernandez Solar nasceu em Santiago do Chile em 13 de julho de 1900. Educada na fé desde muito jovem pelos pais, teve uma inclinação precoce para a oração e o bem. A partir de 1907 ingressou na escola das religiosas do Sagrado Coração como aluna externa. Em 11 de setembro de 1910 recebeu a primeira comunhão. Dia fundamental para ela, a partir do qual viveu uma amizade cada vez mais intensa com Jesus. Desde a sua adolescência foi fascinada pelo Cristo.

Entrou no Carmelo de Los Andes no dia 7 de maio de 1919, recebendo o nome de Teresa de Jesus. No Carmelo conheceu os escritos de São João da Cruz, que o ajudaram a amadurecer sua oração.

Faleceu de tifo no dia 12 de abril de 1920, antes de ter completado 20 anos e após ter feito sua Profissão religiosa no leito de morte.

Foi canonizada por São João Paulo II no dia 21 de março de 1993 e proposta como modelo para os jovens.

É uma das padroeiras da Jornada Mundial da Juventude ao lado de Santa Teresinha.

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