Beata Maria Sacrário de São Luís Gonzaga

Na cidade de Lillo, Província de Toledo, na Espanha, em 8 de janeiro de 1881, nascia a Beata Maria Sacrário de São Luís Gonzaga. Filha do casal Ricardo Moragas Ucelay e de Isabel Cantareira Vargas, seu pai era farmacêutico da cidade, assim como seu avô já havia sido. Foi batizada no dia 17 do mesmo mês, com o nome de Elvira Moragas Cantarero.

Após ser nomeado farmacêutico provedor da Casa Real, pelo Rei Alfonso III da Espanha (1886-1931), a família mudou-se para Madrid.

Para ajudar o pai neste ofício, Elvira tornou-se, em 1905, uma das primeiras mulheres espanholas a se formar como farmacêutica, na Universidade Central de Madrid. O ambiente era predominantemente masculino, com isso era acompanhada diariamente por seu pai ou seu irmão nas aulas.

Em 1918, tornou-se a primeira mulher a se filiar no Colégio Oficial de Farmacêuticos em Madrid (COFM).

Morte dos pais de Elvira

Após a morte de seu pai, em 1909, Elvira passou a ter um papel mais importante na administração da farmácia, ainda assim a família, com a resistência à atuação profissional das mulheres pensaram em contratar um gerente. Seu irmão, Ricardo, decidiu mudar de curso, na faculdade, na intenção de se tornar farmacêutico e, futuramente, poder assumir os negócios da família.

Após a morte da sua mãe Isabel, em 1911, Elvira assume completamente o patrimônio da família, mostrando a sua capacidade profissional. Mostrou -se hábil como farmacêutica e também como administradora. Era justa, atenciosa com os clientes, procurava animar e consolar os doentes. Também atuou como farmacêutica municipal.”

VOCAÇÃO E ENTRADA NO CARMELO

Elvira, trazia em si, mesmo antes do falecimento do seu pai, o desejo de seguir a vida religiosa mostrando uma profunda espiritualidade. Chegou a atuar no movimento da Ação Católica. Aconselhada por seu diretor espiritual, Padre José Maria Rúbio y Peralta, jesuíta, a Beata adiou ingresso no Carmelo, esperando assim que seu irmão se formasse na faculdade para poder assumir a farmácia da família.

No IV Centenário do nascimento de Santa Teresa de Jesus, em 1915, aos 34 anos de idade, ingressou no mosteiro das Carmelitas Descalças da Santa Ana e São José, em Madrid, demonstrando ser uma mulher de caráter forte e enérgico capaz de levar até o fim os mais altos ideais de santidade.

No dia 21 de dezembro de 1915, vestiu o hábito Carmelita. E no ano seguinte fez sua profissão simples, no dia 24 de dezembro de 1916. Seu nome religioso foi Irmã Maria Sacrário de São Luís Gonzaga, nome este em homenagem à sua irmã mais velha, que havia morrido aos 10 anos de idade. Sua profissão solene ocorreu no dia 6 de janeiro de 1920. Sete anos depois, foi eleita Priora do Mosteiro, mostrando -se aberta ao diálogo com todas. Terminando o triênio como Priora, irmã Maria Sacrário de São Luís Gonzaga passou a ser Mestra de noviças.

Chegou expressar o desejo de ser mártir, sobretudo após a proclamação da República na Espanha, em 1931. No início de julho de 1936, no contexto da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a Beata foi novamente eleita Priora da comunidade e, após alguns dias, uma multidão violenta assaltou o Carmelo, saqueando e destruindo o mosteiro.

As irmãs Carmelitas descalças tiveram que se esconder nas casas de familiares e amigos. Madre Maria Sacrário cuidou das suas filhas espirituais, apoiando-as na aceitação da vontade do Senhor, “que tanto sofreu por nós.”

PRISÃO E MORTE

Madre Maria Sacrário, foi descoberta por soldados e levada como prisioneira para a prisão republicana da Rua Marquês de Riscal, famosa pelas crueldades que ali eram feitas, em 14 de agosto de 1936. Foi interrogada várias vezes, mas Madre Sacrário não respondia, recusando citar os nomes das pessoas que corriam perigo de vida, apenas escrevia num papel :”Viva Cristo Rei!” Expressão dos mártires daquela época sanguinária.

Durante a noite foi transportada para a Padrera de San Isidro e nas primeiras horas da manhã do dia 15 de agosto de 1936, foi fuzilada, tornando-se Mártir por Nosso Senhor Jesus Cristo, ela tinha 45 anos. Viveu o martírio serenamente.

BEATIFICAÇÃO

Seu processo de beatificação começou em 22 de outubro de 1962. Foi beatificada pelo Papa São João Paulo II no Vaticano, no dia 10 de maio de 1998, reconhecendo que ela foi martirizada “in odium fidei” (“em ódio à fé”).

Das cartas e escritos da Beata Maria Sacrário de São Luís Gonzaga:

Jesus reine sempre em meu coração. O Senhor pede-me que seja humilde, que chore meus pecados, que ame muito minhas Irmãs, que não as mortifique em nada, nem que me mortifique por nada, que viva bem recolhida Nele, sem vontade própria, completamente abandonada à sua divina vontade. Neste vale de lágrimas não podem faltar sofrimentos e temos de estar contentes por poder oferecer algo ao nosso amantíssimo Jesus, que tanto quis sofrer por amor a nós. O caminho da cruz é o que sempre devemos desejar; que o Senhor não permita que eu me separe de sua divina vontade.

Bendito seja Deus que nos dá estes trabalhos para que os ofereçamos por amor a Ele! Em breve chegará o dia em que nos alegraremos por tê-los sofrido. Enquanto isso, sejamos generosos, sofrendo tudo, se não o pudermos com alegria, ao menos com muita conformidade à divina vontade de que tanto padeceu por amor a nós; pois por grandes que sejam nossos sofrimentos, nunca chegarão aos seus.

Se quiseres ser perfeita, procures ser por primeiro muito humilde no pensamento, palavra, obras e desejos, pensa bem o que isto quer dizer e trabalha com fervor para consegui-lo. Mantém sempre o olhar em nosso amantíssimo Jesus, perguntando-Lhe no íntimo de teu coração o que quer de ti, e não lho negues nunca, ainda que tenhas que fazer muita violência à tua natureza. Bendito seja quem proporciona tudo para o nosso bem! Tendo a Ele, tudo teremos.

ORAÇÃO

Ó Deus, que preparastes, com o espírito de oração e devoção eucarística, a Beata Maria Sacrário para padecer o martírio, concedei-nos, por seu exemplo, que, cumprindo fielmente a vossa vontade, consagremos livremente a Vós nossas vidas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.

Santa Maria Madalena de Pazzi

“Pelo abandono total, se faz morrer a si mesma em Deus, não deseja conhecê-lo, nem entendê-lo, nem experimentá-lo. Nada quer, nada sabe e nada deseja poder”
(Santa Maria Madalena de Pazzi)

Infância

Catarina, nome recebido em seu batismo, nasceu em Florença, na Itália, no dia 2 de abril de 1566. Desde pequena, o seu amor por Cristo e pela Santíssima Virgem eram visíveis: agarrava-se à sua mãe com extraordinário ardor quando esta voltava para casa após ter comungado, mas se ela não comungara, sua filha não tinha as mesmas expansões.

Antes mesmo que aprendesse a ler, foi favorecida com o dom da oração e, com apenas sete a oito anos, já se confessava com um jesuíta, padre Rossi. Aos dez anos, recebeu a primeira comunhão e, a partir disso, consagrou a Deus a sua virgindade.

Esposa de Cristo

Desde então, considerou-se esposa de Cristo e teve em si um grande desejo de dar-se aos sofrimentos por amor ao seu divino Esposo. Era a própria vida de Jesus na cruz que lhe inspirava, todos os dias, uma nova mortificação.

Pretendida

Com apenas 15 anos, Catarina já era pretendida por muitos devido ao seu nascimento no seio de uma nobre família, à sua beleza e fortuna, mas sobretudo à sua virtude. Seus pais, como também eram muito virtuosos e viam na filha uma vocação muito patente, acolheram o voto que tinha feito de ser religiosa e de nunca ter outro esposo senão o Cristo.

Virgem carmelita

No ano de 1582, escolheu entrar no carmelo, porque ali as religiosas comungavam todos os dias. Ingressou, então, com pouco mais de 16 anos, no convento de Santa Maria dos Anjos, onde, depois de alguns combates, deixaria o nome de batismo pelo de Madalena. A sua profissão se realizou na festa da Santíssima Trindade, com tal amor para com Deus, que esteve em êxtase por horas.

Transportes de amor

Viveu experiências místicas impressionantes, onde eram comuns os êxtases durante a penitência, oração e contemplação, originando extraordinárias visões proféticas. Em alguns transportes de amor, corria por toda a casa, com o rosto abrasado, dizendo: “Eu vivo, eu vivo, mas não sou eu que vivo, é Jesus Cristo que vive em mim”.

Enfermidades e purificação da alma

Muitas foram as mortificações vividas por Santa Maria Madalena de Pazzi, mas a purificação de sua alma aconteceu nas provações e tentações vividas, por cinco anos, quando experimentou a escuridão e a aridez espiritual.

Também suas dores e enfermidades, começadas já no início de sua vida monacal, aumentavam dia após dia, e não se compreendia como um corpo tão fraco podia resistir a tantos males. Suportou tudo sem nenhuma queixa, entregando-se exclusivamente à Paixão de Jesus.

Páscoa

Sofreu com várias enfermidades até que entrou no Céu, com 41 anos, no dia 25 de maio de 1607. Faleceu no convento de Santa Maria dos Anjos, que hoje leva o seu nome.

Beatificada pelo Papa Urbano VIII, no ano de 1626, foi inserida no catálogo dos Santos, em 1669, pelo Papa Clemente IX. Seu lema foi: “Padecer, Senhor, e não morrer!”.

A minha oração

“Meu Senhor e meu Deus, eu quero um amor tão ardente e entregue por Ti como o de Santa Maria Madalena de Pazzi. Ensinai-me a viver todos os processos de enfermidades e provações, sempre com a esperança e a paz interior de que, por Teu amor e por Tua presença, tudo vale a pena sofrer. Eu também quero poder proclamar que és Tu, meu Cristo, quem vive em mim e não mais eu e as minhas vontades.”

Santa Maria Madalena de Pazzi, rogai por nós!

Beata Ana de Jesus

Nascida em 25 de novembro de 1545, em Medina del Campo (Espanha), e falecida em 4 de março de 1621, em Bruxelas (Bélgica), Ana de Jesus é uma das pedras fundamentais de toda a obra teresiana. Seus setenta e seis anos de vida constituem um dos elementos mais importantes para a transmissão do carisma teresiano às gerações posteriores. A primeira parte de sua vida é marcada pelo fato de ter partilhado de perto os últimos doze anos da Santa Madre, os quais foram os momentos mais decisivos para estabelecer o espírito e identidade da Ordem. A segunda parte de sua vida foi caracterizada por decisões corajosas e uma florescente expansão da Reforma teresiana na França e na Flandres.

“Personalidade da Priora”
Tem a reputação de ser severa, rigorosa, exigente para as almas que estão a seu cargo e que deseja dirigir para longe. Sua inteligência dá-lhe um olhar prudente sobre questões temporárias, mas também uma grande audácia e uma grande liberdade nos assuntos espirituais. Ela está tão unida ao seu esposo, tão dedicada ao seu Espírito, tão sujeita à vontade do Pai, que podem fazer nela tudo o que quiserem, especialmente na sua função de “pastor” do rebanho que lhe confiou. Ela será chamada de “Capitã das Prioridades”.
As qualidades especificamente femininas não lhe faltam. Inúmeros atos revelam que é mãe: cheia de ternura e compaixão, de humor também e de santidade moral, de bondade integral e isto muito humildemente. Seu afeto materno é verdadeiro.
Pede a todas que peçam pelos sacerdotes, especialmente pelos pregadores, pela Igreja, sabendo que sua oração pode impedir muitos pecados contra a Igreja.
São João da Cruz, quando foi prior do Calvário e encarregado de confessar as carmelitas de Beas, dirá de Ana de Jesus: “Ela parecia em tudo Santa Teresa: mesmo espírito de oração, mesma forma de agir, mesmas capacidades, mesmo tipo de governo… ”.
O convento de Beas conectava-se por uma janela alta à igreja paroquial, dando assim a possibilidade às carmelitas de ouvir os sermões. Mas um dia eles querem tirar esse privilégio e Ana foi direto para o Senhor Jesus. Cristo responde: “Ana, aqueles que querem fazer isso poderão escurecer a luz dos meus olhos? – Não, senhor. Pois você e suas religiosas são a luz dos meus olhos. Eles não podem contra vocês. ”
Este convento tão luminoso irradia também pela beleza e intensidade dos Ofícios. O Senhor habita as almas das suas consagradas. Quando elas cantam, “parecia ouvir os anjos” diz um Padre dominicano que frequenta a capela e atrai lá muitos cristãos sedentos de oração. É que a Madre Ana transmite às suas filhas uma unção de amor e adoração que tinha toda a liturgia. Além disso, coloca grande cuidado na beleza da capela, da ornamentação, das flores, como gestos e atitudes de toda a comunidade. Quer por todos os meios comunicar seu extremo amor a Deus e agradecer-lhe por todas as maravilhas

Beatas Mártires de Compiegne

“O amor sempre triunfará.”

No começo da Revolução Francesa em 1789, o Carmelo de Compiégne compunha-se de dezesseis irmãs de coro, três irmãs leigas e duas externas. Madre Teresa de Santo Agostinho, a priora tinha sido eleita em 1786.

Os impactos da Revolução começaram a ser sentidos entre as irmãs de Compiège quando sua jovem noviça, Irmã Constância, foi impedida de fazer sua profissão em 15 de dezembro de l789, por causa de um decreto da Assembleia Nacional proibindo expressamente o pronunciamento de votos religiosos na França. Esta proibição da profissão religiosa marcou o começo de uma complexa corrente de acontecimentos que levou à demissão da comunidade de Compiègne.

Em 4 e 5 de agosto de l790, a Comissão Distrital do Compiègne chegou ao convento para fazer um inventário de todas as suas possessões e interrogar cada uma das irmãs privadamente sobre suas intenções. Todas as irmãs expressaram o desejo de viver e morrer como uma carmelita.

Em setembro de 1972, tudo está perdido para as Carmelitas de Compiègne. Todas as possessões do convento foram confiscadas em 12 de setembro, e, dois dias mais tarde, as irmãs foram forçadas a se retirar. Foram obrigadas a adotar um nome não religioso e não podiam viver mais como uma comunidade. As irmãs divididas em grupos separados moravam em três diferentes endereços, perto da Igreja de Santo Antônio, onde o capelão delas, Abbé Couroube, celebrava a missa para elas.

Em 19 de setembro fizeram o juramento Libertè-Egalité a fim de se capacitarem para receber a pensão do governo revolucionário. Nesta oportunidade a Priora propôs um ato de consagração, pelo qual a comunidade deveria oferecer-se a si mesma por todos os males infligidos à Igreja. Este ato de consagração começou a ser conhecido como voto de martírio da comunidade.

As Carmelitas foram finalmente transferidas para a infame Conciergerie de Paris em 13 de julho de 1794, permanecendo lá por quadro dia, durante os quais elas celebraram a festa de Nossa Sra. do Monte do Carmo. Nesta ocasião, a Irmã Julia de Neuville compôs um hino a ser cantado com a melodia da Marseillaise. No dia seguinte as irmãs compareceram diante do Tribunal Revolucionário de Fouquet-Tinville.

Dificilmente este poderia ser um tribunal. Não havia advogados, nem testemunhas, e não apresentaram nenhuma evidência. As dezesseis irmãs foram taxadas de “fanáticas`” pelo Tribunal e condenadas à morte por atividades contra-revolucionárias.

A Priora pediu ao carrasco o direito de morrer por último, a fim de poder apoiar as suas irmãs. Ela deu a cada uma das irmãs um copo de chocolate. O Ofício dos Mortos foi cantado no caminho do cadafalso, junto com o Miserere, Salve Regina e o Te Deum. Escondido na multidão, padres disfarçados abençoavam as irmãs e silenciosamente pronunciavam a fórmula da absolvição. Aos pés da guilhotina as carmelitas entoaram o Veni Creator renovaram os seus votos. A primeira a morrer foi a noviça Irmã Constance. Finalmente, a priora subiu para a morte com as palavras “O amor sempre triunfará”. Dez dias depois da execução das Carmelitas o Grande Terror terminou.

Cem anos depois, por ocasião do centenário do martírio, os Carmelitas decidiram levar avante a causa da beatificação. O processo começou em 28 de junho de 1896 a pedido do Carmelo de Compiègne, que havia sido restaurado em 1866. A Beatificação veio em 27 de maio de 1906. A história das irmãs Carmelitas de Compiègne exerceu uma grande influência religiosa no século XIX na França. Em setembro de 1896, Monsenhor de Teil falou sobre as mártires de Compiègne no Carmelo de Lisieux, na presença da Irmã Teresa do Menino Jesus. Por mais que tenha sido curta sua vida no Carmelo, esta futura santa era muito devota da memória das mártires de Compiègne.

Beatas Mártires de Compiegne, rogai por nós!

Beata Elias de São Clemente

“… Faça que eu aja conduzida diretamente por Ti, fale inspirada por Ti, viva de Teu respiro, e as batidas do meu coração se fundam com as batidas divinas do Teu”.

A vida de Ir. Elias nos deixa numa espécie de constrangimento pela sua simplicidade, na qual podemos ver uma profunda experiência de Deus e grande humanidade.

Seu nome era Teodora Fracasso. Ela nasceu em Bari, sul da Itália, filha de José Fracasso e de Páscoa Cianci no dia 17 de janeiro de 1901. Era a terceira dos nove filhos do casal. Viveu em sua família até os dezenove anos, muito animada e inteligente, sincera, sensível às belezas da natureza e fascinada pelo amor de Deus, entrou no Mosteiro das Carmelitas Descalças de S. Joseph, em Bari a 8 de abril de 1920; fez a profissão simples a 4 de dezembro de 1921 e a 11 de fevereiro de 1925 fez a profissão solene.

No final de 1926 começa a sofrer uma dor de cabeça contínua e grave, a qual ela chamou de “irmãozinho” amado “Meu irmãozinho – escreve para o sacerdote que dirigia a sua alma – não me permite fazer longos discursos, muito menos ouvir. Como você vê, todas as coisas cooperam para me isolar cada vez mais de tudo e viver somente de Deus. Nada perturba a paz de minha alma. Tudo que eu preciso é uma alavanca para levantar-me a Ele. Não, Padre venerável, não me arrependo de ter consagrada uma vítima do Senhor.” Na verdade, era o começo de encefalite, que a levaria à morte. Sua doença foi quase despercebida, tratada como uma simples gripe. Faleceu ao meio-dia no Natal, de 1927.

Pensamentos da Beata:

“O pensamento de que eu vivo para Ti, meu Deus, deve me fazer feliz em todos os eventos. Peço-Te, meu bom Jesus, com todo o meu coração a graça do desapego de todas as coisas deste mundo e viver apenas para Ti, de não desejar nada para mim, mas viver como se eu fosse sozinha no mundo.

Dá-me graça, ó meu Deus, para penetrar nos segredos mais íntimos do teu Coração ardente, e viver aqui desconhecida para qualquer olhar humano vivo e até para mim mesma; Faça que eu aja conduzida diretamente por Ti, fale inspirada por Ti, viva de Teu respiro, e as batidas do meu coração se fundam com as batidas divinas do Teu.”

“Quão suave, Senhor, é o Vosso amor! Perdida em Vós, vivo feliz para sempre.”

ORAÇÃO:

Deus todo-poderoso e eterno, que aceitastes comprazido a oblação que de si mesma vos fez a Beata Elias de São Clemente, virgem, concedei-nos, por sua intercessão, que, alimentados pelo Pão Eucarístico e iluminados pela luz da Vossa Palavra, cumpramos fielmente a Vossa santa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo, AMÉM!

Beata Elia de São Clemente, rogai por nós!

Beata Maria Pilar, Beata Teresa e Beata Maria Angeles

María Pilar de San Francisco de Borja

(Jacoba Martínez Garcia)

Nasceu em Tarazona (Zaragoza) no dia 30 de dezembro de 1877, sendo batizada neste mesmo dia na Igreja Catedral. Seus pais se chamavam Gabino e Luiza. Foi a última de onze irmãos. Foi crismada no dia 1º de agosto de 1879 na Igreja de Santa Maria Madalena de Tarazona. Fez a sua primeira comunhão na quinta-feira da Ascenção, o dia 11 de maio de 1889, tendo sido preparada pelo seu irmão Dom Julián, que fora pároco. Em 1891, em meados de novembro, a família toda se muda, pais e irmãos, para Corella (Navarra). Ali viveria até seu ingresso no convento. Seu pai, Dom Gabino, morreu em 1896 e a 12 de outubro de 1898, dia do Pilar, ingressa no convento das carmelitas descalças de São José de Guadalajara. Nesse mesmo dia tomou o hábito. No domingo, dia 15 de outubro de 1899, a festa de Santa Teresa, faz sua Profissão religiosa tomando o nome de Jacoba Pilar de São Francisco de Borgia. Sua mãe, Dona Luiza, faleceu em Corella em outubro de 1914 e seu irmão Dom Julián em 1919.

Ao entardecer de 22 de julho de 1938, com as demais religiosas, sai do convento e se refugia, com outras quatro, no Hotel Ibéria, Rua Tenente Figueiro no. 3, e aos 58 anos de idade e 38 de vida religiosa, em 24 de julho de 1836, à tarde, seu corpo foi crivado pelas balas dos milicianos da rua Francisco Cuesta e em meio a terríveis dores e angústias que sentia, exclamou repetidas vezes, antes de morrer, como seu Divino Esposo na cruz: “Meu Deus, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem.” Morre, finalmente, no Hospital Ortiz de Zárate.

Teresa do Menino Jesus e de São João da Cruz
(Eusebia García y García)

Nasceu em Mochales (Guadalajara) no dia 5 de março de 1909, filha de Juan e Eulália, sendo a segunda de oito irmãos. Morreu aos 27 anos de idade e 11 de vida religiosa. Os milicianos tentaram enganá-la. Saiu correndo e antes de cair, atravessada por balas, exclamou, com os braços em cruz: “Viva Cristo Rei!”

María Ângeles de São José
(Marciana Valtierra Tordesillas)

Nasceu em Getafe (Madrid) no dia 6 de março de 1905. Morreu com 31 anos de idade e 7 de vida religiosa. Desde que era noviça suspirava pelo martírio. Dissera certa vez no recreio comunitário: “Que felicidade se pudéssemos derramar o sangue por Cristo”. Em um livro de seu uso, foi encontrado um papel com estas palavras escritas por suas mãos: “Meu Deus, recebe minha vida entre as dores do martírio e em testemunho de meu amor por Vós, como recebestes a de tantas almas que vos amaram e morreram por vosso amor.”

As três professaram no monastério de São José das Carmelitas Descalças de Guadalajara (Espanha) e sofreram o martírio em 24 de julho de 1936, depois de confessar a fé em Cristo Rei e oferecer a própria vida pela Igreja. Elas são as primeiras mártires da guerra civil espanhola de 1936-1939. Foram beatificadas por João Paulo II em 29 de março de 1987.

Oração: Ó Deus, fortaleza dos humildes, que de modo admirável infundiste às Beatas María Pilar, Teresa e María Ángeles, virgens, constância no martírio, concede-nos, por sua intercessão, que, assim como elas derramaram com generosidade o sangue por Cristo Rei, também nos mantenhamos leais a ti e à tua Igreja até a morte. Por nosso Senhor Jesus Cristo que vive e reina pelos séculos. Amém.

Beata Maria Pilar, Beata Teresa, Beata Maria Angeles, rogai por nós!

Beata Maria dos Anjos

“A bondade do Senhor é maior do que os muitos males e pecados que cometemos e antes nos cansamos de ofendê-lo do que Ele de nos perdoar”.

Beata Maria dos Anjos ou Mariana Fontanella nasceu em Turim a 7 de janeiro de 1661 e foi batizada em 11 de janeiro do mesmo ano na igreja paroquial de São Simão e São Judas. Era a última dos 11 filhos do Conde João Donato Fontanella e de Maria Tana de Santena, parente da mãe exemplar de São Luís de Gonzaga, dos Condes de Chieri.

Mariana cresceu tendo diante dos olhos e no coração São Luís Gonzaga como modelo e intercessor. O imita na fé, na caridade, na ilibada pureza, na dedicação a Jesus. Recebeu de seus pais uma boa educação religiosa que a levou a ter uma terníssima devoção a Nossa Senhora e a São José. Em 15 de agosto de 1672, recebeu pela primeira vez Jesus Sacramentado das mãos do primeiro pároco da freguesia, Pe. Emílio Malliano.

Mariana era uma criança inteligente, de temperamento forte, mas muito sensível não só aos valores religiosos e cristãos, mas também aberta e sensível às realidades do mundo. De acordo com os costumes da época, a sua educação foi confiada a um mestre que vivia com a família. Quanto ao resto, seguiu em tudo a formação que normalmente era dada às meninas da sua condição social. A sua paixão pela dança era singular, Mariana era exímia nessa arte.

Um dia, por acaso, encontrou no sótão um crucifixo sem braços e ficou profundamente tocada; imediatamente jogou fora a sua boneca e substituiu-a por Cristo na cruz, que a partir de então se tornou o objeto das suas efusões de carinho.

O Pe. Malliano guiava-a habilmente numa vida de oração intensa, moderou os seus desejos de penitência e em vez disso ensinou-a gradualmente a temer-se a si mesma e a separar-se das frivolidades da vida da sociedade.

Em 1673 entrou como pensionista no Mosteiro das Clarissas de Santa Maria da Estrela, em Rifreddo de Saluzzo, ali permanecendo um ano e meio, voltando para junto da família a 5 de janeiro de 1675.

Quando Mariana estava com 14 anos, seu pai faleceu e a mãe colocou a administração da família nas mãos de seu filho mais velho, João Batista. Este, por sua vez, pediu que Mariana cuidasse da direção da casa. Apesar de muito jovem, ela mostrou grande equilíbrio, sabedoria, prudência, delicadeza e perspicácia.

Cada vez mais atraída por Jesus Crucificado, quis dar-lhe toda a sua vida. Incentivada por Pe. Malliano, pároco desde 1669 da vizinha igreja de S. Roque, falou sobre isso a sua mãe, que em resposta lhe propôs um bom casamento. Mariana respondeu que o seu coração agora pertencia somente a Deus e que não se envolveria com qualquer criatura tão nobre e boa que pudesse ser.

A Condessa Maria acabou por se resignar com a vocação da filha, concordou com ela, iniciando logo conversações com as cistercienses de Saluzzo para que a aceitassem no mosteiro, onde já era monja professa outra irmã de Mariana, Clara Cecília.

Em 1675, ou na primavera de 1676, a data deste acontecimento é pouco clara, houve em Turim uma exposição do Santo Sudário. Mariana vai venerá-lo e encontrou ali um velho carmelita descalço que percebendo a sua vocação lhe falou sobre as carmelitas do Carmelo de Santa Cristina. Mariana escutou-o com interesse crescente, sobretudo quando ele lhe falou do espírito da regra que correspondia perfeitamente aos seus desejos. Logo compreendeu que era para ali que o Senhor a chamava.

De volta a casa, declarou a todos que se faria carmelita e nessa mesma noite escreveu ao convento de Saluzzo para anunciar a sua decisão. Novas lutas com a mãe que não queria deixá-la entrar num mosteiro tão austero. Mas a sua tenaz perseverança obteve o efeito esperado: a Condessa acabou por aceitar a escolha da filha e deixou-a entrar no Carmelo.

Mariana ingressou no Carmelo no dia 19 de novembro de 1676 e ali tomou o nome de Maria dos Anjos. Pouco mais de um ano após a sua entrada no Carmelo de Santa Cristina, em 26 de dezembro de 1677, ela fez a sua profissão religiosa.

A Irmã Maria dos Anjos prestava um generoso serviço à comunidade, mostrando sempre uma dedicação exemplar. Começou para ela um longo período de provações interiores, acompanhado por graças místicas extraordinárias que duraram cerca de quatorze anos.

No fim de 1691 cessaram as dolorosas provações interiores (a “purificação” de que os místicos falam, especialmente São João da Cruz). A Irmã Maria dos Anjos adquiriu um perfeito equilíbrio interior que brilha em todo o seu comportamento. Os superiores julgaram bem lhe confiar a educação das noviças, embora ela tivesse apenas 30 anos de idade.

Em 1694, após pedirem, sem o seu conhecimento, a dispensa à Santa Sé, porque a Irmã Maria dos Anjos ainda não tinha a idade exigida pelos Santos Cânones, elegeram-na Priora.

Quanto o rei Victor Amadeu II assumira o governo em 1684, a pressão da França se tornou mais forte do que nunca, as pretensões francesas se tornam intoleráveis e Victor Amadeu declara guerra. No Carmelo de Santa Cristina Madre Maria dos Anjos rezava.

Em 1696, com o apoio de Joana Batista de Saboia Nemours, ela obteve a instituição na Diocese de Turim da festa do Patrocínio de São José, garantindo que assim a guerra que assolava o Ducado desde 1690 iria acabar. A paz de Vigevano, assinada em outubro 1696, deu-lhe razão.

As graças místicas das quais era depositária vão-se tornando cada vez mais sublimes e, para maior confusão da beneficiária, são demasiado evidentes para permanecerem escondidas. A fama da sua santidade espalhou-se pela cidade, suscitando grande interesse em torno de sua pessoa. Algumas curas milagrosas atribuídas à sua intercessão faziam chover mais e mais pedidos de orações no mosteiro.

Personagens ilustres do clero – o Beato Sebastião Valfré, o Pe. Provana, o Núncio Monsenhor Sforza, etc. – e da aristocracia, Madame Real, a duquesa Ana e o duque Victor Amadeu II, procuravam a Madre para lhe submeter os seus problemas espirituais, como provam as cartas assinadas e endereçadas a eles pela Beata, conservadas nos Arquivos do Estado de Turim.

Impulsionada pelo desejo de fundar um novo Carmelo que pudesse acolher as jovens que não podiam ser recebidas em Santa Cristina por falta de espaço (o número de religiosas em cada Carmelo não pode ser maior de 21) iniciou negociações com os superiores.

Em 16 de setembro de 1703, vencendo múltiplas dificuldades, o Carmelo de Moncalieri foi solenemente inaugurado na presença da Madre Maria dos Anjos; ao mosteiro foi dado o nome de São José. Por outro lado, a família Saboia fazia pressão sobre os seus superiores religiosos para impedir que a Madre deixasse Turim.

Partiram de Santa Catarina três Irmãs, uma das quais, a Madre Maria Vitória da Santíssima Anunciada, ocuparia o cargo de Priora com o título de “vigária”, para significar que a verdadeira priora do mosteiro era a Madre Maria dos Anjos.

Na verdade, de Turim ela continuou a prover as freiras de Moncalieri do necessário, cuidando da formação espiritual destas através de correspondência, velando com coração de mãe pelo bom funcionamento da comunidade. Assim o fez até sua morte.

Autêntica carmelita, a Beata participou intensamente da vida da Igreja, oferecendo-se como uma “hóstia de penitência” pelos irmãos, especialmente por aqueles cujas necessidades ela conhecia, mas também pelos mais afastados.

Era singular a sua solicitude pelas almas daqueles que esperavam a purificação final no Purgatório. A sua caridade forte e generosa se estendia a todas as categorias de pessoas: os pobres, os doentes, os soldados feridos, as meninas sem dote, aqueles que estavam em dificuldade. Ela, tão tímida, se atreveu a enviar uma petição ao rei para salvar a vida de um soldado condenado à morte como desertor; de outra vez, para garantir recursos financeiros suficientes para financiar os estudos de um calvinista convertido que desejava abraçar o sacerdócio.

Singular o papel que ela desempenhou durante o terrível cerco de 1706. Turim foi novamente assediada pelos franceses por quatro meses. Enquanto Pedro Micca se sacrificava para impedir que os franceses entrassem na cidade, Madre Maria dos Anjos recorria a Nossa Senhora para obter a proteção para Turim.

Quando as forças invasoras já tinham chegado perto do mosteiro, ela, tranquilizada por duas visões sucessivas da Virgem Maria, garantia que na festa de Maria Bambina (Nossa Senhora Menina) se alcançaria a vitória. Tornou-se famosa a sua frase, repetida nas muralhas e na cidade por Valfré: “Com a Bambina venceremos. A Bambina será a nossa libertadora”. A vitória foi alcançada pelos turineses no dia 7 de setembro, dia em que então era celebrada a festa de Maria Santíssima Menina.

Estes e outros fatos singulares – curas, profecias, etc. – fizeram crescer enormemente a sua fama de santidade, de modo que quando da sua morte, que ocorreu em 16 de dezembro de 1717, os turineses acorreram em massa ao mosteiro de Santa Cristina, pois todos queriam venerá-la, tocar objetos no seu corpo, obter fragmentos de algo que lhe tivesse pertencido.

Em 1802, Turim foi atingida pela tempestade napoleônica, o Mosteiro de Santa Cristina foi confiscado. De noite, por medo de profanação, o corpo da venerável Madre Maria dos Anjos foi levado para a igreja de Santa Teresa dos Carmelitas Descalços. Ali foi sepultado e ali permaneceu até 25 de abril de 1865, dia de sua beatificação pelo Bem-aventurado Pio IX, após a aprovação de duas curas milagrosas obtidas por sua intercessão. A Beata foi a primeira carmelita italiana a ser elevada à honra dos altares.

Em 1866, São João Bosco escreveu uma biografia da Beata, que difundiu entre as suas “Leituras Católicas”, descrevendo-a como modelo de santidade e de amor cristão à pátria.

Beata Maria dos Anjos, rogai por nós!

Beata Cândida da Eucaristia

“Não escolhas a tua cruz, mas vive calmamente a que tens: acaba esta, poderá ter outra maior.”

Maria Cândida da Eucaristia nasceu no dia 16 de janeiro de 1884, em Catanzaro (Itália), cidade para onde a família, originária de Palermo, se transferiu por um breve período de tempo devido ao trabalho do pai, Pedro Barba, que era Conselheiro do Tribunal de 1ª Instância; foi batizada três dias depois com o nome de Maria Barba. Sua mãe chamava-se Joana Florena. Maria era a décima de doze filhos.

Quando a menina completou dois anos, a família retornou para a capital siciliana e ali Maria viveu a sua juventude. Aos quinze anos manifestou a sua vocação religiosa à qual seus pais, apesar de serem profundamente religiosos, se opuseram com determinação.

De fato, Maria teve que esperar quase vinte anos para poder realizar a sua aspiração, demonstrando, nestes anos de expectativa e de sofrimento interior, uma força de ânimo surpreendente e uma fidelidade incomum. Depois da morte de sua mãe, seguindo o conselho do Cardeal Alessandro Lualdi, entrou finalmente no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Ragusa, que tinha surgido havia pouco tempo e era muito pobre.

Entrou no Carmelo a 16 de abril de 1920, onde assumiu o nome de Maria Cândida da Eucaristia, em certos aspectos proféticos. Em 17 de abril de 1921 pronunciou a profissão simples e a solene no dia 23 de abril de 1924.

O amor pela Eucaristia manifestou-se nela desde a primeira infância quando, com 10 anos, foi admitida à Primeira Comunhão e a sua maior alegria era poder comungar. Desde então, privar-se da Santa Comunhão tornou-se para ela “uma cruz pesada e angustiante”.

Maria Barba, sempre estimulada por uma devoção especial ao mistério eucarístico, no qual ela via o mistério da presença sacramental de Deus no mundo e a concretização do seu amor infinito pelos homens, motivo da nossa confiança plena nas suas promessas, constrói alguns anos mais tarde um novo mosteiro, que ainda hoje existe.

Irmã Maria Cândida quis “fazer companhia a Jesus no seu estado de Eucaristia quanto mais fosse possível”. Prolongava as suas horas de adoração e, sobretudo, das 23 às 24 horas de cada quinta-feira, prostrava-se diante do Tabernáculo em adoração. A Eucaristia polarizava verdadeiramente toda a sua vida espiritual, não tanto pelas manifestações devocionais, quanto pela incidência vital da relação da sua alma com Deus. Foi da Eucaristia que Maria Cândida encontrou as forças necessárias para se consagrar a Deus como vítima no dia 01 de novembro de 1927.

Seis meses depois da profissão solene, em 10 de novembro de 1924 foi nomeada pela primeira vez Priora do seu Mosteiro: um cargo que aceitou e uma responsabilidade que desempenhou em sinal de obediência a Deus, com dedicação total e grande seriedade. Durante os três primeiros anos como Priora, assumiu também o cargo de Mestra de noviças.

Desenvolveu plenamente o que ela mesma definia como a sua “vocação pela Eucaristia”, ajudada pela espiritualidade carmelita – são muito conhecidas as páginas em que santa Teresa de Jesus descreve a sua especialíssima devoção à Eucaristia e como na Eucaristia a Santa Fundadora experimentasse o mistério fecundo da Humanidade de Cristo – na qual se apoiou depois da leitura de “História de uma Alma” de Santa Teresinha do Menino Jesus.

Durante os anos em que guiou o seu mosteiro, de 1924 a 1947, salvo uma breve interrupção, infundiu na sua comunidade um profundo amor pela Regra de Santa Teresa de Jesus e contribuiu de modo direto para a expansão do Carmelo Teresiano na Sicília, a fundação de Siracusa, e para o retorno do ramo masculino da Ordem na região.

A partir da solenidade do Corpus Christi de 1933, Maria Cândida começou a escrever a sua pequena “obra-prima” de espiritualidade eucarística, “A Eucaristia, verdadeira joia de espiritualidade vivida”. Trata-se de uma longa e intensa meditação sobre a Eucaristia, uma recordação da experiência pessoal e um aprofundamento teológico dessa experiência.

Na Eucaristia, a beata vê sintetizadas todas as dimensões da experiência cristã:

A Fé: “Ó meu Amado Sacramento, eu Te vejo, eu creio em Ti! Ó Santa Fé!”. “Contemplar com Fé redobrada a nosso Amado no Sacramento: viver com Ele que vem cada dia”.

A Esperança: “Ó minha Divina Eucaristia, minha querida esperança, tudo espero de Ti! Desde menina foi grande minha esperança na Santíssima Eucaristia”.

A Caridade: “Jesus meu, quanto Te amo! É um imenso amor o que eu nutro em meu coração por Ti, ó Amor Sacramentado! Quão grande é o amor de um Deus feito pão para as almas! De um Deus feito prisioneiro por mim”!

Sem dúvida a Virgem Maria é o verdadeiro modelo de vida eucarística. Ela levou em seu seio o Filho de Deus e continuamente o engendrava nos corações de seus discípulos. “Eu quisera ser como Maria” – escreve a beata em uma das páginas mais intensas e profundas de A Eucaristia – “ser Maria para Jesus, ocupar o lugar de sua Mãe. Em minhas Comunhões, tenho sempre Maria presente. De suas mãos quero receber Jesus, Ela deve fazer de mim uma coisa só com Ele. Eu não posso separar Maria de Jesus. Salve, ó Corpo nascido de Maria! Salve Maria, aurora da Eucaristia!”

Para a beata Maria Cândida, a Eucaristia é alimento, é encontro com Deus, é fusão de coração, é escola de virtude, é sabedoria de vida. “O Céu mesmo não possui mais; Aquele tesouro único está aqui, é Deus! Verdadeiramente, sim, verdadeiramente: meu Deus e meu Tudo”. “Peço a meu Jesus ser colocada como sentinela de todos os sacrários do mundo até o fim dos tempos”.

No dia 12 de junho de 1949, na Solenidade da Santíssima Trindade, depois de alguns meses de sofrimentos físicos atrozes, Maria Cândida da Eucaristia faleceu.

Em 05 de março de 1956, Mons. Francisco Pennisi, Bispo de Ragusa, abriu o processo ordinário diocesano concluído em 28 de junho de 1962. Foi beatificada em Roma no dia 21 de março de 2004. A Igreja a celebra no dia 12 de junho e o Carmelo Descalço no dia 14 de junho.

Carta de irmã Maria Cândida da Eucaristia a Jesus Hóstia: Oh, Jesus! Hóstia de amor, hóstia imaculada e imenso fascínio da minha alma! Gostaria de contemplar-te sempre, beber de Ti um amor e uma pureza infinitos. Gostaria de ser semelhante a Ti, para alegrar-te.

Ó meu Jesus! Doa-me o esplendor da Hóstia. Dá-me o candor da hóstia imaculada. Ó Alimento divino, gostaria de transformar-me em Ti, de tornar-me para Ti como Tu: uma hóstia pura, dulcíssima e santa. Como eu me comprazo em Ti, assim, gostaria que Tu te comprazas em mim.

Hóstia santa e imaculada, eu me sacio com a tua pureza. Tu que és a vida, faz que eu viva em Ti. Ainda mais uma vez me consagro inteiramente ao teu amor, te consagro todos os meus sofrimentos, os meus suspiros, as minhas aspirações e todos os meus desejos.

Desejo só a Ti, unicamente e sempre a Ti. Eu te ofereço todo o meu amor como uma torrente: desde quando o meu coração recebeu a vida até o dia em que esta se apagará. Recebe-me como lâmpada que não se apaga, roubada pelo teu amor, adorando, agradecendo, reparando, tendo as abertas asas do meu amor para defender-te dos profanadores e dos corações malvados e para afastá-los de Ti.

Ó Pai celeste! Concede-me, dia e noite, te acompanhar com o coração, ó Jesus, enquanto Tu desces como hóstia nas almas maculadas pelo pecado, sacrílegas ou cheias de indiferença e dissipação. Transbordante de imensa dor, peço perdão por elas e quero reparar.

Sim, meu Jesus, Tu nos fazes felizes nesta vida, porque só contigo a alegria e o sorriso nunca faltarão. Quem te encontra, encontra tudo!

Eu te amo, te adoro, te louvo e te agradeço. Por teu amor não desça nestas almas, mas converte-as. Eu te amo, ó meu Bem, no Sacramento, e gostaria que a tua vida resplandecesse através de mim.

Queria que a Hóstia resplandecesse nos meus olhos, na minha fronte, nos meus lábios, no meu peito. Queria mostrar-te a todos, ó Pão da Vida, e transmitir a todos a tua beleza! Ó bela e imaculada Hóstia, sou toda tua. Como tua propriedade que seja marcada com o teu sinal, a Hóstia.

Por que todos os homens não te conhecem? Tu és a felicidade e todas as belezas e as alegrias estão em Ti, mas os homens não o sabem. Não te compreendem e perdem o caminho que conduz ao oásis da verdadeira felicidade.

Ó Jesus, se o mundo conhecesse o teu Sagrado Coração, o desejo ardente de fazer todos felizes, se conhecesse quanto Tu fizeste e continua a fazer para cada um dos teus filhos redimidos!

Ó filhos dos homens, até quando desconhecereis o amor do Filho de Deus por vós? Faz 20 séculos que Ele é prisioneiro para vós no Santíssimo Sacramento, escravo de amor sob as espécies sacramentais, vítima perene por vós. Lanço para vós o grito do meu coração, tão angustiado! Estendo os braços, acordai-vos! Eles não têm mais forças. Vinde e provai e tereis paz e felicidade. Sim, meu Jesus, Tu nos fazes felizes nesta vida, porque só contigo a alegria e o sorriso nunca faltarão. Quem te encontra, encontra tudo, quando eu também, na minha juventude, te encontrei, encontrei verdadeiramente tudo!

Beata Cândida da Eucaristia, rogai por nós!

Beata Josefina de Jesus Crucificado

“Eu me ofereci a Jesus Crucificado para ser crucificada com ele.”

Josefina Catanea nasceu no dia 18 de fevereiro de 1894, em Nápoles, no seio da nobre família dos marqueses Grimaldi. Desde pequena mostrou uma predileção particular pelos pobres e os mais necessitados, destinando-lhes o dinheiro que lhe davam para brinquedos ou merendas, e ajudando a duas velhinhas que viviam sozinhas.

O exemplo de sua avó e de sua mãe foi a escola onde aprendeu a conhecer Jesus e a se enamorar dEle. Tinha uma devoção particular pela Eucaristia e pela Virgem Maria, o que demonstrava rezando o Rosário.

Depois de terminados os estudos, em 10 de março de 1918, superando a oposição de sua mãe e de seus familiares, ingressou no Carmelo de Santa Maria, em “Ponti Rossi”, lugar assim chamado porque ali se encontravam as ruínas de um aqueduto romano.

No Carmelo aprendeu a amar a Cristo em meio ao sofrimento, oferecendo-se como vítima pelos sacerdotes. Soube aceitar a vontade de Deus, embora isto significasse grande dor física: se viu afetada por uma forma grave de tuberculose na espinha dorsal, com dores nas vértebras, que a paralisou completamente. Em 26 de junho de 1922 foi curada milagrosamente, de forma instantânea, depois do contato com o braço de São Francisco Xavier, que lhe levaram até sua cela.

A “monja santa”, como a chamava o povo, iniciou um grande apostolado principalmente no locutório do convento, acolhendo a todo tipo de pessoas doentes e necessitadas de ajuda, tanto material como espiritual, às quais proporcionava consolo e conselho para encontrar o amor de Deus. Inclusive realizou milagres.

Sua abnegação prosseguiu também quando foi acometida de outras enfermidades que a obrigaram a usar cadeiras de rodas, crucificando-se com Jesus pela Igreja e pelas almas.

Em 1932 a Santa Sé reconheceu a casa de “Ponti Rossi” como convento da ordem segunda das Carmelitas Descalças, e Josefina Catanea recebeu o hábito de Santa Teresa de forma oficial, tomando o nome de Maria Josefina de Jesus Crucificado. Em 6 de agosto desse mesmo ano fez a profissão solene segundo a Regra carmelitana, que já vivia desde 1918.

Em 1934 o Cardeal Alessio Ascalesi, arcebispo de Nápoles, a nomeou sub-priora; em 1945, vigária; e em 29 de setembro desse ano, no primeiro capítulo geral, foi eleita priora, cargo que desempenhou até sua morte.

Sua espiritualidade, sua docilidade amorosa, sua humildade e simplicidade, lhe granjearam grande estima durante os anos da 2ª. Guerra Mundial. Rezava sem cessar, alimentando assim sua confiança em Deus, com a qual contagiava a todos os que se dirigiam em peregrinação a “Ponti Rossi” para escutar suas palavras de alento, consolo e estímulo para superar as provas e as dores das tristes situações resultantes da guerra.

No dia de sua tomada de hábito dissera: “Eu me ofereci a Jesus Crucificado para ser crucificada com Ele”, e o Senhor aceitou sua oferta. Compartilhou os sofrimentos de Cristo de forma silenciosa, porém alegre. Suportou durante muitos anos duras provas e perseguições com espírito de abandono à vontade de Deus. Também gozou de carismas místicos extraordinários.

Por obediência e por conselho de seu diretor espiritual, escreve sua “Autobiografia” (1894-1932) e seu “Diário” (1925-1945), bem como numerosas cartas e exortações para as religiosas.

A partir de 1943 começou a sofrer várias enfermidades especialmente dolorosas, que incluíram a perda progressiva da visão. Convencida de que essas enfermidades eram vontade de Deus, as acolhia como “um dom magnífico” que a unia cada vez mais a Jesus Crucificado. Com um sorriso nos lábios, ofereceu seu corpo como altar de seu sacrifício pelas almas. Morreu no dia 14 de março de 1948 em sua cidade natal.

Foi beatificada na Catedral de Nápoles pelo Cardeal Crescenzio Sepe em 1º de junho de 2008. A sua memória litúrgica é celebrada em 26 de junho.

Beata Maria Felicia

“Ilumina minhas trevas, que eu conheça o meu fim, que eu te conheça, que eu te ame, que eu te siga, que eu te sirva com integridade de vida.”

Maria Felícia nasceu a 12 de janeiro de 1925 em Villarrica del Espíritu Santo, Paraguai. Seus pais foram Ramón Guggiari e Maria Arminda Guggiari Echeverría. O lar foi abençoado com sete filhos, dos quais Maria Felícia era a primogênita.

Foi batizada no dia 28 de março de 1928 na sua cidade natal. Seus padrinhos foram Luis Rufinelly e Maria Arminda Guggiari.

Era fisicamente pequena, motivo pelo qual o seu pai apelidou-a de “Chiquitunga” (Pequerrucha). Foi dotada de esplêndidas qualidades humanas e espirituais como a alegria, a sociabilidade, a disponibilidade para o serviço, modéstia e simplicidade.

A VOCAÇÃO

Chiquitunga, no seu desejo de viver o lema da sua vida: “tudo te ofereço, Senhor”, pergunta-se onde seria o lugar dessa entrega total: “… Neste momento, em que como nunca, com um ardor inigualável, queria dar-me, dar-me Jesus, Mestre amado, sem medida, Esposo de minha alma, tu que conheces minhas ânsias de apostolado, de zelo pela salvação das almas, ajuda-me: que saiba onde queres a consagração integral de todo o meu ser…!… Por um lado, está a ânsia de me entregar em corpo e alma ao Divino Esposo num convento onde sem cessar possa louvá-lo, reverenciá-lo e servi-lo… e, por outro lado, a necessidade do apostolado leigo: estar em todos os ambientes e em todo momento”.

O ENCONTRO COM A MADRE TERESA MARGARIDA:

O Senhor ia guiando o seu caminho de procura, levando-a a encontrar-se com a Prioresa das Carmelitas Descalças de Assunção, que estava hospitalizada no Hospital Espanhol; Chiquitunga no seu diário diz-nos: “Francamente eu não ia lá, mas Deus arranjou tudo e, graças a isso, hoje conto com uma mãe”. A Madre teve a oportunidade de conhecê-la e acompanhá-la no momento de dúvidas pelo qual ela estava a passar.

No mês de janeiro de 1954, saía de uns exercícios espirituais resolvida a entregar-se inteiramente a Deus em corpo e alma como Carmelita Descalça, porém ainda teve de esperar um ano cheio de sofrimentos e obstáculos.

NO CARMELO

Na manhã do dia dois de fevereiro, festa da apresentação do Senhor, repleta de fervor, começou sua nova vida de Carmelita: “Faz exatamente 18 dias de constantes e ininterruptas horas de gozo neste santo Carmelo, no qual Deus, nosso Senhor, com infinita misericórdia, me elegeu, e tremo, de verdade, ao dizer esta palavra, conhecendo-me ruim e pecadora como sou”.

A Madre Teresa Margarida resumiu em poucas palavras as atitudes da Venerável Ma. Felícia desde o princípio: “Grande espírito de sacrifício, caridade e generosidade, tudo envolvido em grande mansidão e comunicativa alegria, sempre vivaz e brincalhona”.

Antes da tomada de hábito, uma nova prova invade o seu espírito: seria vontade de Deus que se encerrasse por toda a vida no Carmelo tendo tanto para evangelizar no mundo? Uma vez conhecida a vontade de Deus, superou esta crise e começou o ano de noviciado com alegria. Fez a Profissão simples no dia 15 de agosto de 1956.

A DOENÇA

Em janeiro de 1959 foi acometida por uma tremenda doença: “hepatite infecciosa”. Logo após examiná-la, o médico declarou a urgente necessidade de hospitalização. Da clínica escrevia: “Já estou esperando por Jesus. Queria encher-me somente do seu amor e não viver senão para Ele. Só desejo cumprir a sua vontade, não quero outra coisa…”

Começada a Quaresma, “o mal” cedeu aparentemente e pôde reintegrar-se ao Mosteiro. No dia 30 de março, Segunda-feira Santa, após uma nova revisão, diagnosticaram lhe “Púrpura” e foi novamente hospitalizada.

SUA MORTE

“… Que morro porque não morro…”. Viveu seus últimos dias em total abandono à vontade de Deus. Antes de entregar seu espírito ao Senhor, pede para que lhe leiam a poesia de S. Teresa: “Morro porque não morro”. Com o rosto muito alegre escutava e repetia o refrão “… Que morro porque não morro”.

Dirige-se ao seu pai e diz-lhe: “Paizinho querido, sou a pessoa mais feliz do mundo. Se soubesses o que é a Religião Católica!” E acrescenta, sem se apagar o sorriso de seus lábios: “Jesus, amo-te! Que doce encontro, Virgem Maria!”.

Dirigiu umas palavras de consolo aos seus familiares e entregou sua alma ao Criador. Era o dia 28 de abril de 1959.

As exéquias foram uma manifestação espontânea e, em boa parte, inesperada da sua fama de santidade no meio do povo de Deus. O comentário que se ouvia entre as pessoas era: “Morreu uma santa”.

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