História

Monte Carmelo

O Carmelo, a Ordem cuja fonte inspiradora é a mais antiga da Igreja, leva o nome de um monte da Palestina: o Monte Carmelo.

Sua origem está ligada à pessoa do profeta Elias, o profeta da “presença de Deus”, e que surge na Sagrada Escritura para lembrar ao povo de Israel a “Aliança” com o Senhor dos Exércitos, aliança essa, que eles haviam abandonado para seguir outros deuses.

Elias, cujo nome significa “o Senhor é meu Deus”, é o inspirador da Ordem do Carmelo. Por isso, os traços principais da vida do Profeta Elias marcam a Ordem do Carmelo:

O Monte Carmelo é uma montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo. O seu nome (Karmel) significa “jardim” ou “campo fertil”. A grande cidade israelita de Haifa localiza-se parcialmente sobre o Monte Carmelo, além de algumas outras cidades menores, como Nesher e Tirat Hakarmel. Este trata-se do local onde se deu o duelo espiritual entre o profeta Elias e os profetas de Baal. Foi no Monte Carmelo que Elias provou aos homens que o Deus de Israel era o verdadeiro Deus, e não Baal. O Monte Carmelo é históricamente interessante pela sua conexão com dois grandes profetas de Israel: Elias e Eliseu.

  • É o profeta solitário: sentindo sua fraqueza, e ameaçado de morte, foge para o deserto e lá é sustentado por um alimento misterioso que Deus lhe envia (cf. 1Rs 19,1-8).
  • É o profeta zeloso pela glória do Senhor: mata os profetas de Baal para provar ao povo de Israel que o “Senhor é Deus” (cf. 1 Rs 18,21 e 1 Rs 19,10).
  • É o Profeta da presença de Deus, que reconhece o Senhor numa brisa (cf. 1Rs 19, 12-13).
  • É o Profeta que intercede (1Rs 17,1.7-23).
Monte Carmelo

Surgimento da Ordem

Fonte de Elias

No Monte Carmelo esses eremitas constroem uma capela dedicada a Maria, vendo nela a Mãe dedicada, a Irmã que compartilha a mesma vida, a Mestra de oração e de escuta da Palavra de Deus, “modelo e ideal de consagração”, enfim, o protótipo do verdadeiro carmelita.

Em 1238, os carmelitas (como passaram a ser chamados) são obrigados a deixar o Monte Carmelo e se estabelecem na Europa, deixando de viver como eremitas, passando a exercer trabalhos apostólicos, porém, conservando seu ideal contemplativo. O ramo feminino da Ordem surge no século XV.

No final do século XII e início do século XIII, um grupo de fiéis europeus, ex-combatentes das Cruzadas e peregrinos, passam a viver como eremitas no Monte Carmelo, junto à “fonte de Elias”. Seu modo de vida é inspirado no Profeta Elias e nos filhos dos Profetas que ali viveram.

Por volta do ano de 1209, Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, lhes dá, conforme seu pedido, uma Regra de vida (em vigor até os nossos dias) e, assim, eles passam a constituir a Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.

Capela de Nossa Senhora do Carmo

“Deus fala no silêncio, mas é preciso saber ouvi-lo. Por isso, os Mosteiros são oásis em que Deus fala à humanidade; e neles encontra-se o claustro, lugar simbólico, porque é espaço fechado, mas aberto para o Céu”.  (Bento XVI,10/8/2011)

“As Monjas Descalças da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo fazem parte de uma família religiosa, enriquecida com um carisma próprio, para desempenhar uma missão peculiar no Corpo Místico de Cristo”. (Const.1)

“As origens da Ordem, o título da “Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo” e as antigas tradições espirituais demonstram a índole mariana e bíblica da vocação carmelitana. Ao escolher a Virgem Maria como Mãe e Padroeira, a Ordem busca amparo sob sua proteção; e vê, no mistério de sua vida e de sua união com Cristo, um modelo e ideal de consagração.

Olhando para os veneráveis padres antigos, especialmente para o profeta Elias, como seu inspirador, a Ordem adquire uma consciência mais viva da sua vocação contemplativa, voltada para a escuta da palavra de Deus e para a busca do tesouro mais valioso, a pérola preciosa de seu reino, em completa solidão e total separação do mundo” (Const. n.º 2).

A presença de Maria impregna totalmente a vocação carmelita, e confere um selo mariano particular à contemplação e à comunhão fraterna, à abnegação evangélica e ao espírito apostólico.

O Carmelo é todo Mariano.

O Carmelo Teresiano

Em 1562, respondendo a um apelo divino e como consequência de um intenso processo de vida espiritual, Teresa funda o primeiro Carmelo da Reforma ou Descalço. Queria desse modo resgatar o espírito primitivo da Ordem. Portanto, não quis fundar uma nova Ordem, mas assegurar a continuidade do Carmelo.

Santa Madre
Ávila - Espanha

Santa Teresa direcionou toda a sua obra fundacional para um sentido profundamente eclesial e apostólico: queria que suas filhas fossem “amigas” do Senhor pela vida de oração e de união com Ele, para alcançar favores e graças para o mundo inteiro, mas, principalmente para os sacerdotes a fim de, através deles, salvar muitas almas.

“A Origem da família teresiana no Carmelo e o sentido de sua vocação na Igreja estão intimamente vinculados ao processo da vida espiritual e ao carisma de Santa Teresa; sobretudo às graças místicas que a moveram a renovar o Carmelo, orientando-o completamente à oração e contemplação das coisas divinas, vivendo os conselhos evangélicos segundo a Regra “primitiva”, em uma pequena comunidade fraterna, fundada na solidão, oração e estrita pobreza” (Constituições, n.º4).

Santa Teresa orientou “ao serviço da Igreja a oração, o retiro e a vida inteira das Carmelitas Descalças” (cf. Constituições, 5). “Por isso, em virtude de sua vocação, estão chamadas à contemplação tanto na oração como na vida […] Por exigência do carisma teresiano, a oração, a consagração e todas as energias de uma carmelita descalça devem estar orientadas para a salvação das almas” (Constituições, n.º10).

Nosso Carmelo

O Carmelo do Espírito Santo, em Teresópolis, Rio de Janeiro, foi idealizado por Ir. Maria Luísa da Trindade, que vendo as belíssimas paisagens naturais de Teresópolis, com o Dedo de Deus apontando para o céu, como que pedindo almas que estivessem sempre voltadas para o Alto em prece e penitência pedindo pelas necessidades e pela paz do mundo que estava em guerra. Lutou pela fundação e construção do nosso Mosteiro.

O Mosteiro foi fundado no dia 03 de julho de 1945, tendo como fundadoras a serva de Deus, Madre Maria José, do Carmelo de Santa Teresa do Rio de Janeiro e Madre Maria Evangelina da Assunção do Carmelo da Santíssima Trindade.

O novo Mosteiro, construído em três anos, graças ao espírito empreendedor de Madre Maria Bernadette que confiando em Deus, em Nossa Senhora e São José, com o auxílio de grandes e numerosos benfeitores, conseguiu construir o nosso atual Carmelo. Mais do que o Mosteiro Material, ela procurou formar pedras vivas que são as monjas que foram e são o fundamento espiritual deste Carmelo.

Monjas Carmelitas: nosso ideal

Como Carmelitas, participamos do dom carismático da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo e somos chamadas a “Viver em obséquio de Jesus Cristo”, em atitude contemplativa que plasma e sustenta nossa vida de oração, fraternidade e serviço.

Fecundamos o mundo com a presença de Deus, fazendo de nossa vida um louvor permanente.

Testemunhamos o absoluto de Deus e a alegria de servi-lo e viver em sua presença todos os dias.

Em nossa busca do rosto de Deus, encontramos na familiaridade com a Virgem Maria e no itinerário místico-profético de Elias a força de inspiração para a fidelidade ao nosso ideal monástico. Uma multidão de Santos e Santas, que foram fiéis ao nosso Carisma e ideal, orientam-nos em nosso itinerário contemplativo até o cimo do Carmelo, o Cristo Jesus, nosso Senhor. Buscamos o rosto de Deus em comunidade, acreditando na presença de Jesus em nosso meio.

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N. Carmelo dentro
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Quem somos

Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo

Somos Monjas Contemplativas Carmelitas Descalças da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Uma pequena Comunidade fraterna, orante, a serviço da Igreja. O fundamento desta Casa é a Oração; a Eucaristia a fonte e o cume.

Para Santa Teresa, na Comunidade a presença de Cristo ressuscitado ilumina a vida comunitária, é seu centro e anda com as Irmãs. A Comunidade está também aos cuidados de Maria SSma e de São José (Vida, 16,7): eles são modelos de fé e de adesão incondicional da Palavra divina que lhes confia uma missão única na história, não obstante sua condição humilde e pobre. Assim também cada Comunidade carmelitana é chamada a viver como Maria e José: servos disponíveis do Senhor, vivendo numa constante companhia com Jesus.

A constante busca do Rosto de Deus, uma existência inteira e desinteressada ao serviço do louvor divino que proclama e difunde por si mesma o primado de Deus.
A alegria verdadeira, a espontaneidade fraterna, a escuta mútua, a presença amiga e a sinceridade no trato é o que nos caracteriza.

Na cultura do provisório a vida contemplativa aponta o que permanece: o Absoluto de Deus. Nossa Comunidade se empenha por ser “luz sobre o candelabro e, na simplicidade de vida, representa visivelmente a meta para onde caminha a Comunidade eclesial inteira. Em profunda comunhão com todas as outras vocações de vida cristã, pelo nosso carisma específico, dedicamos boa parte dos nossos dias a imitar a Mãe de Deus, que meditava assiduamente as palavras e os fatos do seu Filho e Maria de Betânia que, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra”. (Papa Francisco, VDQ)

“Louvemos ao Senhor que aqui nos reuniu!” (S Teresa de Jesus).

“A vida consagrada é uma história de amor apaixonado pelo Senhor e pela humanidade: na vida contemplativa, esta história constrói-se, dia após dia, através da busca apaixonada do rosto de  Deus, na relação intima com Ele”. 

(Papa Francisco, VDQ)

A presença de Maria na Vida e Reforma de Teresa de Jesus

Ambiente histórico em que Teresa de Jesus experimentará e vivificará a Mariologia da Igreja

Teresa de Ahumada nasceu em tempos difíceis. O avanço da reforma protestante parecia imparável. A fé católica estava em perigo, já que os reformadores decidiam por iniciativa própria, à margem da tradição da Igreja, quais dos sacramentos consideravam válidos, que livros formavam parte do cânon da Bíblia, que formas de vida deviam existir na Igreja…

Os reformadores decidiram também que a Mãe de Jesus só poderia ser considerada exemplo de fé para os cristãos, mas que não se poderia invocá-la, honrá-la, nem prestar-lhe culto nenhum, pois isso usurparia a honra que só a Deus é devida.

Esta ideologia sobre Maria é estranha à fé da Igreja. Esta oração é do século III: “À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas nas nossas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!

Uma das respostas de Deus ao repto da ideologia protestante foi conceder a Teresa de Jesus que experienciasse Maria, primeiro em sua casa e depois no Carmelo.

Teresa de Jesus é a encarnação viva de Maria que “cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada.” (LG 62).

A VIRGEM MARIA EM SUA FAMÍLIA

  • “A isto juntava-se o cuidado de minha mãe em fazer-nos rezar e tornar-nos devotos de Nossa Senhora” (V 1,1).
  • Ela integrará na sua vida este ensinamento de sua mãe. Quando perdeu a mãe foi “muito aflita junto de uma imagem de Nossa Senhora” e suplicou-lhe que “fosse ela a minha mãe” (V 1, 7).
  • Entregando-se à Virgem pode dar testemunho da sua ação maternal para com os que se acolhem ao seu regaço: «tenho consciência de que encontrei esta Virgem soberana logo que me encomendei a Ela» (V 1,7).
  • Reconhece que Maria a cativou para si (conf. V 1,7). A Virgem a fará regressar à profunda intimidade com Deus, para que seja de todo Sua.

INGRESSARÁ NA ORDEM DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO

O Patriarca Santo Alberto ao dar a Regra de Vida aos eremitas latinos do Monte Carmelo pede que erijam um oratório no meio das celas e aí se reúnam todos os dias para a Santa Missa (n.14).

O amor e a devoção que estes eremitas professavam à Virgem Maria moveu-os a dedicar-lhe a sua primeira capela. Isto, na mentalidade feudal, significava que se estabeleciam laços de vassalagem espiritual: eles e tudo o que lhes pertencia seriam de Nossa Senhora, que seria Dona do local e dos seus moradores. Por sua vez, estes ficavam consagrados a Nossa Senhora, punham-se totalmente ao seu serviço e comprometiam-se a honrá-la, confiando que Ela os protegeria como a coisa sua.

A Terra Santa é a herança de Jesus: os eremitas latinos ao dedicar a capela à Sma. Virgem Maria fariam com que uma parte da Palestina pertencesse a Jesus e à sua Mãe. Desde então os carmelitas, ao fazer a profissão religiosa, comprometem-se a viver em “obséquio de Jesus e Maria”, o que significa amá-los, honrá-los e servi-los com total fidelidade, confiando que Jesus e Maria os protegerão como a coisa sua e tornarão possível a união com Deus Trindade, parcialmente nesta vida e plenamente na eternidade.

TERESA INTEGRARÁ A MARIOLOGIA DO CARMELO

Teresa de Jesus não escreverá nenhum tratado sobre a Virgem Maria, mas mencioná-la-á nos seus escritos. A partir deles poderíamos redigir a mariologia do Carmelo.

O aforismo medieval “O Carmelo é todo de Maria”, ver-se-á refletido nos seus escritos: As monjas são “filhas da Virgem”, os frades são “filhos da Virgem”, os conventos são “pombaizitos da Virgem”, os benfeitores “santos amigos da Virgem”

Animará a todos a servir a Virgem: “O agrado de nosso Senhor por qualquer serviço que se preste a Sua Mãe é grande” (F 10,5)

Realiza a Reforma com o desejo de que se guarde a Regra de Nossa Senhora com a perfeição com que começou. A Regra tenta transparentar a vida que levou a Virgem Maria.

O hábito apresenta a pertença à Ordem da Virgem Maria, mas também a exigência de transparentar as suas virtudes. Dirá às suas monjas: «Minhas filhas, pareçamo-nos nalguma coisa à grande humildade da Sacratíssima Virgem, cujo hábito trazemos. É uma afronta dizermos que somos suas freiras, pois, por muito que nos pareça que nos humilhamos, ficamos muito longe de ser filhas de tal Mãe e esposas de tal Esposo» (C 13,3).

TERESA INVOCARÁ MARIA COMO MÃE, PADROEIRA, IRMÃ

Maria é a Senhora do Carmelo. Tudo lhe pertence: as casas e os que nelas habitam. Estes consagram-se ao seu serviço. Nossa Senhora é o termo mais usado por Teresa ao referir-se a Maria, e a sua alegria é servi-la.  “Nós alegramo-nos por poder servir nalguma coisa Aquela que é nossa Mãe, Senhora e Padroeira (F 29, 23)

Maria é a padroeira da Ordem. Diria A. Bostio, “A Ordem descansa nas suas mãos. Ela preocupa-se com cada um dos seus membros como se fosse as pupilas dos seus olhos”.  A Ordem recebeu tantos benefícios da sua Padroeira que lhos agradece no dia 16 de julho, na comemoração solene a Ela dedicada. Perante tantos favores recebidos da Virgem, Madre Teresa indica às suas filhas que Ela é a sua protetora e que se regozijem de que o seja: “considerai quão excelsa deve ser esta Senhora e o grande benefício de a termos por padroeira” (M 3, 1, 3).

Maria é a bela Irmã da Ordem. Na tradição mariana da Ordem, Maria foi considerada Irmã, devido à sintonia na virgindade da sua vida com a dos carmelitas. Como Irmã mais velha Maria admitiu os carmelitas em sua casa para caminhar junto deles no seguimento do seu Filho, ajudando-os e reconfortando-os nas suas dificuldades e sofrimentos. Teresa escreverá às carmelitas descalças de Sevilha, “Saiam-se com honra, como filhas da Virgem e irmãs suas, nesta grande perseguição pois, se se ajudarem, o bom Jesus vos ajudará“ (Cta 31.1.1573).

Maria é a Virgem do Escapulário: na vida protege, da morte eterna salva e do purgatório livra. Da proteção do Santo Escapulário há milhares de testemunhos.

TERESA FARÁ SUAS AS CAUSAS DE MARIA

A Virgem Maria é invocada como Mãe da Igreja, Rainha da Paz, Auxílio dos Cristãos…, algumas nações pôr-se-ão sob a sua proteção.

Orando e animando a orar pelos defensores da Igreja, promoverá a pacificação das guerras de religião que ensanguentavam a Europa.

As orações de Teresa de Jesus e as que animará as suas monjas a fazer unir-se-ão à oração da Virgem Maria pela paz. Deste modo contribuirão para alcançar de Deus tão apreciado dom (cf. Cta. a D. Teotónio de Bragança 22.7. 1579).

Teresa participará na missão corredentora da Virgem, suplicando e ensinando a suplicar ao Pai pela paixão e morte de seu Filho, para alcançar de Deus a salvação eterna dos redimidos por Cristo.

Participará da maternidade espiritual de Maria sobre a Igreja. Suplicará e animará a que se suplique a Deus pelo aumento de novos filhos e filhas da Igreja. Em consequência, rezará para que os missionários sejam fortalecidos na missão e esta se torne fecunda, sendo a Boa Nova de Jesus Cristo acolhida por parte dos que são evangelizados. Recordemos que ela percorreu parte de Espanha fundando mosteiros para favorecer com a oração das monjas a evangelização da América.

ESPÍRITO SANTO PLASMA EM TERESA DE JESUS O ESPÍRITO DE MARIA

Os seus sentimentos, os seus interesses, os seus ideais são os mesmos da Virgem Maria: ajudar a Cristo na sua obra de redenção.

Assume o chamamento de Jesus de reconstruir espiritualmente a Ordem de Maria, através de fundações em que se viverá a Regra com todo o rigor. Levá-lo-á a cabo com interesse, solicitude, abnegação: nenhuma dificuldade conseguirá desanimá-la nem fazê-la abandonar essa missão.

Jesus lho agradecerá: «vi a Cristo que parecia receber-me com muito amor e me punha na cabeça uma coroa para me agradecer o que tinha feito por Sua Mãe» (V 36,24). Assim vemos que servir a Ordem é servir Maria.

Teresa, cheia do espírito de Maria, exercerá uma verdadeira maternidade espiritual para com monjas e frades, inclusive para com os leigos a quem o Espírito deu o mesmo carisma e para com outros benfeitores. Como Maria em Caná: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo 2,5), animará todos os seus filhos e filhas no seguimento de Jesus e no serviço à Igreja, para que assim cheguem ao cume mais alto da união com Deus Trindade.

INCULCAR-LHES-Á QUE SÃO FILHOS DA VIRGEM MARIA

Teresa de Jesus chama «minhas filhas» às suas monjas, mas tentará transmitir-lhes que em primeiro lugar são «filhas da Virgem».

Santa Teresa precede-nos a todos no Carmelo Teresiano, mas não podemos dizer que em Teresa esteja toda a pujança espiritual que viverá a sua descendência. Podemos, sim, afirmar que, da pujança do seu espírito, depois de profundas purificações, iniciam a sua caminhada os seus filhos e filhas. Vemo-lo em Teresa do Menino Jesus, em Isabel da Trindade, em Francisco Palau…

O manancial da altura espiritual de todos os carmelitas está na Virgem Santíssima: ninguém a superou em nenhuma dimensão da vida humana e espiritual. Ela a todos precede na união com Deus: com o seu testemunho, a sua ajuda e proteção contribui para que nesta vida nós, os carmelitas, cheguemos a viver a plenitude da graça batismal que é a vida trinitária. Por nosso lado, nós, carmelitas, somos na Igreja testemunhas da belíssima vida interior de Maria.

A ORDEM DO CARMO É A ORDEM DE MARIA

Santa Teresa ouviu no seu interior o Senhor que lhe dizia: “Em teus dias verás muito avançada a Ordem da Virgem” (CC 14). Jesus identifica a Ordem do Carmo como Ordem de Maria.

Anos mais tarde Santa Madalena de Pazzi terá uma visão que corroborará isto: «Via que todos os trilhos conduziam a um maravilhoso jardim. Uns terminavam numa fonte, outros numa árvore. Entendi que as ditas fontes e árvores eram os fundadores das Ordens religiosas, como Santo Agostinho, São Domingos, São Francisco… Via que o caminho por onde seguiam [os carmelitas] … era muito mais notável que os outros, mas não concluía em nenhuma daquelas árvores nem fontes, mas sim na Rainha e Senhora do jardim, que é a nossa Mãe, a Virgem Maria, sob cujo estandarte vivemos».

Os testemunhos de Santa Teresa de Jesus e de Santa Madalena de Pazzi, juntamente com o testemunho de carmelitas de todos os séculos, corroboram «que não se reconhece no Carmelo outro fundador ou padroeiro da Ordem, senão a própria Virgem Maria, aquela que presidiu à Capela primitiva do Wadi es-Siah [Monte Carmelo] e que com amável e profundo olhar foi formando e alimentando a sua Ordem na contemplação”.

OS CARMELITAS REFLETEM A BELEZA INTERIOR DE MARIA

Os carmelitas compreenderam que a fonte do mais puro amor à Santíssima Virgem, é o amor que Cristo tem para com a sua Mãe. Por isso, o carmelita procura que seja Cristo quem em si mesmo ame a Sua Mãe.

Jesus Cristo compraz-se em poder amar a Sua Mãe e em a servir através de cada um dos carmelitas e das carmelitas. Por isso, lhes deu como herança ser reflexo da belíssima vida interior da sua Mãe Santíssima.

  • Teresa de Jesus é um verdadeiro reflexo da maternidade espiritual da Virgem Santíssima para com todos os redimidos por Cristo.
  • São João da Cruz é reflexo do canto de Maria à beleza e formosura de Deus.
  • Santa Teresa do Menino Jesus é um reflexo da infância espiritual de Maria.
  • Isabel da Trindade ajuda-nos a vislumbrar a união e adoração de Maria à Sma. Trindade.

Por sua vez a Virgem Maria através dos carmelitas ajuda Jesus Cristo nos momentos mais difíceis da história da Igreja, para que a redenção de seu Filho seja fecunda. Teresa e João da Cruz fortalecem a Igreja perante a reforma protestante. Francisco Palau perante o liberalismo. Teresa do Menino Jesus perante a filosofia da morte de Deus. Isabel da Trindade na grave crise eclesial em França. Maravilhas de Jesus perante o ódio a Deus em Espanha. Edith Stein e Tito Brandsma perante o nazismo. Que serviço devo eu oferecer?

QUE NOS ENSINA TERESA DE JESUS SOBRE A VIRGEM MARIA?

  • Ser carmelita é amar a Virgem Maria com profundo amor filial, é honrá-la na liturgia, é invocá-la nas necessidades e ensinar que outros o façam, é trazer o escapulário, imitar as suas virtudes.
  • Ser carmelita é procurar a união com Deus Trindade, esvaziar-se de si mesmo, para deixar que o Espírito Santo derrame em nós o espírito de Maria.
  • Todo o filho e filha de Santa Teresa de Jesus, é chamado a viver a sua adesão à Santíssima Virgem Maria, de modo que seja Ela que em nós reedifique o Carmelo na caridade, na unidade e na verdade. Assim a Ordem cheia de vitalidade, contribuirá eficazmente na reedificação da Igreja e na pacificação da humanidade na justiça e na verdade.
  • Ser carmelita é assumir como nossas as causas que a Igreja e a sociedade encomendam à Virgem, como Rainha da Paz, Auxílio dos cristãos, Padroeira de tantos países; orando e trabalhando nessas causas ajudamo-la a levar a cabo a sua missão.
  • Ser carmelita é estar com Maria ao pé da Cruz para tornar fecunda a redenção de Cristo, sobretudo nos momentos mais críticos da História da Igreja e da humanidade.

 

Siglas das obras de Santa Teresa de Jesus:

  1. Caminho de Perfeição,

CAD Conceitos do Amor de Deus,

CC Contas de Consciência,

Cta. Cartas,

  1. Fundações,
  2. Moradas
  3. Livro da Vida.

 

O Mosteiro

“Um mosteiro contemplativo constitui um dom para a Igreja particular a que pertence…representa a própria intimidade de uma Igreja, o coração onde o Espírito geme e intercede continuamente pelas necessidades da comunidade inteira…” (Vsp n°8)

A vida comtemplativa na Igreja

Os Institutos orientados totalmente à contemplação constituem um motivo de glória e uma fonte de graças celestes para a Igreja. Na solidão e no silêncio, mediante a escuta da Palavra de Deus, a realização do culto divino, a ascese pessoal, a oração, a mortificação e a comunhão do amor fraterno contribuem, com uma misteriosa fecundidade apostólica, para o crescimento do Povo de Deus. (VC. 8)

Ser Carmelita é um jeito fascinante de viver.

A vocação das Carmelitas Descalças é um dom do Espírito, que as convida a uma misteriosa união com Deus, Vivendo em amizade com Cristo e em intimidade com a Bem-aventurada Virgem Maria; a oração e a imolação fundem-se vivamente com um grande amor à Igreja. (Const. 10).

A vida de uma carmelita descalça

A vida diária de uma carmelita é muito simples e muito intensa como a vida de uma família. Toda a estrutura da vida gira em torno de um duplo eixo: oração e vida fraterna. Seguimos um horário que divide o nosso dia entre oração (litúrgica e pessoal), trabalho, momentos de encontros fraternos, momentos de solidão e descanso. Fazemos os trabalhos da casa e, trabalhamos para a manutenção do Mosteiro.

​Um dia do Carmelo

  • 4.40h – Despertar
  • 5.00h – Oficio da Manhã – Laudes Matutina
  • 5.30h – Oração Pessoal
  • 6.50h – Oração de Tércia (Primeira Hora Média)
  • 7.15h – Santa Missa em seguida o Café
  • 8.20h – Leitura Espiritual
  • 9.00h – Trabalho
  • 10.55h – Oração de Sexta (Segunda Hora Média)
  • 11.15h – Almoço
  • 12.00h – Recreio
  • 12.55h – Silencio (Descanso)
  • 14.00h – Oração de Noa (Terceira Hora Média)
  • 14.15h – Trabalho – Formação
  • 16.55h – Oficio da Tarde – Vésperas
  • 17.30h – Oração pessoal
  • 18.30h – Jantar  em seguida Recreio
  • 20.00h – Oficio de Leituras
  • Em seguida Completas (Oração da Noite)
  • Tempo Livre
  • 10.15h – Repouso

O “rosto ” de Maria no Carmelo

Maria é invocada como “Rainha e esplendor do Carmelo”. Também no Carmelo, Maria é inseparável de seu Filho Jesus; Maria é a “perfeita adoradora do dom de Deus”. Os primeiros monges que se estabeleceram na montanha do Carmelo, construíram uma pequena e bela igreja dedicada ao culto de Nossa Senhora, vendo na Virgem o perfeito modelo de vida contemplativa, de intimidade com Deus. Eles vieram para a solidão do monte para “ver” Deus…com Maria, aquela que eles acabaram por invocar como a “irmã”, de tal modo viviam familiarmente unidos a ela. Vestir o hábito da Virgem do Carmelo, é escolher colocar-se no coração de Maria, para viver no coração de Deus. A beata carmelita Elizabeth da Trindade diz assim, em uma carta a uma amiga candidata ao Carmelo: “…Ame a oração e o silêncio, que são a essência da nossa Regra; peça à Rainha do Carmelo, nossa Mãe, que lhe ensine a adorar Jesus, no profundo recolhimento…porque amar, é imitar Maria”. “Porque nossa Mãe, Maria deseja ser nossa Mestra, levando-nos pela mão. Ela está sempre perto de nós, para reviver conosco os Mistérios de seu Filho, este Jesus que Ela deseja ver nascer de novo, em nossos corações e brilhar sempre em nossas vidas. A Ordem do Carmelo permanece fiel à sua missão na Igreja, de se enraizar na graça das origens, para o “serviço perpetuo do Senhor Jesus Cristo e de Sua Mãe, a Santa Virgem Maria”. O Carmelo nos mostra Maria como um modelo imitável, de recolhimento e de silêncio, permitindo-nos unificar o coração pela Palavra de Deus, tornando-nos por sua ação da Divina Graça, pouco a pouco mais transparentes e vulneráveis a este Deus, que nos “persegue” com o Seu Amor Eterno, pedindo-nos tão somente uma resposta fiel e amorosa de nossa vida, ofertada e aberta ao sopro do Espírito Santo.

Santa Teresa de Jesus e o Carmelo Descalço

Teresa de Jesus nasceu em Ávila (Espanha), à 28 de março de 1515. Aos 20 anos de idade entra para o Carmelo de sua cidade nata, chamado Mosteiro da Encarnação, onde viveu 26 anos. Em 1562, respondendo à um apelo divino e como consequência de um processo intenso de vida espiritual, Teresa funda o primeiro Carmelo Reformado ou Descalço.

​​Santa Teresa não quis fundar uma nova Ordem,mas assegurar a continuidade do Carmelo, “orientando-o completamente à oração e à contemplação das coisas divinas, vivendo os conselhos evangélicos segundo a Regra Primitiva (que havia sido mitigada em 1432, como consequência da peste que assolara a Europa),
em uma pequena comunidade fraterna, fundada na solidão, oração e estrita pobreza”. (cf. Constituições 4)

Neste novo estilo de vida a que dava inicio, Santa Teresa quis integrar e harmonizar a vida eremítica que viviam os primeiros carmelitas no Monte Carmelo, coma vidade comunhão fraterna; tudo isso vivido numa pequena Comunidade onde “todas fossem amigas e se amassem”.

Santa Teresa direcionou toda sua obra para o sentido profundamente eclesial e apostólico: queria que suas filhas fossem “amigas” do Senhor por uma vida de oração e de união com Ele, para alcançar favores e graças para o mundo inteiro, mas, principalmente para os sacerdotes para, através deles, salvar muitas almas.

​De inicio, não tencionava estender sua obra fundacional, mas, diante da Reforma Protestante que avançava pela Europa, Teresa, “ardendo de zelo pela glória do Senhor”, começa a ampliar a família das Carmelitas Descalças, fundando novos Mosteiros de Monjas e em 1568, dando início aos Frades Carmelitas Descalços.

“Ao realizar Santa Teresa o seu projeto, a divina Providência deu-lhe por companheiro São João da Cruz, comunicando-lhe o mesmo espirito. O Santo por sua vez, reconheceu nela a Mãe do Carmelo renovado, atribuindo-lhe o carisma que Deus outorga aos fundadores. Ambos lançaram, de certo modo, os alicerces da Ordem. Seus escritos contêm e transmitem sua doutrina e sua esperiência; sobretudo as relacionadas com a mais íntima comunhão com Deus e com os caminhos que a ela conduzem. Além de dons pessoais, foram graças concedidas à Ordem, fazem parte do carisma que toda Carmelita Descalça deve viver.” (Cons. 9)

​Hoje, o Carmelo Descalço está presente no mundo todo e só no Brasil temos mais de 50 Mosteiros.

Nosso Carmelo: Carmelo do Espírito Santo

O Carmelo do Espírito Santo, em Teresópolis, Rio de Janeiro, foi idealizado por Ir. Maria Luisa da Trindade, que vendo as belíssimas paisagens naturais de Teresópolis, com o Dedo de Deus apontando para o céu, como que pedindo almas que estivessem sempre voltadas para o Alto em prece e penitência pedindo pelas necessidades e pela paz do mundo que estava em guerra. Lutou pela fundação e construção do nosso Mosteiro.

O Mosteiro foi fundado no dia 03 de julho de 1945, tendo como fundadoras a serva de Deus, Madre Maria José, do Carmelo de Santa Teresa do Rio de Janeiro e Madre Maria Evangelina da Assunção do Carmelo da Santíssima Trindade. Por motivos particulares, ambas retornaram ao seu Carmelo de origem, vindo substituí-las a Madre Bernadette do Divino Coração, também do Carmelo da Santíssima Trindade. Com sua vinda o Carmelo que estava ameaçado de extinguir-se, retomou nova vida e da casa provisória em que estava, transladou-se para o novo Mosteiro, construído em três anos, graças ao espírito empreendedor de Madre Bernadette que confiando em Deus, em Nossa Senhora e São José, com o auxílio de grandes e numerosos benfeitores, conseguiu construir o nosso atual Carmelo. Mais do que o Mosteiro Material, ela procurou formar pedras vivas que são as monjas que foram e são o fundamento espiritual deste Carmelo.

Madre Bernadette fiel ao Senhor partiu para a casa do Pai no dia 13 de dezembro do ano 2000, ano do jubileu do Senhor, com a idade de 87 anos.

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