Carisma Teresiano

”A vocação das Carmelitas Descalças é um dom do Espírito, que as convida a uma misteriosa união com Deus, vivendo em amizade com Cristo e em intimidade com a Bem-aventurada Virgem Maria; a oração e a imolação fundem-se vivamente com um grande amor à Igreja.
Por isso, em virtude de sua vocação, estão chamadas à contemplção, tanto na oração como na vida.
Por exigência do carisma teresiano, a oração, a consagração e todas as energias de uma Carmelita Descalça devem estar orientadas para a salvação das almas. (Const. 10)

“Quando Vossas orações, desejos e sacrificios não se empregarem a serviço da Igreja, ficai certas de que não realizais, nem cumpris o fim para o qual vos ajuntou aqui o Senhor”. (Santa Teresa de Jesus)

“Vim ao Carmelo para salvar almas e para rezar pelos sacerdotes”. (Santa Teresinha)

“Amor! Consome toda minha substância por Tua glória, que se vá destilando gota a gota por Tua Igreja!” (Santa Elizabeth da Trindade)

Vida de Oração

Vocação do Carmelo Teresiano

“Para mim, a oração mental não é senão tratar de amizade – estando muitas vezes a sós – com quem sabemos que nos ama”   (Santa Teresa de Jesus)

​​“A vocação do Carmelo é um compromisso de ‘viver em obséquio de Jesus Cristo’, ‘ meditando dia e noite na Lei do Senhor e velando e oração’. Fiel a este princípio da Rega primitiva, Santa Teresa colocou a oração como fundamento e exercício primordial da vida de suas filhas.

Por isso a Igreja pede e espera que cada mosteiro teresiano, viva intensamente o mistério da oração contemplativa, oferecendo um testemunho exemplar dela em meio ao povo de Deus.

Por conseguinte, tanto na organização da vida comunitária como nos afazeres pessoais de cada monja, a oração deve ocupar o primeiro lugar” (Cf. Constituições, 60 e 61).

“O Carmelo perpetua na Igreja o silencioso diálogo entre Cristo e o Pai, sendo a pátria do colóquio amoroso entre alma e o seu Deus.”

(B. Edith Stein)

“Não vos peço agora que penseis nEle nem que tireis muitos conceitos, nem que façais grandes e delicadas considerações com vosso entendimento; peço-vos apenas que olheis para Ele. Pois, quem vos impede de voltar os olhos da alma, mesmo de relance, para esse Senhor? Vede que vosso Esposo nunca tira os olhos de vós […] Vede que Ele não está esperando outra coisa. Se quiserdes, achá-lo-eis. Ele gosta tanto de um olhar nosso que tudo faz para consegui-lo” (Santa Teresa de Jesus – Caminho de Perfeição).

“A oração é um impulso do coração. É um simples olhar que se lança para o céu”

(Santa Teresinha).

Oração Litúrgica

“… Por isso, com a celebração da Eucaristia e dos sacramentos, mediante a proclamação da Palavra e o canto dos louvores divinos, cada comunidade se edifica e renova, exprime sua comunhão com a Igreja Universal e colabora eficazmente para a vinda do Reino.” (Constituições, n.º 64).

“A participação na oração de Cristo tem sua expressão mais alta na Sagrada liturgia e prolonga-se durante o dia na oração pessoal. A liturgia enriquece a oração pessoal; esta, por sua vez, favorece um autêntico espírito contemplativo, para uma digna celebração dos divinos mistérios” (Constituições, n.º 63).

“A presença de Cristo na Eucaristia, centro da comunidade, fomenta a união com Cristo, “companheiro nosso no Santíssimo Sacramento”, e favorece a oração pela Igreja, de acordo com o espírito teresiano. Todas as irmãs procurarão adorar o Senhor presente no tabernáculo…” (Constituições, n.º 67)

“Eu estarei presente aos louvores que as Irmãs dirigirem a meu Filho e lhes oferecerei”  (Palavras de Nossa Senhora a Santa Teresa de Jesus)

Vida Fraterna

“Aqui todas devem ser amigas, todas hão de se amar, todas hão de se querer, todas hão de se ajudar” (Santa Teresa de Jesus)

Santa Teresa, no novo gênero de vida a que dava início, quis integrar e harmonizar a vida eremítica que viviam os primeiros carmelitas no Monte Carmelo, com a vida de comunhão fraterna; tudo isso vivido numa pequena comunidade onde ‘todas fossem amigas e se amassem’.

“A exemplo da Igreja primitiva, a vida comunitária proposta pela Regra do Carmelo e renovada por Santa Teresa exige que as Irmãs, convocadas e reunidas como pequeno ‘Colégio de Cristo’, ajudem-se mutuamente no caminho da santidade, tendo como norma suprema o amor que o Mestre recomendou a seus discípulos e o manifestou, dando a vida por nós (Cf. Jo 15,12-13).

Este amor recíproco, manifestado nas obras, confere autenticidade à vida de oração, garante a presença do Senhor em meio à comunidade e mantém a paz e a concórdia. Deste modo, cada Mosteiro será exemplo de fraternidade, testemunho de unidade e sinal de reconciliação universal em Cristo, para que resplandeça o Evangelho da justiça e da paz.

 De acordo com o ensinamento de Santa Teresa, o estilo de vida comunitária caracteriza-se pelo sentido de igualdade evangélica e pela franca sinceridade no trato, pela mútua partilha das alegrias e tristezas, dentro de uma pequena família, à qual as irmãs se ligam por toda a vida… em um clima de alegria e afabilidade.” (Constituições, 87 – 88

“As Irmãs, sabendo-se reunidas pelo Senhor na mesma Comunidade para viverem juntas sua vocação, procurarão crescer sempre na entrega e no compromisso de comunhão. Esta exige constância diária na estima e na acolhida mútuas, amor concreto à própria Comunidade e compromisso de renovar sua vitalidade na Igreja”. (Const. 104)

“Desde o primeiro dia me senti em família. A isso me ajudou o modo de ser das irmãs. Reinava na comunidade um ambiente de simplicidade e confiança apesar das diferenças de idades. Eu sabia que eram alegres, porém, quando me encontrei no meio delas, vi que o que eu imaginava não era nem sombra da realidade”.   (Santa Teresa de Los Andes)

Clausura Teresiana

As grades do Carmelo não são feitas para separar corações que se amam em

Jesus, servem antes para tornar mais fortes os laços que nos unem”.  (Santa Teresinha)

 

 

“Desde os começos de sua Reforma, Santa Teresa de Jesus escolheu o retiro da clausura como expressão e meio do seguimento de Cristo, segundo os conselhos evangélicos, em consonância com a primitiva vocação contemplativa do Carmelo, para combater espiritualmente pela glória do Senhor, em favor de sua Igreja.

No pensamento de Santa Teresa, a livre escolha da vida de clausura comporta uma separação radical do exterior para conseguir o desprendimento interior, e uma vida de silêncio e solidão, para encontrar no Esposo a água viva da contemplação; é também uma excelente ajuda para chegar-se à santa liberdade de espírito, em uma feliz experiência de fraternidade em Cristo: ‘sós com o Só'” (Constituições, 107).

Postulante no páteo do Mosteiro.

A Igreja, como mãe solícita pelo bem de seus filhos, oferece-nos a clausura como um espaço de liberdade, no qual temos resguardados os valores de nossa vida contemplativa: oração, silêncio e vida fraterna.

A clausura é verdadeiramente um presente para nós, carmelitas descalças, que recebemos a vocação de viver em íntima união com Deus, para o bem da Igreja e da humanidade, testemunhando a primazia de Deus em nossa vida.

A clausura: alegria de viver a sós com Deus

Um dos maiores questionamentos a respeito das carmelitas descalças é a clausura.

Para muitos parece algo questionador: como podem viver sempre no mesmo lugar, sem sair? Mas para toda Carmelita a clausura é sinal de um grande amor por Deus, um desejo íntimo de viver só para Ele, em uma pequena comunidade que se une no mesmo desejo de se entregar totalmente a esta sublime vocação.

A clausura nos ajuda a viver mais intensamente nossa vida de oração contínua, como queria nossa Santa Madre Teresa de Jesus. Oração que se abre para uma imolação pelos sacerdotes e por toda a humanidade. A vida da carmelita torna-se um dom e nesta doação está o segredo de nossa vocação e nela a alegria de viver na clausura.

Para muitos pode ser questionador, mas para quem Deus confere esta sublime vocação é algo essencial, pois quando Deus nos chama igualmente nos dá tudo o que precisamos para corresponder aos Seus divinos desejos. Como diz Santa Teresa dos Andes: “Deus é alegria infinita”. Esta alegria infinita está presente em cada carmelita descalça, na clausura concretizam-se as promessas de Jesus a Santa Teresa quando ela pensava em fundar o mosteiro de São José de Ávila: “Que São José nos guardaria uma porta e Nossa Senhora a outra, Cristo andaria ao nosso lado e o mosteiro seria uma estrela da qual sairia um grande resplendor”.

“Apostolado”

“A vocação das Carmelitas é essencialmente eclesial e apostólica. O apostolado a que Santa Teresa quis se dedicassem suas filhas é puramente contemplativo e consiste na oração e na imolação pela Igreja, excluindo qualquer forma de apostolado ativo. Unidas à intercessão e ao sacrifício de Cristo, oferecendo-se toda juntas à Deus, completam aquilo que falta à paixão do Senhor em favor do Seu Corpo Místico”. (Const 126)

No estilo do Carmelo Teresiano, as Irmãs oferecerão a todos uma acolhida fraterna e um testemunho feliz de sua própria vida, difundindo o amor à oração”. (Const 128)

“A contribuição concreta das Monjas para a evangelização, o ecumenismo, o crescimento do Reino de Deus nas diversas culturas é de ordem eminentemente espiritual, como alma e fermento das iniciativas apostólicas, deixando a participação ativa nas mesmas para aqueles a quem compete por vocação”. (VS 7)

“É verdadeiramente mais precioso aos olhos do Senhor e de maior proveito para a Igreja um ato de amor puro do que todas as outras obras juntas” (São João da Cruz, Cântico 29)

Trabalho

“À imitação de Cristo, que em Nazaré quis trabalhar com as próprias mãos, e acatando as disposições da Regra, as monjas submetam-se de bom grado à lei comum do trabalho, partilhando da condição dos pobres, ganhando com esforço o necessário à vida e pondo a serviço das Irmãs suas energias e qualidades, conscientes de que, também através do trabalho, associam-se à obra redentora de Cristo” (Constituições, 37).

“Cada uma trabalhe para ganhar o pão para as outras. Tenham grande apreço pelo que diz a Regra: ‘quem quiser comer, deve trabalhar’, como fazia São Paulo”(Constituições primitivas de Santa Teresa de Jesus, 24)

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support