
Monte Carmelo
O Carmelo, a Ordem cuja fonte inspiradora é a mais antiga da Igreja, leva o nome de um monte da Palestina: o Monte Carmelo.
Sua origem está ligada à pessoa do profeta Elias, o profeta da “presença de Deus”, e que surge na Sagrada Escritura para lembrar ao povo de Israel a “Aliança” com o Senhor dos Exércitos, aliança essa, que eles haviam abandonado para seguir outros deuses.
Elias, cujo nome significa “o Senhor é meu Deus”, é o inspirador da Ordem do Carmelo. Por isso, os traços principais da vida do Profeta Elias marcam a Ordem do Carmelo:
O Monte Carmelo é uma montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo. O seu nome (Karmel) significa “jardim” ou “campo fertil”. A grande cidade israelita de Haifa localiza-se parcialmente sobre o Monte Carmelo, além de algumas outras cidades menores, como Nesher e Tirat Hakarmel. Este trata-se do local onde se deu o duelo espiritual entre o profeta Elias e os profetas de Baal. Foi no Monte Carmelo que Elias provou aos homens que o Deus de Israel era o verdadeiro Deus, e não Baal. O Monte Carmelo é históricamente interessante pela sua conexão com dois grandes profetas de Israel: Elias e Eliseu.
- É o profeta solitário: sentindo sua fraqueza, e ameaçado de morte, foge para o deserto e lá é sustentado por um alimento misterioso que Deus lhe envia (cf. 1Rs 19,1-8).
- É o profeta zeloso pela glória do Senhor: mata os profetas de Baal para provar ao povo de Israel que o “Senhor é Deus” (cf. 1 Rs 18,21 e 1 Rs 19,10).
- É o Profeta da presença de Deus, que reconhece o Senhor numa brisa (cf. 1Rs 19, 12-13).
- É o Profeta que intercede (1Rs 17,1.7-23).

Surgimento da Ordem

No Monte Carmelo esses eremitas constroem uma capela dedicada a Maria, vendo nela a Mãe dedicada, a Irmã que compartilha a mesma vida, a Mestra de oração e de escuta da Palavra de Deus, “modelo e ideal de consagração”, enfim, o protótipo do verdadeiro carmelita.
Em 1238, os carmelitas (como passaram a ser chamados) são obrigados a deixar o Monte Carmelo e se estabelecem na Europa, deixando de viver como eremitas, passando a exercer trabalhos apostólicos, porém, conservando seu ideal contemplativo. O ramo feminino da Ordem surge no século XV.
No final do século XII e início do século XIII, um grupo de fiéis europeus, ex-combatentes das Cruzadas e peregrinos, passam a viver como eremitas no Monte Carmelo, junto à “fonte de Elias”. Seu modo de vida é inspirado no Profeta Elias e nos filhos dos Profetas que ali viveram.
Por volta do ano de 1209, Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, lhes dá, conforme seu pedido, uma Regra de vida (em vigor até os nossos dias) e, assim, eles passam a constituir a Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.

“Deus fala no silêncio, mas é preciso saber ouvi-lo. Por isso, os Mosteiros são oásis em que Deus fala à humanidade; e neles encontra-se o claustro, lugar simbólico, porque é espaço fechado, mas aberto para o Céu”. (Bento XVI,10/8/2011)
“As Monjas Descalças da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo fazem parte de uma família religiosa, enriquecida com um carisma próprio, para desempenhar uma missão peculiar no Corpo Místico de Cristo”. (Const.1)
“As origens da Ordem, o título da “Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo” e as antigas tradições espirituais demonstram a índole mariana e bíblica da vocação carmelitana. Ao escolher a Virgem Maria como Mãe e Padroeira, a Ordem busca amparo sob sua proteção; e vê, no mistério de sua vida e de sua união com Cristo, um modelo e ideal de consagração.
Olhando para os veneráveis padres antigos, especialmente para o profeta Elias, como seu inspirador, a Ordem adquire uma consciência mais viva da sua vocação contemplativa, voltada para a escuta da palavra de Deus e para a busca do tesouro mais valioso, a pérola preciosa de seu reino, em completa solidão e total separação do mundo” (Const. n.º 2).
A presença de Maria impregna totalmente a vocação carmelita, e confere um selo mariano particular à contemplação e à comunhão fraterna, à abnegação evangélica e ao espírito apostólico.
O Carmelo é todo Mariano.
O Carmelo Teresiano
Em 1562, respondendo a um apelo divino e como consequência de um intenso processo de vida espiritual, Teresa funda o primeiro Carmelo da Reforma ou Descalço. Queria desse modo resgatar o espírito primitivo da Ordem. Portanto, não quis fundar uma nova Ordem, mas assegurar a continuidade do Carmelo.


Santa Teresa direcionou toda a sua obra fundacional para um sentido profundamente eclesial e apostólico: queria que suas filhas fossem “amigas” do Senhor pela vida de oração e de união com Ele, para alcançar favores e graças para o mundo inteiro, mas, principalmente para os sacerdotes a fim de, através deles, salvar muitas almas.
“A Origem da família teresiana no Carmelo e o sentido de sua vocação na Igreja estão intimamente vinculados ao processo da vida espiritual e ao carisma de Santa Teresa; sobretudo às graças místicas que a moveram a renovar o Carmelo, orientando-o completamente à oração e contemplação das coisas divinas, vivendo os conselhos evangélicos segundo a Regra “primitiva”, em uma pequena comunidade fraterna, fundada na solidão, oração e estrita pobreza” (Constituições, n.º4).
Santa Teresa orientou “ao serviço da Igreja a oração, o retiro e a vida inteira das Carmelitas Descalças” (cf. Constituições, 5). “Por isso, em virtude de sua vocação, estão chamadas à contemplação tanto na oração como na vida […] Por exigência do carisma teresiano, a oração, a consagração e todas as energias de uma carmelita descalça devem estar orientadas para a salvação das almas” (Constituições, n.º10).