Beata Maria dos Anjos

“A bondade do Senhor é maior do que os muitos males e pecados que cometemos e antes nos cansamos de ofendê-lo do que Ele de nos perdoar”.

Beata Maria dos Anjos ou Mariana Fontanella nasceu em Turim a 7 de janeiro de 1661 e foi batizada em 11 de janeiro do mesmo ano na igreja paroquial de São Simão e São Judas. Era a última dos 11 filhos do Conde João Donato Fontanella e de Maria Tana de Santena, parente da mãe exemplar de São Luís de Gonzaga, dos Condes de Chieri.

Mariana cresceu tendo diante dos olhos e no coração São Luís Gonzaga como modelo e intercessor. O imita na fé, na caridade, na ilibada pureza, na dedicação a Jesus. Recebeu de seus pais uma boa educação religiosa que a levou a ter uma terníssima devoção a Nossa Senhora e a São José. Em 15 de agosto de 1672, recebeu pela primeira vez Jesus Sacramentado das mãos do primeiro pároco da freguesia, Pe. Emílio Malliano.

Mariana era uma criança inteligente, de temperamento forte, mas muito sensível não só aos valores religiosos e cristãos, mas também aberta e sensível às realidades do mundo. De acordo com os costumes da época, a sua educação foi confiada a um mestre que vivia com a família. Quanto ao resto, seguiu em tudo a formação que normalmente era dada às meninas da sua condição social. A sua paixão pela dança era singular, Mariana era exímia nessa arte.

Um dia, por acaso, encontrou no sótão um crucifixo sem braços e ficou profundamente tocada; imediatamente jogou fora a sua boneca e substituiu-a por Cristo na cruz, que a partir de então se tornou o objeto das suas efusões de carinho.

O Pe. Malliano guiava-a habilmente numa vida de oração intensa, moderou os seus desejos de penitência e em vez disso ensinou-a gradualmente a temer-se a si mesma e a separar-se das frivolidades da vida da sociedade.

Em 1673 entrou como pensionista no Mosteiro das Clarissas de Santa Maria da Estrela, em Rifreddo de Saluzzo, ali permanecendo um ano e meio, voltando para junto da família a 5 de janeiro de 1675.

Quando Mariana estava com 14 anos, seu pai faleceu e a mãe colocou a administração da família nas mãos de seu filho mais velho, João Batista. Este, por sua vez, pediu que Mariana cuidasse da direção da casa. Apesar de muito jovem, ela mostrou grande equilíbrio, sabedoria, prudência, delicadeza e perspicácia.

Cada vez mais atraída por Jesus Crucificado, quis dar-lhe toda a sua vida. Incentivada por Pe. Malliano, pároco desde 1669 da vizinha igreja de S. Roque, falou sobre isso a sua mãe, que em resposta lhe propôs um bom casamento. Mariana respondeu que o seu coração agora pertencia somente a Deus e que não se envolveria com qualquer criatura tão nobre e boa que pudesse ser.

A Condessa Maria acabou por se resignar com a vocação da filha, concordou com ela, iniciando logo conversações com as cistercienses de Saluzzo para que a aceitassem no mosteiro, onde já era monja professa outra irmã de Mariana, Clara Cecília.

Em 1675, ou na primavera de 1676, a data deste acontecimento é pouco clara, houve em Turim uma exposição do Santo Sudário. Mariana vai venerá-lo e encontrou ali um velho carmelita descalço que percebendo a sua vocação lhe falou sobre as carmelitas do Carmelo de Santa Cristina. Mariana escutou-o com interesse crescente, sobretudo quando ele lhe falou do espírito da regra que correspondia perfeitamente aos seus desejos. Logo compreendeu que era para ali que o Senhor a chamava.

De volta a casa, declarou a todos que se faria carmelita e nessa mesma noite escreveu ao convento de Saluzzo para anunciar a sua decisão. Novas lutas com a mãe que não queria deixá-la entrar num mosteiro tão austero. Mas a sua tenaz perseverança obteve o efeito esperado: a Condessa acabou por aceitar a escolha da filha e deixou-a entrar no Carmelo.

Mariana ingressou no Carmelo no dia 19 de novembro de 1676 e ali tomou o nome de Maria dos Anjos. Pouco mais de um ano após a sua entrada no Carmelo de Santa Cristina, em 26 de dezembro de 1677, ela fez a sua profissão religiosa.

A Irmã Maria dos Anjos prestava um generoso serviço à comunidade, mostrando sempre uma dedicação exemplar. Começou para ela um longo período de provações interiores, acompanhado por graças místicas extraordinárias que duraram cerca de quatorze anos.

No fim de 1691 cessaram as dolorosas provações interiores (a “purificação” de que os místicos falam, especialmente São João da Cruz). A Irmã Maria dos Anjos adquiriu um perfeito equilíbrio interior que brilha em todo o seu comportamento. Os superiores julgaram bem lhe confiar a educação das noviças, embora ela tivesse apenas 30 anos de idade.

Em 1694, após pedirem, sem o seu conhecimento, a dispensa à Santa Sé, porque a Irmã Maria dos Anjos ainda não tinha a idade exigida pelos Santos Cânones, elegeram-na Priora.

Quanto o rei Victor Amadeu II assumira o governo em 1684, a pressão da França se tornou mais forte do que nunca, as pretensões francesas se tornam intoleráveis e Victor Amadeu declara guerra. No Carmelo de Santa Cristina Madre Maria dos Anjos rezava.

Em 1696, com o apoio de Joana Batista de Saboia Nemours, ela obteve a instituição na Diocese de Turim da festa do Patrocínio de São José, garantindo que assim a guerra que assolava o Ducado desde 1690 iria acabar. A paz de Vigevano, assinada em outubro 1696, deu-lhe razão.

As graças místicas das quais era depositária vão-se tornando cada vez mais sublimes e, para maior confusão da beneficiária, são demasiado evidentes para permanecerem escondidas. A fama da sua santidade espalhou-se pela cidade, suscitando grande interesse em torno de sua pessoa. Algumas curas milagrosas atribuídas à sua intercessão faziam chover mais e mais pedidos de orações no mosteiro.

Personagens ilustres do clero – o Beato Sebastião Valfré, o Pe. Provana, o Núncio Monsenhor Sforza, etc. – e da aristocracia, Madame Real, a duquesa Ana e o duque Victor Amadeu II, procuravam a Madre para lhe submeter os seus problemas espirituais, como provam as cartas assinadas e endereçadas a eles pela Beata, conservadas nos Arquivos do Estado de Turim.

Impulsionada pelo desejo de fundar um novo Carmelo que pudesse acolher as jovens que não podiam ser recebidas em Santa Cristina por falta de espaço (o número de religiosas em cada Carmelo não pode ser maior de 21) iniciou negociações com os superiores.

Em 16 de setembro de 1703, vencendo múltiplas dificuldades, o Carmelo de Moncalieri foi solenemente inaugurado na presença da Madre Maria dos Anjos; ao mosteiro foi dado o nome de São José. Por outro lado, a família Saboia fazia pressão sobre os seus superiores religiosos para impedir que a Madre deixasse Turim.

Partiram de Santa Catarina três Irmãs, uma das quais, a Madre Maria Vitória da Santíssima Anunciada, ocuparia o cargo de Priora com o título de “vigária”, para significar que a verdadeira priora do mosteiro era a Madre Maria dos Anjos.

Na verdade, de Turim ela continuou a prover as freiras de Moncalieri do necessário, cuidando da formação espiritual destas através de correspondência, velando com coração de mãe pelo bom funcionamento da comunidade. Assim o fez até sua morte.

Autêntica carmelita, a Beata participou intensamente da vida da Igreja, oferecendo-se como uma “hóstia de penitência” pelos irmãos, especialmente por aqueles cujas necessidades ela conhecia, mas também pelos mais afastados.

Era singular a sua solicitude pelas almas daqueles que esperavam a purificação final no Purgatório. A sua caridade forte e generosa se estendia a todas as categorias de pessoas: os pobres, os doentes, os soldados feridos, as meninas sem dote, aqueles que estavam em dificuldade. Ela, tão tímida, se atreveu a enviar uma petição ao rei para salvar a vida de um soldado condenado à morte como desertor; de outra vez, para garantir recursos financeiros suficientes para financiar os estudos de um calvinista convertido que desejava abraçar o sacerdócio.

Singular o papel que ela desempenhou durante o terrível cerco de 1706. Turim foi novamente assediada pelos franceses por quatro meses. Enquanto Pedro Micca se sacrificava para impedir que os franceses entrassem na cidade, Madre Maria dos Anjos recorria a Nossa Senhora para obter a proteção para Turim.

Quando as forças invasoras já tinham chegado perto do mosteiro, ela, tranquilizada por duas visões sucessivas da Virgem Maria, garantia que na festa de Maria Bambina (Nossa Senhora Menina) se alcançaria a vitória. Tornou-se famosa a sua frase, repetida nas muralhas e na cidade por Valfré: “Com a Bambina venceremos. A Bambina será a nossa libertadora”. A vitória foi alcançada pelos turineses no dia 7 de setembro, dia em que então era celebrada a festa de Maria Santíssima Menina.

Estes e outros fatos singulares – curas, profecias, etc. – fizeram crescer enormemente a sua fama de santidade, de modo que quando da sua morte, que ocorreu em 16 de dezembro de 1717, os turineses acorreram em massa ao mosteiro de Santa Cristina, pois todos queriam venerá-la, tocar objetos no seu corpo, obter fragmentos de algo que lhe tivesse pertencido.

Em 1802, Turim foi atingida pela tempestade napoleônica, o Mosteiro de Santa Cristina foi confiscado. De noite, por medo de profanação, o corpo da venerável Madre Maria dos Anjos foi levado para a igreja de Santa Teresa dos Carmelitas Descalços. Ali foi sepultado e ali permaneceu até 25 de abril de 1865, dia de sua beatificação pelo Bem-aventurado Pio IX, após a aprovação de duas curas milagrosas obtidas por sua intercessão. A Beata foi a primeira carmelita italiana a ser elevada à honra dos altares.

Em 1866, São João Bosco escreveu uma biografia da Beata, que difundiu entre as suas “Leituras Católicas”, descrevendo-a como modelo de santidade e de amor cristão à pátria.

Beata Maria dos Anjos, rogai por nós!

Beata Cândida da Eucaristia

“Não escolhas a tua cruz, mas vive calmamente a que tens: acaba esta, poderá ter outra maior.”

Maria Cândida da Eucaristia nasceu no dia 16 de janeiro de 1884, em Catanzaro (Itália), cidade para onde a família, originária de Palermo, se transferiu por um breve período de tempo devido ao trabalho do pai, Pedro Barba, que era Conselheiro do Tribunal de 1ª Instância; foi batizada três dias depois com o nome de Maria Barba. Sua mãe chamava-se Joana Florena. Maria era a décima de doze filhos.

Quando a menina completou dois anos, a família retornou para a capital siciliana e ali Maria viveu a sua juventude. Aos quinze anos manifestou a sua vocação religiosa à qual seus pais, apesar de serem profundamente religiosos, se opuseram com determinação.

De fato, Maria teve que esperar quase vinte anos para poder realizar a sua aspiração, demonstrando, nestes anos de expectativa e de sofrimento interior, uma força de ânimo surpreendente e uma fidelidade incomum. Depois da morte de sua mãe, seguindo o conselho do Cardeal Alessandro Lualdi, entrou finalmente no Mosteiro das Carmelitas Descalças de Ragusa, que tinha surgido havia pouco tempo e era muito pobre.

Entrou no Carmelo a 16 de abril de 1920, onde assumiu o nome de Maria Cândida da Eucaristia, em certos aspectos proféticos. Em 17 de abril de 1921 pronunciou a profissão simples e a solene no dia 23 de abril de 1924.

O amor pela Eucaristia manifestou-se nela desde a primeira infância quando, com 10 anos, foi admitida à Primeira Comunhão e a sua maior alegria era poder comungar. Desde então, privar-se da Santa Comunhão tornou-se para ela “uma cruz pesada e angustiante”.

Maria Barba, sempre estimulada por uma devoção especial ao mistério eucarístico, no qual ela via o mistério da presença sacramental de Deus no mundo e a concretização do seu amor infinito pelos homens, motivo da nossa confiança plena nas suas promessas, constrói alguns anos mais tarde um novo mosteiro, que ainda hoje existe.

Irmã Maria Cândida quis “fazer companhia a Jesus no seu estado de Eucaristia quanto mais fosse possível”. Prolongava as suas horas de adoração e, sobretudo, das 23 às 24 horas de cada quinta-feira, prostrava-se diante do Tabernáculo em adoração. A Eucaristia polarizava verdadeiramente toda a sua vida espiritual, não tanto pelas manifestações devocionais, quanto pela incidência vital da relação da sua alma com Deus. Foi da Eucaristia que Maria Cândida encontrou as forças necessárias para se consagrar a Deus como vítima no dia 01 de novembro de 1927.

Seis meses depois da profissão solene, em 10 de novembro de 1924 foi nomeada pela primeira vez Priora do seu Mosteiro: um cargo que aceitou e uma responsabilidade que desempenhou em sinal de obediência a Deus, com dedicação total e grande seriedade. Durante os três primeiros anos como Priora, assumiu também o cargo de Mestra de noviças.

Desenvolveu plenamente o que ela mesma definia como a sua “vocação pela Eucaristia”, ajudada pela espiritualidade carmelita – são muito conhecidas as páginas em que santa Teresa de Jesus descreve a sua especialíssima devoção à Eucaristia e como na Eucaristia a Santa Fundadora experimentasse o mistério fecundo da Humanidade de Cristo – na qual se apoiou depois da leitura de “História de uma Alma” de Santa Teresinha do Menino Jesus.

Durante os anos em que guiou o seu mosteiro, de 1924 a 1947, salvo uma breve interrupção, infundiu na sua comunidade um profundo amor pela Regra de Santa Teresa de Jesus e contribuiu de modo direto para a expansão do Carmelo Teresiano na Sicília, a fundação de Siracusa, e para o retorno do ramo masculino da Ordem na região.

A partir da solenidade do Corpus Christi de 1933, Maria Cândida começou a escrever a sua pequena “obra-prima” de espiritualidade eucarística, “A Eucaristia, verdadeira joia de espiritualidade vivida”. Trata-se de uma longa e intensa meditação sobre a Eucaristia, uma recordação da experiência pessoal e um aprofundamento teológico dessa experiência.

Na Eucaristia, a beata vê sintetizadas todas as dimensões da experiência cristã:

A Fé: “Ó meu Amado Sacramento, eu Te vejo, eu creio em Ti! Ó Santa Fé!”. “Contemplar com Fé redobrada a nosso Amado no Sacramento: viver com Ele que vem cada dia”.

A Esperança: “Ó minha Divina Eucaristia, minha querida esperança, tudo espero de Ti! Desde menina foi grande minha esperança na Santíssima Eucaristia”.

A Caridade: “Jesus meu, quanto Te amo! É um imenso amor o que eu nutro em meu coração por Ti, ó Amor Sacramentado! Quão grande é o amor de um Deus feito pão para as almas! De um Deus feito prisioneiro por mim”!

Sem dúvida a Virgem Maria é o verdadeiro modelo de vida eucarística. Ela levou em seu seio o Filho de Deus e continuamente o engendrava nos corações de seus discípulos. “Eu quisera ser como Maria” – escreve a beata em uma das páginas mais intensas e profundas de A Eucaristia – “ser Maria para Jesus, ocupar o lugar de sua Mãe. Em minhas Comunhões, tenho sempre Maria presente. De suas mãos quero receber Jesus, Ela deve fazer de mim uma coisa só com Ele. Eu não posso separar Maria de Jesus. Salve, ó Corpo nascido de Maria! Salve Maria, aurora da Eucaristia!”

Para a beata Maria Cândida, a Eucaristia é alimento, é encontro com Deus, é fusão de coração, é escola de virtude, é sabedoria de vida. “O Céu mesmo não possui mais; Aquele tesouro único está aqui, é Deus! Verdadeiramente, sim, verdadeiramente: meu Deus e meu Tudo”. “Peço a meu Jesus ser colocada como sentinela de todos os sacrários do mundo até o fim dos tempos”.

No dia 12 de junho de 1949, na Solenidade da Santíssima Trindade, depois de alguns meses de sofrimentos físicos atrozes, Maria Cândida da Eucaristia faleceu.

Em 05 de março de 1956, Mons. Francisco Pennisi, Bispo de Ragusa, abriu o processo ordinário diocesano concluído em 28 de junho de 1962. Foi beatificada em Roma no dia 21 de março de 2004. A Igreja a celebra no dia 12 de junho e o Carmelo Descalço no dia 14 de junho.

Carta de irmã Maria Cândida da Eucaristia a Jesus Hóstia: Oh, Jesus! Hóstia de amor, hóstia imaculada e imenso fascínio da minha alma! Gostaria de contemplar-te sempre, beber de Ti um amor e uma pureza infinitos. Gostaria de ser semelhante a Ti, para alegrar-te.

Ó meu Jesus! Doa-me o esplendor da Hóstia. Dá-me o candor da hóstia imaculada. Ó Alimento divino, gostaria de transformar-me em Ti, de tornar-me para Ti como Tu: uma hóstia pura, dulcíssima e santa. Como eu me comprazo em Ti, assim, gostaria que Tu te comprazas em mim.

Hóstia santa e imaculada, eu me sacio com a tua pureza. Tu que és a vida, faz que eu viva em Ti. Ainda mais uma vez me consagro inteiramente ao teu amor, te consagro todos os meus sofrimentos, os meus suspiros, as minhas aspirações e todos os meus desejos.

Desejo só a Ti, unicamente e sempre a Ti. Eu te ofereço todo o meu amor como uma torrente: desde quando o meu coração recebeu a vida até o dia em que esta se apagará. Recebe-me como lâmpada que não se apaga, roubada pelo teu amor, adorando, agradecendo, reparando, tendo as abertas asas do meu amor para defender-te dos profanadores e dos corações malvados e para afastá-los de Ti.

Ó Pai celeste! Concede-me, dia e noite, te acompanhar com o coração, ó Jesus, enquanto Tu desces como hóstia nas almas maculadas pelo pecado, sacrílegas ou cheias de indiferença e dissipação. Transbordante de imensa dor, peço perdão por elas e quero reparar.

Sim, meu Jesus, Tu nos fazes felizes nesta vida, porque só contigo a alegria e o sorriso nunca faltarão. Quem te encontra, encontra tudo!

Eu te amo, te adoro, te louvo e te agradeço. Por teu amor não desça nestas almas, mas converte-as. Eu te amo, ó meu Bem, no Sacramento, e gostaria que a tua vida resplandecesse através de mim.

Queria que a Hóstia resplandecesse nos meus olhos, na minha fronte, nos meus lábios, no meu peito. Queria mostrar-te a todos, ó Pão da Vida, e transmitir a todos a tua beleza! Ó bela e imaculada Hóstia, sou toda tua. Como tua propriedade que seja marcada com o teu sinal, a Hóstia.

Por que todos os homens não te conhecem? Tu és a felicidade e todas as belezas e as alegrias estão em Ti, mas os homens não o sabem. Não te compreendem e perdem o caminho que conduz ao oásis da verdadeira felicidade.

Ó Jesus, se o mundo conhecesse o teu Sagrado Coração, o desejo ardente de fazer todos felizes, se conhecesse quanto Tu fizeste e continua a fazer para cada um dos teus filhos redimidos!

Ó filhos dos homens, até quando desconhecereis o amor do Filho de Deus por vós? Faz 20 séculos que Ele é prisioneiro para vós no Santíssimo Sacramento, escravo de amor sob as espécies sacramentais, vítima perene por vós. Lanço para vós o grito do meu coração, tão angustiado! Estendo os braços, acordai-vos! Eles não têm mais forças. Vinde e provai e tereis paz e felicidade. Sim, meu Jesus, Tu nos fazes felizes nesta vida, porque só contigo a alegria e o sorriso nunca faltarão. Quem te encontra, encontra tudo, quando eu também, na minha juventude, te encontrei, encontrei verdadeiramente tudo!

Beata Cândida da Eucaristia, rogai por nós!

Beata Josefina de Jesus Crucificado

“Eu me ofereci a Jesus Crucificado para ser crucificada com ele.”

Josefina Catanea nasceu no dia 18 de fevereiro de 1894, em Nápoles, no seio da nobre família dos marqueses Grimaldi. Desde pequena mostrou uma predileção particular pelos pobres e os mais necessitados, destinando-lhes o dinheiro que lhe davam para brinquedos ou merendas, e ajudando a duas velhinhas que viviam sozinhas.

O exemplo de sua avó e de sua mãe foi a escola onde aprendeu a conhecer Jesus e a se enamorar dEle. Tinha uma devoção particular pela Eucaristia e pela Virgem Maria, o que demonstrava rezando o Rosário.

Depois de terminados os estudos, em 10 de março de 1918, superando a oposição de sua mãe e de seus familiares, ingressou no Carmelo de Santa Maria, em “Ponti Rossi”, lugar assim chamado porque ali se encontravam as ruínas de um aqueduto romano.

No Carmelo aprendeu a amar a Cristo em meio ao sofrimento, oferecendo-se como vítima pelos sacerdotes. Soube aceitar a vontade de Deus, embora isto significasse grande dor física: se viu afetada por uma forma grave de tuberculose na espinha dorsal, com dores nas vértebras, que a paralisou completamente. Em 26 de junho de 1922 foi curada milagrosamente, de forma instantânea, depois do contato com o braço de São Francisco Xavier, que lhe levaram até sua cela.

A “monja santa”, como a chamava o povo, iniciou um grande apostolado principalmente no locutório do convento, acolhendo a todo tipo de pessoas doentes e necessitadas de ajuda, tanto material como espiritual, às quais proporcionava consolo e conselho para encontrar o amor de Deus. Inclusive realizou milagres.

Sua abnegação prosseguiu também quando foi acometida de outras enfermidades que a obrigaram a usar cadeiras de rodas, crucificando-se com Jesus pela Igreja e pelas almas.

Em 1932 a Santa Sé reconheceu a casa de “Ponti Rossi” como convento da ordem segunda das Carmelitas Descalças, e Josefina Catanea recebeu o hábito de Santa Teresa de forma oficial, tomando o nome de Maria Josefina de Jesus Crucificado. Em 6 de agosto desse mesmo ano fez a profissão solene segundo a Regra carmelitana, que já vivia desde 1918.

Em 1934 o Cardeal Alessio Ascalesi, arcebispo de Nápoles, a nomeou sub-priora; em 1945, vigária; e em 29 de setembro desse ano, no primeiro capítulo geral, foi eleita priora, cargo que desempenhou até sua morte.

Sua espiritualidade, sua docilidade amorosa, sua humildade e simplicidade, lhe granjearam grande estima durante os anos da 2ª. Guerra Mundial. Rezava sem cessar, alimentando assim sua confiança em Deus, com a qual contagiava a todos os que se dirigiam em peregrinação a “Ponti Rossi” para escutar suas palavras de alento, consolo e estímulo para superar as provas e as dores das tristes situações resultantes da guerra.

No dia de sua tomada de hábito dissera: “Eu me ofereci a Jesus Crucificado para ser crucificada com Ele”, e o Senhor aceitou sua oferta. Compartilhou os sofrimentos de Cristo de forma silenciosa, porém alegre. Suportou durante muitos anos duras provas e perseguições com espírito de abandono à vontade de Deus. Também gozou de carismas místicos extraordinários.

Por obediência e por conselho de seu diretor espiritual, escreve sua “Autobiografia” (1894-1932) e seu “Diário” (1925-1945), bem como numerosas cartas e exortações para as religiosas.

A partir de 1943 começou a sofrer várias enfermidades especialmente dolorosas, que incluíram a perda progressiva da visão. Convencida de que essas enfermidades eram vontade de Deus, as acolhia como “um dom magnífico” que a unia cada vez mais a Jesus Crucificado. Com um sorriso nos lábios, ofereceu seu corpo como altar de seu sacrifício pelas almas. Morreu no dia 14 de março de 1948 em sua cidade natal.

Foi beatificada na Catedral de Nápoles pelo Cardeal Crescenzio Sepe em 1º de junho de 2008. A sua memória litúrgica é celebrada em 26 de junho.

Beata Maria Felicia

“Ilumina minhas trevas, que eu conheça o meu fim, que eu te conheça, que eu te ame, que eu te siga, que eu te sirva com integridade de vida.”

Maria Felícia nasceu a 12 de janeiro de 1925 em Villarrica del Espíritu Santo, Paraguai. Seus pais foram Ramón Guggiari e Maria Arminda Guggiari Echeverría. O lar foi abençoado com sete filhos, dos quais Maria Felícia era a primogênita.

Foi batizada no dia 28 de março de 1928 na sua cidade natal. Seus padrinhos foram Luis Rufinelly e Maria Arminda Guggiari.

Era fisicamente pequena, motivo pelo qual o seu pai apelidou-a de “Chiquitunga” (Pequerrucha). Foi dotada de esplêndidas qualidades humanas e espirituais como a alegria, a sociabilidade, a disponibilidade para o serviço, modéstia e simplicidade.

A VOCAÇÃO

Chiquitunga, no seu desejo de viver o lema da sua vida: “tudo te ofereço, Senhor”, pergunta-se onde seria o lugar dessa entrega total: “… Neste momento, em que como nunca, com um ardor inigualável, queria dar-me, dar-me Jesus, Mestre amado, sem medida, Esposo de minha alma, tu que conheces minhas ânsias de apostolado, de zelo pela salvação das almas, ajuda-me: que saiba onde queres a consagração integral de todo o meu ser…!… Por um lado, está a ânsia de me entregar em corpo e alma ao Divino Esposo num convento onde sem cessar possa louvá-lo, reverenciá-lo e servi-lo… e, por outro lado, a necessidade do apostolado leigo: estar em todos os ambientes e em todo momento”.

O ENCONTRO COM A MADRE TERESA MARGARIDA:

O Senhor ia guiando o seu caminho de procura, levando-a a encontrar-se com a Prioresa das Carmelitas Descalças de Assunção, que estava hospitalizada no Hospital Espanhol; Chiquitunga no seu diário diz-nos: “Francamente eu não ia lá, mas Deus arranjou tudo e, graças a isso, hoje conto com uma mãe”. A Madre teve a oportunidade de conhecê-la e acompanhá-la no momento de dúvidas pelo qual ela estava a passar.

No mês de janeiro de 1954, saía de uns exercícios espirituais resolvida a entregar-se inteiramente a Deus em corpo e alma como Carmelita Descalça, porém ainda teve de esperar um ano cheio de sofrimentos e obstáculos.

NO CARMELO

Na manhã do dia dois de fevereiro, festa da apresentação do Senhor, repleta de fervor, começou sua nova vida de Carmelita: “Faz exatamente 18 dias de constantes e ininterruptas horas de gozo neste santo Carmelo, no qual Deus, nosso Senhor, com infinita misericórdia, me elegeu, e tremo, de verdade, ao dizer esta palavra, conhecendo-me ruim e pecadora como sou”.

A Madre Teresa Margarida resumiu em poucas palavras as atitudes da Venerável Ma. Felícia desde o princípio: “Grande espírito de sacrifício, caridade e generosidade, tudo envolvido em grande mansidão e comunicativa alegria, sempre vivaz e brincalhona”.

Antes da tomada de hábito, uma nova prova invade o seu espírito: seria vontade de Deus que se encerrasse por toda a vida no Carmelo tendo tanto para evangelizar no mundo? Uma vez conhecida a vontade de Deus, superou esta crise e começou o ano de noviciado com alegria. Fez a Profissão simples no dia 15 de agosto de 1956.

A DOENÇA

Em janeiro de 1959 foi acometida por uma tremenda doença: “hepatite infecciosa”. Logo após examiná-la, o médico declarou a urgente necessidade de hospitalização. Da clínica escrevia: “Já estou esperando por Jesus. Queria encher-me somente do seu amor e não viver senão para Ele. Só desejo cumprir a sua vontade, não quero outra coisa…”

Começada a Quaresma, “o mal” cedeu aparentemente e pôde reintegrar-se ao Mosteiro. No dia 30 de março, Segunda-feira Santa, após uma nova revisão, diagnosticaram lhe “Púrpura” e foi novamente hospitalizada.

SUA MORTE

“… Que morro porque não morro…”. Viveu seus últimos dias em total abandono à vontade de Deus. Antes de entregar seu espírito ao Senhor, pede para que lhe leiam a poesia de S. Teresa: “Morro porque não morro”. Com o rosto muito alegre escutava e repetia o refrão “… Que morro porque não morro”.

Dirige-se ao seu pai e diz-lhe: “Paizinho querido, sou a pessoa mais feliz do mundo. Se soubesses o que é a Religião Católica!” E acrescenta, sem se apagar o sorriso de seus lábios: “Jesus, amo-te! Que doce encontro, Virgem Maria!”.

Dirigiu umas palavras de consolo aos seus familiares e entregou sua alma ao Criador. Era o dia 28 de abril de 1959.

As exéquias foram uma manifestação espontânea e, em boa parte, inesperada da sua fama de santidade no meio do povo de Deus. O comentário que se ouvia entre as pessoas era: “Morreu uma santa”.

São Nuno de Santa Maria

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. (…) Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;

Nascido em 1360, Nuno Álvares Pereira foi educado nos ideais nobres da Cavalaria medieval, no ambiente das ordens militares e depois na corte real. Tal ambiente marcou a sua juventude. As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em D. Nuno o exímio chefe militar, estratégia das batalhas dos Atoleiros, de Aljubarrota e Valverde, vencidas mais por mérito das suas virtudes pessoais e da sua táctica militar do que pelo poder bélico dos meios humanos e dos recursos materiais.

Casou com D. Leonor Alvim de quem teve três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz, que viria a casar com D. Afonso, dando origem à Casa de Bragança. Tendo ficado viúvo muito cedo e estando consolidada a paz, decidiu aprofundar os ideais da Cavalaria e dedicar-se mais intensamente aos valores do Evangelho, sobretudo à prática da oração e ao auxílio dos pobres. Assim, pediu para ser admitido como membro da Ordem do Carmo, que conhecera em Moura e apreciara pela sua vida de intensa oração, tomando o profeta Elias e Nossa Senhora como modelos no seguimento de Cristo.

De Moura, no Alentejo, vieram alguns membros da comunidade carmelita, para o novo convento que ele mesmo mandara construir em Lisboa. Em 1422, entra nesta comunidade e, a 15 de agosto de 1423, professa como simples irmão, encarregado de atender a portaria e ajudar os pobres. Passou então a ser Frei Nuno de Santa Maria. Depois de uma intensa vida de oração e de bem-fazer, numa conduta de grande humildade, simplicidade e amor à Virgem Maria e aos pobres, faleceu no convento do Carmo, onde foi sepultado.

Logo após a sua morte começou a ser venerado como santo pela piedade popular. As suas virtudes heroicas foram oficialmente reconhecidas pelo Papa Bento XV, que o proclamou beato, em 1918, passando a ter celebração litúrgica a 6 de novembro.

Virtudes e valores afirmados na vida de Nuno Álvares Pereira

D. Nuno Álvares Pereira não é apenas o herói nacional, homem corajoso, austero, coerente, amigo da Pátria e dos pobres, que os cronistas e historiadores nos apresentam. Ele é também um homem santo. A sua coragem heroica em defender a identidade nacional, o seu desprendimento dos bens e amor aos mais necessitados brotavam, como água da fonte, do amor a Cristo e à Igreja. A sua beatificação, nos começos do século XX, apresentou-o ao povo de Deus como modelo de santidade e intercessor junto de Deus, a quem se pode recorrer nas tribulações e alegrias da vida.

Conscientes de que todos os santos são filhos do seu tempo e devem ser vistos e interpretados com os critérios próprios da sua época, desejamos propor alguns valores evangélicos que pautaram a sua vida e nos parecem de maior relevância e atualidade.

Os ideais da Cavalaria, nos quais se formou D. Nuno, podem agrupar-se em três arcos de ação: no plano militar, sobressaem a coragem, a lealdade e a generosidade; no campo religioso, evidenciam-se a fidelidade à Igreja, a obediência e a castidade; a nível social, propõem-se a cortesia, a humildade e a beneficência. Foram estes valores que impregnaram a personalidade de Nuno Álvares Pereira, em todas as vicissitudes da sua vida, como documentam os seus feitos militares, familiares, sociais e conventuais.

Fazia também parte dos ideais da Cavalaria a proteção das viúvas e dos órfãos, assim como o auxílio aos pobres. Em D. Nuno, estes ideais tornaram-se virtudes intensamente vividas, tanto no tempo das lides guerreiras como principalmente quando se desprendeu de tudo e professou na Ordem do Carmo. Como porteiro e esmoler da comunidade, acolhia os pobres de Lisboa, que batiam às portas do convento e atendia-os com grande humildade e generosidade. Diz-se que teve aqui origem a «sopa dos pobres».

Levado pela sua invulgar humildade, iluminada pela fé, desprendeu-se de todos os seus bens – que eram muitos, pois o Rei o tinha recompensado com numerosas comendas – e repartiu-os por instituições religiosas e sociais em benefício dos necessitados. Desejoso de seguir radicalmente a Jesus Cristo, optou por uma vida simples e pobre no Convento do Carmo e disponibilizou-se totalmente para acolher e servir os mais desfavorecidos. Esta foi a última batalha da sua vida. Para ela se preparou com as armas espirituais de que falam a carta aos Efésios (cf. Ef 6, 10-20) e a Regra do Carmo: a couraça da justiça, a espada do Espírito (isto é, a Palavra de Deus), o escudo da fé, a oração, o espírito de serviço para anunciar o Evangelho da paz, a perseverança na prática do bem.

Precisamos de figuras como Nuno Álvares Pereira: íntegras, coerentes, santas, ou seja, amigas de Deus e das suas criaturas, sobretudo das mais débeis. São pessoas como estas que despertam a confiança e o dinamismo da sociedade, que fazem superar e vencer as crises.

São Simão Stock

“Conduzi-lo-ei à solidão e falar-lhe-ei ao coração.”

Segundo a tradição, a Virgem Maria entregou o escapulário a Simão Stock no dia 16 de julho de 1251. Os documentos sobre a vida do santo carmelita são escassos e pouco rigorosos, mas sabe-se que nasceu na Inglaterra e conheceu os carmelitas, quando os frades deixaram o Monte Carmelo ocupado pelos muçulmanos e procuraram refúgio na Europa. Foi atraído pela espiritualidade carmelita, entrando na Ordem do Carmo que funda na Inglaterra.

Passados alguns anos, Frei Simão Stock teria sido eleito Prior Geral, favorecendo então a expansão da Ordem. Mas com dissabores derivados justamente desta rápida expansão, que gerou inimizades na Igreja. É neste contexto que Frei Simão Stock pediu a toda a Ordem que rezasse pela resolução dos problemas. Acudiram ao Céu e ao Papa. Nesse dia em que rezava a oração do «Flos Carmeli», apareceu-lhe a Virgem Maria que lhe entregou o Escapulário, dizendo que era o sinal da sua proteção para com os carmelitas e para quem o usasse. Pouco tempo depois, o Papa tomou a defesa dos carmelitas e concedeu-lhes uma vida adaptada à Europa, com a fundação de conventos junto de cidades e universidades. A tradição refere que Frei Simão Stock morreu em Bordéus, França, no 16 de maio de 1265.

No 750º aniversário da entrega do escapulário em 2001, S. João Paulo II escrevia estas palavras à Ordem Carmelita e à OCD: “Com o sinal do Escapulário, manifesta-se uma síntese eficaz de espiritualidade mariana, que alimenta a devoção dos crentes, fazendo-os sensíveis à presença amorosa da Virgem Maria na sua vida. O Escapulário é essencialmente um «hábito»… Quem se reveste do Escapulário introduz-se na terra do Carmelo, para «comer os seus frutos e saboreá-los» (Jr 2,7), e experimenta a presença doce e materna de Maria no seu compromisso diário de revestir-se interiormente de Jesus Cristo e de manifestá-lO vivo em si para o bem da Igreja e de toda a humanidade.”

Santo Elias

“Que fazes aqui, Elias?” Ele respondeu: “Estou ardendo de zelo pelo Senhor, Deus todo-poderoso” (IRs, 19, 14a)

Eliah ou Elias, cujo nome significa “o Senhor é o meu Deus”, é uma personagem emblemática que surge do nada a partir do livro bíblico de I Reis (17,1): não se sabe quem foram seus pais, como foi sua infância, sua vida, até vir à tona publicamente. Existiram no Reino de Israel, nos séculos IX e VIII a.C., grupos de profetas, e Elias teria sido uma de suas respeitáveis figuras. Após seu desaparecimento, tais profetas, influenciados por Elias, começaram a narrar seus feitos. As histórias do Profeta do fogo conservaram-se e difundiram-se, sobretudo, durante o Exílio. O povo estava sem esperança e se sentindo abandonado, e tais histórias ajudaram-no a entender o que ocorria, devolvendo-lhe a esperança naquele momento difícil. Sabe-se muito pouco sobre a pessoa do profeta e a base das histórias a seu respeito está em alguma fonte que contém sua vida e obras, mas o redator final do Livro de Reis não quis utilizá-la, somente relatou o que ali está descrito, ao qual a exegese bíblica chama de ciclo de Elias (I Re 17 – II Re 2,14).

Elias manteve a religião israelita viva, e as duas características principais do Profeta são fidelidade e criatividade. Foi totalmente fiel às tradições religiosas e à aliança que Deus fez com seu povo. Foi criativo nas questões religiosas, tornando Adonai presente na vida do povo e combatendo a Baal – deus reverenciado pelas chuvas e a fertilidade da terra. Depois de Moisés, Abraão e Davi, Elias é a figura do Antigo Testamento mais mencionada no Novo Testamento. Para os judeus, até os dias atuais, o profeta é uma figura viva; para os muçulmanos, é reverenciado com respeito; para os cristãos, um exemplo ao chamado de fidelidade e criatividade frente aos desafios atuais; para os carmelitas, ele é pai e modelo.

O profeta Elias, pai e inspirador da Ordem do Carmelo, tem grande importância para esta. Ele é invocado como Santo Elias Profeta e é celebrado em seu calendário santoral no dia 20 de julho. Os Carmelitas têm sua origem no Oriente, mais exatamente no Monte Carmelo, ao lado da gruta de Elias, na Terra Santa. Ao redor dela, entregaram-se à oração e ao silêncio e passaram por muitas vicissitudes; contudo, permaneceram à sombra desse seu pai espiritual, força inspiradora e dinâmica do Carmelo. Quando os carmelitas deixaram o Monte Carmelo, no século XIII, indo à Europa, foram construídas várias histórias míticas em torno deles. Uma dessas é a de Felip Ribot do século XIV: “Carmelitas, lembrem-se e, de algum modo, revivam a experiência do Profeta. Ele se escondeu no deserto em tempos de aridez e enfrentou o desafio dos falsos profetas de um ídolo morto, incapaz de dar a vida. Ele voltou ao Monte Horeb pelo deserto, para encontrar o Senhor de maneiras novas e inesperadas e para compreender que Deus está presente mesmo onde parece estar ausente. Os carmelitas compartilham da sede de justiça de Elias e sabem que são, como Eliseu, herdeiros do manto que caiu do céu, do carro envolto em chamas” (CHALMERS, p. 11).

Elias é o modelo de vida para todos aqueles que se sentem chamados à oração e à intimidade com Deus, com transbordamento no amor ao próximo: “Vive Deus em cuja presença estou!” (I Re 17,1) e “Eu me consumo de zelo pelo Senhor Deus dos Exércitos” (I Re 19,10). Na última citação bíblica, Zelo zelatus sum pro Domino Deo Exercitum, está o lema do Carmelo; tal lema, presente em seu atual brasão, demonstra a íntima relação dos Carmelitas com o grande Profeta Elias.

– Frei Washington Luís Barbosa da Silva, ocd

São Rafael de São José

“O mundo pode privar-me de tudo, mas sempre permanecerá um esconderijo inacessível: a oração.”

No dia 1 de setembro de 1835, em Vilna, Polônia, nasceu um menino a quem puseram o nome de José e o apelido de Kalinowski. Perdeu a mãe, com apenas dois meses de idade, vindo a conhecer ainda mais duas, pois seu pai casou três vezes. Às três chamou a mãe e amou-as com grande amor.

A sua vida e a sua fé desabrocharam à sombra do santuário carmelitano de Nossa Senhora de Ostra-Brama. Nos estudos, foi sempre aluno brilhante e de excelentes notas. Durante a sua juventude alastrou a perseguição czarista, assistindo então o jovem José a inúmeras execuções públicas e a deportações para a Sibéria. Aos 17 anos, aluno brilhante e bem considerado socialmente, José mergulha numa crise vocacional: deveria ter entrado para o seminário, mas não teve coragem. Especializou-se em Agronomia, Zoologia, Química, Apicultura, Línguas estrangeiras e entrou na Academia Militar, donde saiu graduado em tenente. Tenente e engenheiro. A vida sorria-lhe. Aos 24 anos. Voltou-se para Deus experimentando a intimidade profunda com Deus através da oração. Foi professor de matemática e Reitor do Colégio onde se tinha formado. E, com apenas 25 anos, foi promovido a Capitão do Estado Maior. Kalinowski dedicava-se, nesta altura, à adolescência e à juventude, orientando grupos de jovens que o admiravam.

Em 1863, a Polônia insurge-se contra a Rússia, e Kalinowski foi nomeado Ministro da Defesa da Lituânia, o que aceitou com a contrapartida de não haver condenações à morte. Estabeleceu o fim da insurreição, mas mesmo assim foi preso e condenado à morte, pena que acabaria por ser comutada para prisão perpétua, na Sibéria.

Tinha andado afastado de Deus nos últimos tempos, e esta amargura atraiu-o, de novo, para os braços do Pai. Ao confessar-se, mesmo sabendo-se prisioneiro condenado à deportação, sentiu uma paz profunda. Foi então que se deu a sua conversão, como mais tarde viria a reconhecer. No dia 29 de junho de 1864, depois de se ter despedido dos seus e do Santuário de Nossa Senhora, parte para o desterro com os seus companheiros de infortúnio, consagrando-se então à Virgem Maria. Não se podem descrever os sofrimentos daqueles homens. Muitos ficaram sepultados na neve… Kalinowski era para todos tão bom amigo que lhe chamavam Anjo de Deus, Consolador de todos. Nunca se queixava, por maiores que fossem os tormentos, e estava sempre pronto a esquecer-se de si para ajudar os outros. Os seus companheiros de martírio tinham-no como santo, por isso, rezavam a Deus pedindo no fim das orações, dizendo: “Pela oração de José Kalinowski, livrai-nos, Senhor”.

Comutaram-lhe a pena, pela segunda vez, para dez anos de degredo. Quando completou os nove, libertaram-no. Tinha aprendido o gosto e o hábito de rezar sempre e em todos os momentos, e de em Deus descansar o seu coração. Dizia então: “Mesmo que o mundo tudo me roube, deixar-me-á sempre um lugar de refúgio: a oração”.

Aos 39 anos de idade foi escolhido para preceptor do príncipe Augusto Czartoryski. Mas, José Kalinowski continuava tão insatisfeito como aos 17 anos.

Um dia, encontrou-se com a princesa Witoldowa, que se tinha feito carmelita. Ela convidou-o a fazer-se carmelita, a fim de ser ele o restaurador da Ordem na Polônia. Foi o acender duma luz divina que trouxe a felicidade e a paz ao coração inquieto daquele homem de 42 anos. Tomou o hábito do Carmo no dia 16 de julho de 1877, festa da Rainha do Carmo. Passou a chamar-se Frei Rafael de S. José. Nunca sentira maior felicidade, pelo que escreveu: «Bendito seja Deus que me trouxe a habitar debaixo do tecto hospitaleiro dos filhos da Senhora do Carmo». Foi ordenado sacerdote aos 47 anos. Fez tudo para difundir entre os polacos a espiritualidade da Ordem do Carmo: dizia: «Os carmelitas são os filhos primogênitos de Maria». Através dele a Ordem dos Carmelitas Descalços começou a florescer em inúmeras vocações que pediam o hábito. Mais uma vez, frei Rafael de S. José atraía os jovens, como na sua juventude. Em 1907, as suas doenças aumentam assustadoramente, como espelham as suas palavras: “Reze por mim, escreve numa carta, que pareço outro Lázaro”.

No dia 13 de novembro, recebeu os últimos sacramentos e deu a benção aos seus irmãos carmelitas que o rodeavam, enquanto rezava: “Senhor, ficarei saciado quando aparecer a vossa glória”. No dia 15, dia da Comemoração dos Defuntos da Ordem, adormeceu no Senhor dizendo: “Muito bem, agora vou descansar!” Tinha 70 anos, trinta como carmelita. Na guerra, no exílio, no convento, quando jovem, quando adulto e homem maduro, a vida de S. Rafael é claro farol que ilumina os nossos dias.

O seu túmulo tornou-se lugar de peregrinação onde o papa João Paulo II, seu compatriota que o canonizou, rezou muitas vezes.

Leitura das Exortações de S. Rafael de S. José

“Nada se recomenda tanto na Sagrada Escritura como a vida perfeita e santa. Já no Antigo Testamento, Deus nosso Senhor mandou ao seu povo: sede santos, porque eu sou santo”.

Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos foi dado pelo Pai eterno como formador, mestre e guia propôs-nos a imitação da santidade do mesmo Pai: «portanto, sede perfeito como o vosso Pai celeste é perfeito».

Pois bem, o que é preciso para chegar a ser santo e perfeito?

A isto respondem os doutores da Igreja, guias das almas e mestres do espírito: “se queres ser perfeito e santo cumpre os teus deveres com fidelidade”.

Certo dia, um padre do deserto respondeu a um jovem que lhe perguntava quais os livros que era preciso ler no caminho da santidade, o seguinte: «eu só conheço dois livros: o Evangelho que leio pela manhã e a Regra que leio à tarde. O Evangelho ensina-me a converter-me em discípulo de nosso Senhor Jesus Cristo; a Regra ensina-me a ser bom religioso. Isto me basta».

Apliquemo-nos à leitura das leis de Deus, para ajustarmos a elas a nossa vida. “Quando caminhes, guiar-te-ão; quando descanses, guardar-te-ão; ao acordares, falar-te-ão”. Essas leis acompanham-nos e orientam os nossos passos. Que elas estejam ao nosso lado durante o sono e nos ocupem o pensamento quando acordamos. A sua voz. Reconfortante ressoa convidando-nos a levantarmo-nos. Com elas triunfaremos das nossas indecisões e sacudiremos as resistências da natureza, sempre inimiga do esforço e do sacrifício e escravo do prazer. A ‘Lei da Vida’ nos ajudará a superar o medo diante dos perigos e a seguir o caminho da obediência com alegre disponibilidade. Que essa lei nos assista sempre com o seu conselho, para que possamos dar a Deus uma resposta leal com magnanimidade e decisão”.

ORAÇÃO

Ó Deus que destes a S. Rafael de S. José o espírito de fortaleza nas contrariedades da vida e lhe concedestes um extraordinário zelo apostólico e uma caridade profunda, fazendo-o promotor da unidade da Igreja, concedei-nos, por sua intercessão, sermos fortes na fé e constantes no amor fraterno, para assim colaborarmos generosamente na união de todos os fiéis em Cristo.

São Rafael Kalinosvik, rogai por nós!

São Luis e Zélia

“Sinto-me sempre muito feliz com Luis; ele me torna a vida bem suave. Meu marido é um santo homem; desejo um como ele para todas a mulheres (…)      Não me arrependo de me ter casado” Santa Zélia

Luís nasceu em 22 de agosto de 1823, em Bordeaux (França), e Zélia chegou ao mundo oito anos depois. Ambos cresceram em famílias militares e católicas.

Segundo a biografia publicada pela Santa Sé, o pai de Luís, Pierre-François Martin, era capitão do exército francês. Por isso, o futuro santo e seus quatro irmãos desfrutaram dos benefícios daqueles que eram filhos dos militares.

Depois que o pai se aposentou, a família se mudou para Alençon, em 1831. Lá, Luís estudou com os Irmãos das Escolas Cristãs. Ao completar sua formação, aprendeu o ofício de relojoeiro em várias cidades da França.

Os pais de Zélia Guérin eram exigentes, autoritários e rigorosos. Em uma de suas cartas a seu irmão Isidore, descreveu que sua mãe era “severa demais; era muito boa, mas não sabia como me dar carinho, então, eu sofri muito”. Também afirmou que sua infância e juventude foram “tristes como uma mortalha”.

Em sua biografia, a Santa Sé assinalou que Zélia era “inteligente e comunicativa por natureza” e que sua irmã Marie Louise era como uma segunda mãe.

A família de Zélia também se mudou para Alençon após a aposentadoria do pai, em 1844. Os Guérin passaram por muitas dificuldades econômicas, especialmente porque o caráter temperamental da mãe afetava o desenvolvimento de seus negócios.

A santa entrou no internato das irmãs da Adoração Perpétua, onde aprendeu a confeccionar o ponto de Alençon, uma das rendas mais famosas da época, e para se especializar entrou na “Ecole dentellière”. Com o seu trabalho, Zélia contribuiu para a economia familiar.

Tanto Luís como Zélia sentiram durante a juventude o desejo de se consagrar a Deus através da vida religiosa.

Quando tinha 22 anos, ele pediu para ser admitido no mosteiro do Grande São Bernardo, mas foi rejeitado porque não sabia latim. Zélia, por sua vez, queria fazer parte da Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, mas também não foi aceita. Deus tinha outros planos para eles.

Anos depois, Luís abriu uma relojoaria e Zélia abriu uma fábrica de rendas.

A Santa Sé indica que Luís gostava de pescar e jogar bilhar com seus amigos. Era muito reconhecido por “suas qualidades incomuns” e, até mesmo, lhe ofereceram a oportunidade de se casar com uma jovem da alta sociedade, mas ele recusou.

Luís e Zélia se encontraram pela primeira vez em abril de 1858 na ponte São Leonardo. Ela ficou impressionada com este “jovem de nobre fisionomia, semblante reservado e modos dignos”, e sentiu que uma voz interior lhe dizia que ele seria seu futuro marido.

Eles se apaixonaram e se casaram na noite entre 12 e 13 de julho do mesmo ano. O casamento civil foi realizado no município de Alençon, às 22h do dia 12, e o matrimônio religioso, à meia-noite, como era costume naquela época, na igreja de Nossa Senhora.

As cartas de Zélia refletem o amor que ela sentia por Luís: “Sua esposa que te ama mais do que a sua vida” e “Te abraço tanto quanto eu te amo”.

Ambos levaram uma intensa vida espiritual composta por Missa diária, oração pessoal e comunitária, confissão frequente e participação em atividades paroquiais.

Tiveram nove filhos, dos quais sobreviveram cinco meninas: Paulina, Maria, Leônia, Celina e Teresa. Transmitiram a todas o amor a Deus e ao próximo. Além disso, seus negócios não foram um impedimento para gastar tempo de qualidade com elas.

“Amo crianças com loucura, eu nasci para tê-las”, expressou Zélia em uma de suas cartas.

Em seu livro “História de uma alma”, Santa Teresa do Menino Jesus escreveu o seguinte sobre os momentos que compartilhavam juntos: “Quão alegres eram aquelas festas familiares!”.

No entanto, quando tinha 45 anos, Zélia descobriu que tinha um tumor no seio. “Se Deus quiser me curar, ficarei muito contente porque, no fundo do meu coração, desejo viver; o que me custa é deixar meu marido e minhas filhas. Mas, por outro lado, digo a mim mesma: se eu não me curar, é porque, talvez, seja mais útil que eu parta”, escreveu em uma carta.

A santa viveu esta doença com firme esperança cristã até a morte ocorrida em 28 de agosto de 1877, rodeada pelo seu marido e seu irmão Isidore.

Luís se mudou para Lisieux, onde Isidore morava, e a tia Celina o ajudou a cuidar de suas 5 filhas. Anos depois, todas se tornaram religiosas, quatro no Carmelo e uma na Visitação.

Seu maior sacrifício foi se separar de Teresa, a quem chamava de “sua pequena rainha”, e que entrou na vida religiosa aos 15 anos.

Luís contraiu uma doença que o debilitou até a perda de suas faculdades mentais. Foi internado no sanatório do Bom Salvador, em Caen.

Durante os períodos de alívio, ofereceu-se como vítima de holocausto a Deus, até sua morte, em 29 de julho de 1894.

Sua filha Teresa foi proclamada santa em 17 de maio de 1925, pelo Papa Pio XI. Luís e Zélia foram canonizados em 18 de outubro de 2015, pelo Papa Francisco, durante o Sínodo da Família.

Santa Zélia e São Luiz Martin, rogai por nós!

Santa Myriam de Jesus Crucificado

“Onde está a caridade, ali está Deus. Se pensais em fazer o bem ao vosso irmão, Deus pensará em vós. Se cavais um poço para o vosso irmão, caíreis nele; o poço será para vós. Mas, se fazeis um céu para o vosso irmão, esse céu será para vós…”

Mariam Baouardy nasceu em Abellin, (Cheffa – Amar, Galileia), entre Nazareth e Haifa, dia 5 de janeiro de 1846, em uma família pobre, muito piedosa, de rito Greco-católico. Com o irmão Paulo permanece órfã com três anos de idade e é criada pelo tio paterno. Este transferiu-se para Alexandria (Egito) alguns anos depois; aqui Myriam fez sua primeira comunhão, mas não recebeu nenhuma instrução escolar. Aos 13 anos de idade, pelo desejo de pertencer somente a Deus, recusou o matrimônio que lhe fora arranjado pelo tio. Por causa disso sofreu maus tratos. Confiando seus sofrimentos a um servo do tio, que era muçulmano, este queria que ela abandonasse o cristianismo e se fizesse muçulmana. Como ela recusou, num ímpeto de cólera, a golpeou com a espada no pescoço; depois, pensando que estivesse morta, abandonou o corpo num local fora da cidade. Quando desperta em uma gruta, está sendo cuidada por uma “senhora vestida de azul” por 4 semanas, até que estivesse curada e depois a conduziu a uma igreja. Mais tarde Myriam reconhecerá nela a Virgem Maria, de quem era devotíssima.

Myriam trabalhou depois como doméstica em Alexandria, Jerusalém, Beirute e Marselha. O que ganhava com seu trabalho doava a maior parte aos pobres.

Em Marselha, entrou nas Irmãs de S. José da Aparição, mas teve que sair por motivos de saúde. Em junho de 1867 entrou no Carmelo de Pau, na França. Como noviça foi enviada com outras irmãs para fundar o Carmelo de Bangalore, Índia, onde dia 21 de novembro de 1871 emitiu os primeiros votos. No ano seguinte foi mandada novamente a Pau, por causa de suas graças extraordinárias, então tidas sob suspeita.

De Pau, partiu novamente com outras monjas para a fundação do primeiro mosteiro, o de Belém, na Palestina, em agosto de 1875, graças a ajuda de Berthe d’Artignoux. O projeto do Carmelo foi inspiração de Myriam, que também acompanhava os trabalhos de construção. Falece aqui dia 26 de agosto de 1878, por causa de uma gangrena contraída em consequência de uma queda. Neste tempo já havia posto também as bases para a fundação do Carmelo de Nazaré, o qual foi inaugurado somente em 1910.

Sua breve vida foi povoada de muitos fenômenos místicos, tais como êxtases, levitação, estigmas, profecias, bi locação, possessões, etc.

Mas tudo isso não a tirava de sua humildade e gastava-se nos trabalhos humildes do convento e no serviço aos trabalhadores da construção do Carmelo de Belém, que já a reconheciam como santa. Definia-se a si mesma como o “pequeno nada” diante do Absoluto de Deus.

Instruída pelo Espírito Santo, compreende as palavras: “Se quiser buscar-me, conhecer-me, seguir-me, invoca a luz, o Espírito Santo que iluminou os meus discípulos e ilumina todos os povos que o invocam. Eu te digo em verdade: quem invocará o Espírito Santo, buscar-me-á e encontrar-me-á; a sua consciência será delicada como a flor-do-campo”.

Na homilia de sua canonização dia 17 de maio de 2015, Papa Francisco resumiu muito bem a mensagem de Myriam: “Deste amor eterno entre o Pai e o Filho, que se infunde em nós por intermédio do Espírito Santo (cf. Rm 5, 5), adquirem vigor a nossa missão é a nossa comunhão fraternal; é dele que brota sempre de novo a alegria de seguir o Senhor pelo caminho da sua pobreza, da sua castidade e da sua obediência; é aquele mesmo amor que nos chama a cultivar a oração contemplativa. Foi quando experimentou de maneira iminente a irmã Maria Baouardy que, humilde e iletrada, soube dar conselhos e explicações teológicas com extrema clarividência, fruto do diálogo incessante que mantinha com o Espírito Santo. A docilidade ao Espírito Santo fez dela também um instrumento de encontro e de comunhão com o mundo muçulmano”.

Santa Myriam, rogai por nós!

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