“Ao realizar a santa Madre Teresa o seu projeto, a divina Providência deu-lhe por companheiro São João da Cruz, comunicando-lhe o mesmo espírito. O Santo por sua vez reconheceu nela a mãe do Carmelo”. Ambos “lançaram, de certo modo, os alicerces da Ordem”.
(Constituições, 9).

São João da Cruz é considerado, ao lado de Santa Teresa de Jesus, o Pai do Carmelo Descalço.
Nasceu em 1542, em Fontíveros (Espanha). Órfão de pai quando ainda criança viveu com a mãe e o irmão, uma vida de extrema pobreza, mas de muito amor entre eles. Talvez tenha sido a moldura apropriada para a grande figura de místico e asceta que Deus queria oferecer ao mundo.
Aos 21 anos ingressou na Ordem Carmelita. Terminado os estudos, foi ordenado sacerdote, em Salamanca, em julho de 1567. Nesse mesmo ano, verificou-se o histórico encontro com Teresa de Jesus, no Carmelo de Medina del Campo. Teresa estava começando a expandir sua obra reformadora e já tinha licença do Geral da Ordem para fundar dois conventos de Frades. Ela, que procurava alguém para começar a reforma entre os Frades, percebeu o valor daquele jovem e conseguiu conquistá-lo para dar início ao Carmelo Descalço masculino, apesar dele já estar resolvido a ir para a Cartuxa, uma vez que sentia o desejo de uma vida de maior solidão e intimidade com Deus.
No Carmelo Descalço assume o nome de Frei João da Cruz. Foi o único frade formado diretamente por Santa Teresa e o que mais esteve imbuído do verdadeiro espirito teresiano. Em 28 de novembro de 1568, já inaugurava ele, com mais dois companheiros, em Duruelo, o primeiro convento de frades Carmelitas Descalços.
“Sua personalidade vigorosa é fruto de uma profunda e harmoniosa unidade de qualidades humanas e espirituais. A aquisição realista da santidade confere suprema unidade e coerência à sua vida e à sua doutrina”.
Escreveu bastante. Mas, para ele, escrever também é tarefa de santificação própria e alheia. Só pretendeu o proveito espiritual do restrito número de pessoas a quem ele dirigia. Escreveu quase sempre a pedido de outrem.
Suas principais obras são: Subida do Monte Carmelo; Noite Escura; Cântico Espiritual; Viva Chama de Amor. Suas cartas foram poucas e algumas se perderam e algumas poesias…
Santa Teresa diz: “Não encontrei outro que como ele tanto afervore no caminho do céu. É muito espiritual e de grande experiência e letras. É um grande tesouro este santo”.

“Se a alma procura Deus, muito mais a procura o seu Amado”.
(São João da Cruz)