Formação Carmelita

“A vocação do Carmelo na Igreja e a peculiar forma de vida instaurada e testemunhada por Santa Teresa de Jesus exigem daquelas que, acolhendo o chamado divino desejam abraçá-lo, determinem-se firmemente a seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição possível, em prol das necessidades da Igreja, dentro de uma pequena comunidade bem arraigada na solidão, na oração e na abnegação.” (Const. 131)

“A quem principia, importa muito uma determinada determinação de não parar até chegar à fonte.” (Sta Teresa)

“Toda a formação, tende a configurar a cristo, modelo de consagração ao Pai, áquelas que são chamadas a viver “em Seu obséquio”, em união com Maria e seguindo o seu exemplo, para pertencerem exclusivamente a Deus, vivendo em plenitude o Evangelho.” (Const. 136)

Monjas Carmelitas: nosso ideal​​

Como Carmelitas, participamos do dom carismático da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo e somos chamadas a “Viver em obséquio de Jesus Cristo”, em atitude contemplativa que plasma e sustenta nossa vida de oração, fraternidade e serviço.

Fecundamos o mundo com a presença de Deus, fazendo de nossa vida um louvor permanente.

Testemunhamos o absoluto de Deus e a alegria de servi-lo e viver em sua presença todos os dias.

Em nossa busca do rosto de Deus, encontramos na familiaridade com a Virgem Maria e no itinerário místico-profético de Elias a força de inspiração para a fidelidade ao nosso ideal monástico.

Uma multidão de Santos e Santas, que foram fiéis ao nosso Carisma e ideal, orientam-nos em nosso itinerário contemplativo até o cimo do Carmelo, o Cristo Jesus, nosso Senhor. Buscamos o rosto de Deus em comunidade, acreditando na presença de Jesus em nosso meio.

O Mosteiro

“Um mosteiro contemplativo constitui um dom para a Igreja particular a que pertence…representa a própria intimidade de uma Igreja, o coração onde o Espírito geme e intercede continuamente pelas necessidades da comunidade inteira…” (Vsp n°8)

A vida comtemplativa na Igreja

Os Institutos orientados totalmente à contemplação constituem um motivo de glória e uma fonte de graças celestes para a Igreja. Na solidão e no silêncio, mediante a escuta da Palavra de Deus, a realização do culto divino, a ascese pessoal, a oração, a mortificação e a comunhão do amor fraterno contribuem, com uma misteriosa fecundidade apostólica, para o crescimento do Povo de Deus. (VC. 8)

Ser Carmelita é um jeito fascinante de viver.

A vocação das Carmelitas Descalças é um dom do Espírito, que as convida a uma misteriosa união com Deus, Vivendo em amizade com Cristo e em intimidade com a Bem-aventurada Virgem Maria; a oração e a imolação fundem-se vivamente com um grande amor à Igreja. (Const. 10).

A vida de uma carmelita descalça

A vida diária de uma carmelita é muito simples e muito intensa como a vida de uma família. Toda a estrutura da vida gira em torno de um duplo eixo: oração e vida fraterna. Seguimos um horário que divide o nosso dia entre oração (litúrgica e pessoal), trabalho, momentos de encontros fraternos, momentos de solidão e descanso. Fazemos os trabalhos da casa e, trabalhamos para a manutenção do Mosteiro.

​Um dia do Carmelo

  • 4.40h – Despertar
  • 5.00h – Oficio da Manhã – Laudes Matutina
  • 5.30h – Oração Pessoal
  • 6.50h – Oração de Tércia (Primeira Hora Média)
  • 7.15h – Santa Missa em seguida o Café
  • 8.20h – Leitura Espiritual
  • 9.00h – Trabalho
  • 10.55h – Oração de Sexta (Segunda Hora Média)
  • 11.15h – Almoço
  • 12.00h – Recreio
  • 12.55h – Silencio (Descanso)
  • 14.00h – Oração de Noa (Terceira Hora Média)
  • 14.15h – Trabalho – Formação
  • 16.55h – Oficio da Tarde – Vésperas
  • 17.30h – Oração pessoal
  • 18.30h – Jantar  em seguida Recreio
  • 20.00h – Oficio de Leituras
  • Em seguida Completas (Oração da Noite)
  • Tempo Livre
  • 10.15h – Repouso

O “rosto ” de Maria no Carmelo

Maria é invocada como “Rainha e esplendor do Carmelo”. Também no Carmelo, Maria é inseparável de seu Filho Jesus; Maria é a “perfeita adoradora do dom de Deus”. Os primeiros monges que se estabeleceram na montanha do Carmelo, construíram uma pequena e bela igreja dedicada ao culto de Nossa Senhora, vendo na Virgem o perfeito modelo de vida contemplativa, de intimidade com Deus. Eles vieram para a solidão do monte para “ver” Deus…com Maria, aquela que eles acabaram por invocar como a “irmã”, de tal modo viviam familiarmente unidos a ela. Vestir o hábito da Virgem do Carmelo, é escolher colocar-se no coração de Maria, para viver no coração de Deus. A beata carmelita Elizabeth da Trindade diz assim, em uma carta a uma amiga candidata ao Carmelo: “…Ame a oração e o silêncio, que são a essência da nossa Regra; peça à Rainha do Carmelo, nossa Mãe, que lhe ensine a adorar Jesus, no profundo recolhimento…porque amar, é imitar Maria”. “Porque nossa Mãe, Maria deseja ser nossa Mestra, levando-nos pela mão. Ela está sempre perto de nós, para reviver conosco os Mistérios de seu Filho, este Jesus que Ela deseja ver nascer de novo, em nossos corações e brilhar sempre em nossas vidas. A Ordem do Carmelo permanece fiel à sua missão na Igreja, de se enraizar na graça das origens, para o “serviço perpetuo do Senhor Jesus Cristo e de Sua Mãe, a Santa Virgem Maria”. O Carmelo nos mostra Maria como um modelo imitável, de recolhimento e de silêncio, permitindo-nos unificar o coração pela Palavra de Deus, tornando-nos por sua ação da Divina Graça, pouco a pouco mais transparentes e vulneráveis a este Deus, que nos “persegue” com o Seu Amor Eterno, pedindo-nos tão somente uma resposta fiel e amorosa de nossa vida, ofertada e aberta ao sopro do Espírito Santo.

Maria e o Carmelo

Por quê o Carmelo é chamado a Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo?

Porque os primeiros Carmelitas que se estabeleceram no Monte Carmelo, voltaram-se espontaneamente para Maria, vendo nela a Mãe dedicada, a Irmã que compartilha a mesma vida, a Mestra de oração e de escuta da Palavra de Deus, “modelo e ideal de consagração, enfim, o protótipo do verdadeiro Carmelita.

O Carmelo é a Ordem de Maria.

E foi no Monte Carmelo que se construiu a primeira Capela à Ela dedicada. Maria é a Rainha e Formosura do Carmelo.

Vida Mariana

“As Carmelitas Descalças, chamadas a fazer parte da Ordem da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, pertencem a uma família consagrada especialmente a seu amor e culto, e tendem à perfeição evangélica em comunhão com a Santa Mãe de Deus. A presença de Maria entre suas filhas e irmãs impregna totalmente a vocação carmelitana, e confere uma marca mariana particular à comunhão fraterna, à abnegação evangélica e ao espírito apostólico. Cada irmã acolhe Maria como Mãe e Mestra espiritual, para ser configurada a Cristo e chegar, assim, aos vértices da santidade. Por meio da Profissão, as Irmãs unem-se à Virgem Maria de um modo particular; e, trazendo o Escapulário, manifestam a pertença à sua Ordem e compromisso de revestirem-se de suas virtudes.” (Const. 53 e 55).
Louvai a Deus, Irmãs minhas, cujo hábito indignamente trazemos…


Imitai-a e considerai qual deve ser a grandeza desta Senhora e o bem de a ter por Patrona.”
(Santa Teresa de Jesus)

“De Maria, o que direi?
É minha Mãe! (Santa Teresinha)

“Honrar Maria é para nós, Carmelitas, um ponto essencial.
Nós a amamos quando nos esforçamos por imitar suas virtudes.”
(São Rafael Kalinowski)

“Caminho de Luz” de Santa Teresa de Jesus

No próximo dia 15 de outubro, iniciam-se as comemorações pelos 500 anos de nascimento de Santa Teresa de Jesus, quando a peregrinação da relíquia, que é o cajado usado pela reformadora da Ordem Carmelita, batizada como ‘Caminho de Luz’, percorrerá os cinco continentes. A Santa foi canonizada por Gregório XV, em 1622.

A relíquia visitará carmelos, igrejas escolas e locais de peregrinações teresianas. As festividades em honra à doutora da Igreja se estenderão até o dia 28 de março de 2015 (aniversário de nascimento).

Comemorar o aniversário de nossa Mãe fundadora é um tempo de graça e de renovação interior. A figura de Santa Madre Teresa representa nossa vida, nosso carisma e nossa missão, um dom do Espírito Santo.

O ‘Caminho de Luz’ quer homenagear Santa Teresa reunindo devotos de diferentes culturas.

“Nós suas filhas, vivemos hoje o seu ideal no silêncio, na solidão e na contemplação e vivência de uma experiência a cada dia mais profunda com Deus. Viver o amor de uma para com a outra, onde somos capazes de renunciar a tudo pelo bem do outro, vencendo a tentação da avareza e da preocupação exagerada por si mesmo. Tudo em beneficio da Igreja e da humanidade” (Madre Fabiana Mª de Jesus).

Ela é mais Mãe do que Rainha

No mês de julho celebramos a festa de Nossa Senhora do Carmo e hoje celebramos nossa Senhora Rainha e, nos é oportuno aprender com a doutora Santa Teresinha como relacionar-se com a Virgem Maria.

Monsenhor Pedro Teixeira Cavalcante no seu Dicionário de Santa Teresinha no verbete Maria assim se expressa: “No Carmelo, a piedade filial de Santa Teresinha para com Maria segue os moldes do seu Pequeno Caminho. Não é apenas uma devoção mariana, mas um relacionamento simples, confiante, abandonado, amoroso de Teresinha nos braços de Nossa Senhora.”

Santa Teresinha, pequena criança (assim ela se via e definia), de que forma se sentia e via diante da Virgem Maria? Como filha pequenina no colo da Mãe. Maria, a Mãe de Jesus seu Senhor, Deus e Esposo é também sua Mãe. “Minha Mãe”, dizia Teresinha.

Sabemos que tudo isto aplica-se a nós também seus filhos, mas como sentimos e vivemos o nosso relacionamento com a Virgem Maria, nossa Mãe? Fica esta pergunta para nossa reflexão.

Mas agora voltemos à pista que nos dá Santa Teresinha. Há uma poesia da Santa intitulada “Porque te amo, Maria”. Esta foi escrita em maio de 1897, quatro meses antes de sua morte, portanto é uma síntese de quanto a filha Teresinha quer cantar a respeito de sua Mãe Maria, dirigindo-se a Ela própria.

Logo nos primeiros versos Teresinha já se apresenta: ‘eu sou tua filha”. E em seguida escreve: “tu, querida Mãe”. Nesta poesia a Santa recolhe tudo quanto se fala da Virgem Maria nos Evangelhos. A nós nesta reflexão interessa colocar a atenção na sua relação que é dominantemente filial. Colhamos algumas linhas que manifestam com clareza os moldes de união de Teresinha com Maria.

“Ó Mãe, muito querida, embora pequena,
trago em mim, como Tu, o Todo-poderoso
e nunca tremo ao ver em mim tanta fraqueza:
o tesouro da Mãe é possessão do filho.”

“E eu sou a tua filha, ó Mãe estremecida;
tua virtude e amor não são, de fato, meus?”

A realidade de sua pequenez é reafirmada assim em outro verso: “Quero ficar pequena ao teu lado, Maria (…).”

A convicção profunda de que Maria é ‘minha Mãe” também é ressaltada: “Minha querida Mãe que vejo toda amável (…)”; e “(…) ó minha Mãe querida, eu não invejo os anjos; porquanto o Onipotente é meu amado Irmão!…”

E mais à frente revela algo do convívio com sua Mãe:

“Enquanto espero o céu, ó minha Mãe querida,
contigo hei de viver, seguir-te cada dia.
Contemplando-te, Mãe, eu me sinto extasiada
ao descobrir em ti abismos só de amor.
Teu olhar maternal expulsa os meus temores, (…)”

Em seguida Santa Teresinha extravasa a sua experiência em relação à ternura da Mãe:

“Virgem Imaculada, a mais terna das mães”

“Como, pois, não te amar, ó Mãe terna e querida
ao ver tamanho amor e tão grande humildade?
Tu nos amas, ó Mãe, como Jesus nos ama (…)”

“Conhecia Jesus tua imensa ternura
e os segredos do teu coração maternal.”

E o verso final dispensa comentários condensando a relação filial da Santa para com a Virgem Maria:

“(…) o que desejo agora
é cantar, no teu colo, ó Mãe, porque é que te amo
e mil vezes dizer-te que sou tua filha!…”

Para concluir a reflexão é oportuno dar a conhecer que a devoção filial de Santa Teresinha não a isentou das dificuldades na oração do rosário. Ao dirigir-se à Madre Maria de Gonzaga no chamado Manuscrito C ela confidencia:

“Todavia, não quero, Madre querida, que penseis que eu faço sem devoção as orações. em comum, no coro ou nos eremitérios. Pelo contrário, gosto muito das orações em comum, pois Jesus prometeu ficar no meio dos que se reúnem em nome Dele. Sinto, então, que o fervor das minhas irmãs supre o meu; sozinha (tenho vergonha de confessá-lo), a recitação do terço custa-me mais do que usar um instrumento de penitência… Sinto que o recito muito mal; mesmo fazendo esforço para meditar sobre os mistérios do rosário, não consigo fixar minha mente… Durante muito tempo, lastimei essa falta de devoção que me intrigava, pois amo tanto Nossa Senhora que deveria ser-me fácil recitar em honra dela orações que lhe agradam. Agora, lastimo menos, penso que, por ser a minha Mãe, a Rainha dos Céus deve perceber a minha boa vontade e se agrada com ela.

Vez por outra, quando minha mente está em tão grande aridez que me é impossível extrair um pensamento para me unir a Deus, recito, muito lentamente um “Pai nosso” e a saudação angélica; então, essas orações me encantam, alimentam minha alma muito mais do que se as tivesse recitado precipitadamente uma centena de vezes…

Nossa Senhora me mostra não estar zangada comigo, nunca deixa de me proteger quando a invoco. Se me vem uma inquietação, um problema, logo me dirijo a ela e sempre, como a mais terna das Mães, ela toma conta dos meus interesses… Quantas vezes, ao falar às noviças, invoco-a e sinto os favores da sua maternal proteção!…”

Desta confissão tão íntima de sua oração gravemos quanto Santa Teresinha afirma: sentir a “proteção maternal” da “mais terna das mães” quando a Ela se dirige em meio aos problemas e inquietações.

MÃE TERNA, ROGAI POR NÓS.

Santa Teresa de Jesus

Seguir Teresa de Jesus é iniciar como "servos do amor" à caminhada da oração.

Teresa Sánchez de Cepeda y Ahumada nasceu em Ávila (Castella) aos 28 de março de 1515. O seu grande “desejo de ver Deus” leva Teresa a realizar uma fuga com seu irmão para a Terra dos Mouros, procurando o martírio; tinha 7 anos. A infância feliz, passada com os irmãos e primos, a deixa fascinada por romances de cavalaria.

Aos 20 anos foge da casa paterna para o mosteiro das carmelitas. Aos 47 anos, em 1562, abandona a sua comunidade para dar a vida ao primeiro Carmelo de Descalços. No dia 24 de agosto deste mesmo ano, os sinos do Carmelo de São José em Avila repicam festivos anunciando um novo mosteiro e mais um Sacrário. Ao longo de 20 anos fundou 19 mosteiros de monjas e 13 de frades Carmelitas Descalços.

Carmelo de São José - Ávila

“A origem da família teresiana no Carmelo e o sentido de sua vocação na Igreja estão intimamente vinculados ao processo da vida espiritual e ao carisma de Santa Teresa de Jesus; sobretudo às graças místicas que a moveram a renovar o Carmelo, orientando-o completamente à oração e à contemplação das coisas divinas, vivendo os conselhos evangélicos segundo a Regra “primitiva”, em uma pequena comunidade fraterna, fundada na solidão, na oração e estrita pobreza” (Const. 4). É o que confere identidade própria ao Carmelo Descalço. É a única Ordem que teve como fundadora uma mulher. A forma feminina foi a que precedeu a masculina, o que não é frequente. Nas Constituições definimo-nos como “uma Ordem antiga, que une a fidelidade à tradição espiritual do Carmelo com uma procura de renovação permanente”. Tradição e procura de renovação são duas atitudes trazidas ao Carmelo Descalço pela sua mãe e fundadora Santa Teresa.

Há um tronco comum com o anterior, com uma procura da Regra Primitiva, um desejo de ir às fontes, no entanto, o original em Santa Teresa é “a vontade de autodeterminação” para algo, que, vivido interiormente por ela, vai ser transmitido à família por ela iniciada.

Morreu em Alba de Tormes, Espanha, aos 04 de outubro de 1582.

Escreveu bastante, felizmente. Seus livros são doutrina sólida de vida interior, caminho seguro para quem quer buscar a Deus. Seguindo os ensinamentos de Teresa chega-se à experiência do Senhor.

CARTAS: temos 468 cartas mas afirmam ter escrito umas 15000!
LIVRO DA VIDA: canta as misericórdias do Senhor em sua vida.
CAMINHO DE PERFEIÇÃO: Orientações sobre oração.
CASTELO INTERIOR OU MORADAS: sua experiência mística.
FUNDAÇÕES: as aventuras de uma mulher corajosa.
PENSAMENTOS SOBRE O AMOR DE DEUS: apontamentos de vida espiritual.
E OUTROS ESCRITOS MENORES.

Nada te perturbe.
Nada te espante.
Tudo passa!
Só Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem a Deus tem
nada lhe falta!
Só Deus Basta!

São João da Cruz diz: “…Teresa de Jesus, nossa Madre, deixou admiráveis escritos sobre estas coisas do Espírito, e, espero em Deus, muito em breve sairão impressos”.

São João da Cruz

“Ao realizar a santa Madre Teresa o seu projeto, a divina Providência deu-lhe por companheiro São João da Cruz, comunicando-lhe o mesmo espírito. O Santo por sua vez reconheceu nela a mãe do Carmelo”. Ambos “lançaram, de certo modo, os alicerces da Ordem”.
(Constituições, 9).

São João da Cruz é considerado, ao lado de Santa Teresa de Jesus, o Pai do Carmelo Descalço.

Nasceu em 1542, em Fontíveros (Espanha). Órfão de pai quando ainda criança viveu com a mãe e o irmão, uma vida de extrema pobreza, mas de muito amor entre eles. Talvez tenha sido a moldura apropriada para a grande figura de místico e asceta que Deus queria oferecer ao mundo.

Aos 21 anos ingressou na Ordem Carmelita. Terminado os estudos, foi ordenado sacerdote, em Salamanca, em julho de 1567. Nesse mesmo ano, verificou-se o histórico encontro com Teresa de Jesus, no Carmelo de Medina del Campo. Teresa estava começando a expandir sua obra reformadora e já tinha licença do Geral da Ordem para fundar dois conventos de Frades. Ela, que procurava alguém para começar a reforma entre os Frades, percebeu o valor daquele jovem e conseguiu conquistá-lo para dar início ao Carmelo Descalço masculino, apesar dele já estar resolvido a ir para a Cartuxa, uma vez que sentia o desejo de uma vida de maior solidão e intimidade com Deus.

No Carmelo Descalço assume o nome de Frei João da Cruz. Foi o único frade formado diretamente por Santa Teresa e o que mais esteve imbuído do verdadeiro espirito teresiano. Em 28 de novembro de 1568, já inaugurava ele, com mais dois companheiros, em Duruelo, o primeiro convento de frades Carmelitas Descalços.

“Sua personalidade vigorosa é fruto de uma profunda e harmoniosa unidade de qualidades humanas e espirituais. A aquisição realista da santidade confere suprema unidade e coerência à sua vida e à sua doutrina”.

Escreveu bastante. Mas, para ele, escrever também é tarefa de santificação própria e alheia. Só pretendeu o proveito espiritual do restrito número de pessoas a quem ele dirigia. Escreveu quase sempre a pedido de outrem.

Suas principais obras são: Subida do Monte Carmelo; Noite Escura; Cântico Espiritual; Viva Chama de Amor. Suas cartas foram poucas e algumas se perderam e algumas poesias…

Santa Teresa diz: “Não encontrei outro que como ele tanto afervore no caminho do céu. É muito espiritual e de grande experiência e letras. É um grande tesouro este santo”.

Cristo pintado por São João da Cruz

“Se a alma procura Deus, muito mais a procura o seu Amado”.
(São João da Cruz)

Santa Teresinha do Menino Jesus

“Ó Jesus, meu Amor! Encontrei, enfim, minha vocação… Minha vocação é o Amor!” (Santa Teresinha)

Maria Francisca Teresa Martin Guérin nasceu em Alençon (França) em 2 de janeiro de 1873. Seus pais foram os Santos Luis Martin e Zélia Guerin. Foi a última dos nove filhos deste santo casal, dos quais sobreviveram cinco filhas: Maria, Paulina, Leônia, Celina e Teresa, sendo que, com exceção de Leônia que se tornou visitandina, todas as outras foram carmelitas no Carmelo de Lisieux.

Aos três anos, a pequena Teresa já está decidida a não recusar nada ao Bom Deus. Cercada pelo carinho dos pais e das irmãs, recebe uma formação exigente e cheia de piedade.

Na festa de Pentecoste de 1883, ela é milagrosamente curada de uma enfermidade através de um sorriso que lhe oferece a Virgem Maria. Educada pelas monjas Beneditinas até outubro de 1885, completa seus estudos em casa sob orientação de Madame Papineau.

Fez sua primeira comunhão em 08 de maio de 1884, depois de uma intensa preparação. Esse grande dia marca a “fusão” de Teresinha com Jesus.

No Natal de 1886 vive uma profunda experiência espiritual, uma virada decisiva em sua vida, que ela chama a “graça da conversão”: aos 13 anos, a menina tímida e hipersensível, conforme seu próprio testemunho, abandona os cueros da infância. Supera a fragilidade emotiva consequente da perda da mãe e inicia uma corrida de gigante no caminho da perfeição.

No dia 09 de junho de 1895, após muitas dificuldades, consegue realizar o seu sonho e é aceita na clausura do Carmelo. Recebe o hábito da Ordem da Virgem no dia 10 de janeiro do ano seguinte. Emite seus votos religiosos no dia 08 de setembro de 1890, festa da Natividade da Virgem Maria. Inicia no Carmelo o caminho da perfeição traçado pela Madre Fundadora Santa Teresa de Jesus, cumprindo com fervor e fidelidade os ofícios que lhe são confiados. Em 1895, por obediência, começa a escrever suas memórias que serão publicadas após sua morte, com o título de História de uma alma.

No Carmelo, Teresa mergulhou nas Sagradas Escrituras, principalmente nos Evangelhos, onde viu os vestígios de Jesus. Também as leituras do Antigo Testamento, quando o profeta Isaías fala do amor materno de Deus ou do “Servo de Javé”, comoveram-no profundamente. São João da Cruz foi o seu mestre espiritual, com cuja leitura se aprofundou no caminho do amor.

Na Páscoa de 1896, Teresa teve hemoptise, sintoma de tuberculose. Três dias depois, começa a prova de fé, que durou até sua morte. Prova de que não pode acreditar na vida eterna e que descreve de forma chocante. Ele suporta isso com maiores atos de fé e amor. Ele morreu em 30 de setembro de 1897.

Os seus escritos são as Cartas, alguns Poemas, pequenas peças para celebrações comunitárias, algumas orações, as notas que as suas irmãs fizeram durante a sua doença e a História de uma Alma. Este último escrito, relato da sua história, revolucionou a espiritualidade da Igreja a ponto de ser declarada doutora universal da Igreja. Ela também é a padroeira universal das missões.

Sua festa é comemorada no dia 1º de outubro.

Santa Teresinha em seu leito mortuário

Morrer de amor: eis minha esperança! Pois morrer de amor: o Céu é o meu lugar! És Tu, meu Deus, a minha felicidade, em Teu amor vem logo me abraçar, e assim feliz, por toda eternidade serás meu Céu, e eu viverei de amor! (Santa Teresinha)

Santa Teresa de Jesus e o Carmelo Descalço

Teresa de Jesus nasceu em Ávila (Espanha), à 28 de março de 1515. Aos 20 anos de idade entra para o Carmelo de sua cidade nata, chamado Mosteiro da Encarnação, onde viveu 26 anos. Em 1562, respondendo à um apelo divino e como consequência de um processo intenso de vida espiritual, Teresa funda o primeiro Carmelo Reformado ou Descalço.

​​Santa Teresa não quis fundar uma nova Ordem,mas assegurar a continuidade do Carmelo, “orientando-o completamente à oração e à contemplação das coisas divinas, vivendo os conselhos evangélicos segundo a Regra Primitiva (que havia sido mitigada em 1432, como consequência da peste que assolara a Europa),
em uma pequena comunidade fraterna, fundada na solidão, oração e estrita pobreza”. (cf. Constituições 4)

Neste novo estilo de vida a que dava inicio, Santa Teresa quis integrar e harmonizar a vida eremítica que viviam os primeiros carmelitas no Monte Carmelo, coma vidade comunhão fraterna; tudo isso vivido numa pequena Comunidade onde “todas fossem amigas e se amassem”.

Santa Teresa direcionou toda sua obra para o sentido profundamente eclesial e apostólico: queria que suas filhas fossem “amigas” do Senhor por uma vida de oração e de união com Ele, para alcançar favores e graças para o mundo inteiro, mas, principalmente para os sacerdotes para, através deles, salvar muitas almas.

​De inicio, não tencionava estender sua obra fundacional, mas, diante da Reforma Protestante que avançava pela Europa, Teresa, “ardendo de zelo pela glória do Senhor”, começa a ampliar a família das Carmelitas Descalças, fundando novos Mosteiros de Monjas e em 1568, dando início aos Frades Carmelitas Descalços.

“Ao realizar Santa Teresa o seu projeto, a divina Providência deu-lhe por companheiro São João da Cruz, comunicando-lhe o mesmo espirito. O Santo por sua vez, reconheceu nela a Mãe do Carmelo renovado, atribuindo-lhe o carisma que Deus outorga aos fundadores. Ambos lançaram, de certo modo, os alicerces da Ordem. Seus escritos contêm e transmitem sua doutrina e sua esperiência; sobretudo as relacionadas com a mais íntima comunhão com Deus e com os caminhos que a ela conduzem. Além de dons pessoais, foram graças concedidas à Ordem, fazem parte do carisma que toda Carmelita Descalça deve viver.” (Cons. 9)

​Hoje, o Carmelo Descalço está presente no mundo todo e só no Brasil temos mais de 50 Mosteiros.

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